Namíbia elege Nandi-Ndaitwah primeira mulher presidente
4 de dezembro de 2024
Comissão eleitoral da Namíbia afirma que Netumbo Nandi-Ndaitwah, do partido governista Swapo, obteve 57% dos votos, eliminando a necessidade de um segundo turno. O maior partido de oposição diz que contestará resultados.
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Netumbo Nandi-Ndaitwah, do partido governista Swapo (Organização do Povo do Sudoeste Africano), venceu as eleições presidenciais da Namíbia já no primeiro turno, com 57% dos votos, de acordo com os resultados publicados pela comissão eleitoral nesta terça-feira (03/12).
"A nação namibiana votou pela paz e estabilidade", disse Nandi-Ndaitwah após ser declarada presidente eleita – a primeira mulher a ocupar o cargo.
A comissão colocou o segundo colocado, Panduleni Itula, do partido Patriotas Independentes pela Mudança (IPC), com 26%. O candidato derrotado e o IPC disseram que contestarão os resultados "profundamente falhos".
O comparecimento dos quase 1,5 milhão de eleitores registrados foi de 77%.
Swapo no comando da Namíbia desde a independência
Atual vice-presidente, Nandi-Ndaitwah, de 72 anos, era considerada a favorita antes da votação, pois representa o partido que domina a política da Namíbia desde a independência da ex-colônia alemã da África do Sul, em 1990.
Depois de anos em vários cargos de liderança, incluindo o de ministra das Relações Exteriores, ela é popular no país e no exterior.
No entanto, os níveis de apoio da Swapo caíram nos últimos anos – principalmente em meio às frustrações econômicas e com a corrupção do governo –, levando a uma campanha mais competitiva do que o normal.
Na eleição presidencial de 2014, a Swapo teve quase 87% dos votos na eleição presidencial, enquanto em 2019, esse índice foi de 56%.
A Namíbia vem lutando contra altas taxas de desemprego entre os jovens, uma questão que a presidente eleita prometeu resolver com investimentos em energia verde, agricultura e infraestrutura.
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Oposição ameaça contestar resultados
Os namibianos também votaram em um novo parlamento durante as eleições de 27 de novembro.
A Swapo conquistou 51 das 96 cadeiras eleitas e voltará ao governo, enquanto o IPC conquistou 20 cadeiras e se tornará a oposição oficial.
A votação foi prejudicada por problemas técnicos e falta de cédulas, o que levou a resultados atrasados, já que a votação precisou ser estendida em alguns lugares.
O IPC alegou que esses contratempos foram uma tentativa deliberada de frustrar os eleitores e já havia dito que não aceitaria os resultados, independentemente do que eles mostrassem.
O candidato do IPC, o ex-dentista e advogado Panduleni Itula, de 67 anos, afirmou na semana passada que havia uma "infinidade de irregularidades".
A eleição foi acompanhada por observadores em Berlim – Alemanha e Namíbia trabalham no novo Projeto Hyphen, que prevê a importação de grandes quantidades de hidrogênio pela Alemanha a partir de 2028, e em um controverso acordo de reconciliação da era colonial.
(DW, AFP, dpa, Reuters)
Dez fatos sobre a Alemanha colonialista
Os dolorosos legados do passado colonial alemão.
Foto: Jürgen Bätz/dpa/picture alliance
"Nosso futuro está na água"
Sob o chanceler Otto von Bismarck, o Império Alemão estabeleceu colônias nos atuais territórios da Namíbia, Camarões, Togo, partes da Tanzânia e do Quênia. O imperador Guilherme 2°, coroado em 1888, procurou expandir ainda mais as possessões coloniais através da criação de novas frotas de navios. O império queria seu "lugar ao Sol", declarou Bernhard von Bülow, um chanceler posterior, em 1897.
