Agência espacial americana avisa que oceanos subiram, em média, quase oito centímetros desde 1992, devido ao aquecimento global. Mares ainda devem subir pelo menos 90 centímetros, segundo cientistas.
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O nível do mar subiu, em média, quase oito centímetros em todo o mundo desde 1992, devido ao aquecimento global, informou nesta quarta-feira (26/08) a Nasa, alertando que a tendência vai se manter ao longo dos próximos anos.
Um grupo de cientistas da agência espacial americana apresentou os mais recentes dados recolhidos sobre o aumento do nível da água do mar em todo o mundo – que foi, em média, 7,62 centímetros, superior ao de 1992. O panorama, entretanto, varia em diferentes partes do mundo, tendo, em algumas zonas, chegado a superar os 22 centímetros.
A Nasa também publicou um vídeo com os dados obtidos pelos seus satélites, em que se verifica claramente, através de uma gradação de cores, qual foi a evolução em cada parte do mundo ao longo dos últimos 23 anos.
As costas da Ásia e Oceania, no Pacífico, junto com o Mediterrâneo Oriental e a costa atlântica da América, foram as mais prejudicadas pela subida do nível do mar.
Segundo os especialistas da Nasa, o nível do mar ainda deve subir pelo menos 90 centímetros. O que eles não conseguem prever é quando isso vai ocorrer.
"Pelo nosso conhecimento sobre o aquecimento dos oceanos e o derretimento da camada de gelo e glaciais, é quase certo que o nível do mar subirá por volta de, pelo menos, 90 centímetros ou talvez mais", alerta Steve Nerem, geofísico da Universidade do Colorado, durante a apresentação dos dados. "Só não sabemos se isso acontecerá dentro de um século ou durará mais tempo."
O aquecimento global, provocado, em grande parte, pela atividade humana, é o principal culpado pelo aumento do nível dos oceanos e dos mares, por ser responsável pelo degelo dos glaciares e pela subida da temperatura da água.
Os cientistas alertaram que, mesmo que sejam tomadas ações para tentar reverter a situação e se consiga mudar a tendência, seriam necessários séculos para obter um recuo aos níveis anteriores às alterações climáticas.
A subida do nível da água do mar coloca em risco o futuro de diversas cidades e povoações costeiras em todo o mundo, ameaçando, também, fazer desaparecer do mapa para sempre uma série de ilhas e, no caso do Pacífico, até países inteiros.
MD/afp/lusa/dpa
Uma ilha some do mapa em Bangladesh
Os nativos de Ashar Chor estão se mudando para outras partes do país, devido à contínua elevação do nível do mar. Mudanças climáticas reduziram o tamanho da ilha e colocam em risco a vida de seus moradores.
Foto: DW/K.Hasan
Zona de perigo
Ashar Chor, uma faixa de terra cercada de água na Baía de Bengala, está localizada numa região altamente propensa a desastres naturais.
Foto: DW/K.Hasan
Trabalho no mar e na terra
O dia dos que vivem do comércio de peixe seco começa cedo. Cada barco que deixa Ashar Chor para pescar fica em alto-mar entre 15 e 20 dias. Quando retorna, o trabalho continua: os pescadores descarregam os peixes e os levam em baldes para serem processados e secos.
Foto: DW/K.Hasan
Presa da necessidade
Todos os dias, Danesh, de seis anos, lida com peixes. Ele é jovem demais para executar o trabalho corretamente, mas a necessidade o obriga a fazê-lo. O trabalho infantil é rigorosamente desencorajado, mas ainda prossegue nesta comunidade, cuja economia se baseia na produção de peixe seco. As crianças recebem cerca de 40 taka (0,56 dólar) por dia de trabalho.
Foto: DW/K.Hasan
Mesmo trabalho, salários desiguais
As mulheres trabalham lado a lado com os homens em Ashar Chor. No entanto, assim como em muitas outras partes do mundo, elas recebem menos pelo serviço executado.
Foto: DW/K.Hasan
Vida precária
Durante os muitos anos em que trabalhou aqui, Karim Ali, de 52 anos, já viu de tudo: desde desastres naturais até sequestros para trabalhos forçados. "Uma vez, um dos meus colegas foi sequestrado e nunca mais voltou", diz Ali. "Eu nunca sei quando isso vai acontecer comigo. Nós não temos nenhuma garantia de vida aqui."
Foto: DW/K.Hasan
Necessidade de espaço
A única fonte de renda na pequena ilha é o peixe seco, que, portanto, tem prioridade máxima. A comunidade local reserva a maior parte de seu espaço para secar o produto. Sem nenhuma estação moderna de tratamento, baldes de peixes são enxaguados em piscinas de água fresca e depois pousados sobre esteiras para secar por até seis dicas.
Foto: DW/K.Hasan
Melhor amigo e pior inimigo
A Baía de Bengala é fundamental para a sobrevivência dos moradores da ilha, cuja maioria se sustenta com a pesca. Mas o mar também destruiu a vida de muitos, com enchentes e ciclones.
Foto: DW/K.Hasan
Terra que desaparece
Parte da ilha é inundada todos os dias pela maré alta que se eleva acima das barreiras e acaba inundando fazendas de pesca e plantações.
Foto: DW/K.Hasan
Deixados para trás
O Sidr, em 2007, foi um ciclone assassino. Dados da Cruz Vermelha indicam que 900 mil famílias – cerca de 7 milhões de pessoas—foram afetadas pela devastação resultante. Estima-se que dois entre cada cinco mortos eram crianças.
Foto: DW/K.Hasan
Desamparados pelo governo
A diligente comunidade dos produtores de peixe seco vive em condições duras. O governo não lhes fornece abrigos contra ciclones e não há projetos de saneamentos. Eles habitam pequenos barracos.