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Narcotráfico e luta pelo poder no Afeganistão

ef13 de novembro de 2003

As condições de segurança são dramáticas no Afeganistão, dois anos após o regime talibã. Lutas entre milícias, narcotráfico e atos de terror podem impedir todo tipo de progresso, constatou o embaixador alemão na ONU.

Pleuger: situação das mulheres quase não mudouFoto: AP

A segurança no Afeganistão melhorou nestes dois anos posteriores à assinatura do acordo de paz afegão em Bonn, mas não ao ponto de garantir a reconstrução econômica e preparativos para as primeiras eleições no país. Esta é a conclusão a que chegou o embaixador da Alemanha na Organização das Nações Unidas (ONU), Günter Pleuger, depois de participar de uma inspeção in loco.

O diplomata alemão chefiou uma delegação da ONU, cuja visita, no início de novembro, foi infeliz desde o começo. Os parceiros importantes de conversa se encontravam no exterior.

Narcotráfico e warlords

- O maior perigo para a economia afegã parte do grande aumento da produção de drogas e todas as suas implicações criminosas, escreveu Pleuger no seu relatório ao Conselho de Segurança Internacional em Nova York. A papoula é produzida em larga escala no Afeganistão, como matéria-prima para heroína. O diplomata alemão citou também como grande perigo a luta dos chamados warlords, entre eles o temido líder da etnia pachtun Gulbuddin Hekmatyar.

Pleuger enfatizou a necessidade premente de cessar a luta entre os grupos rivais e a sua delegação teria alcançado progressos no sentido. "Acho que o Conselho de Segurança levou a mensagem certa a todas as pessoas certas e nós deixamos bem claro, principalmente para os warlords, que as lutas internas têm de acabar e que todos devem cooperar com o governo central", disse Pleuger.

Soldados alemães em CabulFoto: AP

Lealdade

& ISAF - O representante de Berlim na ONU também considerou importante a declaração de lealdade que líderes guerrilheiros do norte afegão teriam prestado ao governo central em Cabul. "Agora temos que esperar para ver como isto se aplica na prática, mas acho que foi uma declaração importante que pode contribuir para melhorar a segurança no país, que é o problema mais grave", afirmou.

Como só palavras não geram segurança alguma, o embaixador alemão propôs uma ampliação do raio de ação da tropa internacional de proteção (ISAF). Originalmente, a atuação da ISAF limitava-se a Cabul, mas a Alemanha ampliou a sua participação mandando soldados para Cunduz, no norte. O narcotráfico de ópio é visto como o maior perigo nessa região. Pleuger acha que só a ampliação das tarefas alemãs não basta.

Ele também dirigiu um apelo a todos os países vizinhos para impedirem a infiltração de terroristas da Al Qaeda e combatentes talibãs no Afeganistão. Além disso, devem fornecer o dinheiro que prometeram para a formação de uma polícia afegã. É muito importante que o governo do presidente Hamid Karzai disponha de recursos financeiros e que a comunidade internacional discuta o futuro do Afeganistão, segundo o embaixador alemão.

Mulheres quase na mesma situação

- Ele propôs uma segunda conferência internacional, porque a observação dos direitos humanos permanece uma grande mancha negra no Afeganistão. A delegação da ONU constatou que principalmente a situação das mulheres, as maiores vítimas da repressão dos talibãs, quase não melhorou com a mudança do regime. Assassinatos de ativistas femininas e suicídio de mulheres por desespero, assim como todo tipo de violência contra o sexo feminino continuam sendo parte do cotidiano.
A situação da mulheres é praticamente a mesmaFoto: AP

Essa situação justifica uma segunda conferência Petersberg, segundo Pleuger. Petersberg é o nome do castelo em Bonn, onde se realizou a conferência que delineou um futuro para o Afeganistão. Ela ocorreu após a derrubada dos talibãs pela guerra dos Estados Unidos, em nome do combate ao terrorismo internacional. O encontro de dois anos atrás, na ex-capital alemã, foi encerrado com a assinatura do acordo de paz entre as etnias afegãs mais importantes.

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