Foto: picture alliance/dpa/K-D.Gabbert
Colônias alemãs
Foram adquiridos territórios no Pacífico (Nova Guiné do Norte, Arquipélago de Bismarck, Ilhas Marshall e Ilhas Salomão, Samoa) e na China (Qingdao). Em 1890, uma conferência em Bruxelas determinou que o Império Alemão obtivesse os reinos de Ruanda e Burundi, unindo-os à África Oriental Alemã. Até o final do século 19, as conquistas coloniais da Alemanha estavam praticamente concluídas.
Foto: picture-alliance / akg-images
Um sistema de desigualdade
Nas colônias, a população branca formava uma minoria pequena e altamente privilegiada – raramente mais de 1% da população. Em 1914, por volta de 25 mil alemães moravam nas colônias. Desses, pouco menos da metade vivia no Sudeste Africano Alemão. Os 13 milhões de nativos nas colônias germânicas eram vistos como subordinados, sem acesso a nenhum recurso da lei.
Foto: picture-alliance/dpa/arkivi
O primeiro genocídio do século 20
O genocídio praticado contra os hereros e os namas no Sudeste Africano Alemão, hoje Namíbia, foi o crime mais grave da história colonial da Alemanha. Durante a Batalha de Waterberg, em 1904, a maioria dos rebeldes hereros fugiu para o deserto, com as tropas alemãs bloqueando sistematicamente seu acesso à água. Estima-se que mais de 60 mil hereros morreram na ocasião.
Foto: public domain
Crime alemão
Somente 16 mil hereros sobreviveram à campanha de extermínio. Eles foram aprisionados em campos de concentração, onde muitos morreram. O número exato de vítimas nunca foi constatado e continua a ser um ponto de controvérsia. Quanto tempo esses hereros debilitados sobreviveram no deserto? De qualquer forma, eles perderam todos os seus bens, seu estilo de vida e suas perspectivas futuras.
Foto: public domain
Guerra colonial de longo alcance
De 1905 a 1907, uma ampla aliança de grupos étnicos se rebelou contra o domínio colonialista na África Oriental Alemã. Por volta de 100 mil locais morreram na revolta de Maji-Maji. Embora tenha sido, posteriormente, um tema pouco discutido na Alemanha, este capítulo permanece importante na história da Tanzânia.
Foto: Downluke
Reformas em 1907
Na sequência das guerras coloniais, a administração nos territórios alemães foi reestruturada com o objetivo de melhorar as condições de vida ali. Bernhard Dernburg, um empresário bem-sucedido (na foto sendo carregado na África Oriental Alemã), foi nomeado secretário de Estado para Assuntos Coloniais em 1907 e introduziu reformas nas políticas do Império Alemão para seus protetorados.
Foto: picture alliance/akg-images
Ciência e as colônias
Junto às reformas de Dernburg, foram estabelecidas instituições técnicas e científicas para lidar com questões coloniais, criando-se faculdades nas atuais universidades de Hamburgo e Kassel. Em 1906, Robert Koch dirigiu uma longa expedição à África para investigar a transmissão da doença do sono. Na foto, veem-se espécimes microscópicas colhidas ali.
Foto: Deutsches Historisches Museum/T. Bruns
Colônias perdidas
Derrotada na Primeira Guerra Mundial, em 1919, a Alemanha assinou o tratado de paz em Versalhes, especificando que o país renunciaria à soberania sobre suas colônias. Cartazes como o da foto ilustram o medo dos alemães de perder seu poder econômico, como também o temor da pobreza e miséria no país.
Foto: DW/J. Hitz
Ambições do Terceiro Reich
Aspirações coloniais ressurgiram sob Hitler – e não somente aquelas definidas no Plano Geral de Metas para o Leste, que delineou a colonização da Europa Central e Oriental através do genocídio e limpeza étnica. Os nazistas também almejavam recuperar as colônias perdidas na África, como evidencia este mapa escolar de 1938. Elas deveriam fornecer matérias-primas para a Alemanha.