Nasa cancela caminhada espacial feminina por falta de trajes
26 de março de 2019
Missão que entraria para a história foi cancelada após astronauta perceber que preferia traje de tamanho médio em vez de grande. De 214 caminhadas espaciais, nenhuma foi composta exclusivamente por mulheres.
A astronauta da NASA Christina Koch, no meio, dá apoio a Nick Hague, à esquerda, e a Anne McClain, à direita, em seus trajes espaciais, pouco antes do início de uma caminha da espacial.Foto: picture-alliance/dpa/NASA
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As astronautas da Nasa Anne McClain e Christina Koch iriam fazer história na próxima sexta-feira (26/03) ao realizar a primeira caminhada espacial composta exclusivamente por mulheres. O plano, contudo, foi abortado devido à falta de trajes espaciais do tamanho adequado.
O plano original era de que o par desse seguimento à instalação de novas baterias de íons de lítio nos painéis solares da Estação Espacial Internacional (ISS). Mas a Nasa informou nesta segunda-feira (25/03) que os administradores da missão decidiram substituir McClain pelo seu colega Nick Hague.
McClain e Hague fizeram uma caminhada espacial no último dia 22, ocasião em que McClain percebeu que se sentia melhor usando a parte superior do traje espacial de tamanho médio, em vez do grande.
"Já que apenas um traje para o torso de tamanho médio estará disponível até sexta-feira, 29 de março, Koch vai usá-lo", disse a Nasa em comunicado. Assim, McClain será substituída por Hague e deve realizar em uma caminhada espacial futura, em 8 de abril, com um astronauta homem, o canadense David Saint-Jacques.
"Anne treinou com os tamanhos médio e grande e achou que poderia usar o tamanho grande, mas decidiu depois da caminhada da última sexta que o tamanho médio serve melhor", escreveu a porta-voz Stephanie Schierholz no Twitter. "Nesse caso, é mais fácil (e rápido!) mudar os astronautas do que reconfigurar o traje espacial", completou.
Os trajes especiais a bordo da estação são compostos por diversas partes que são combinadas de forma a se adaptar ao corpo de cada astronauta.
O anúncio da Nasa causou desapontamento de muitos que acompanhavam a missão nas redes sociais. Alguns internautas argumentaram que uma missão totalmente feminina já deveria ter ocorrido há tempos. Outros afirmaram que, embora o momento histórico tenha sido adiado, a segurança vem em primeiro lugar.
"Estou muito desapontada... mas também apoio que astronautas tenham autoridade para dizer ‘estarei mais segura usando um equipamento diferente'", disse a editora sênior da ONG americana The Planetary Society, Emily Lakdawalla. "Uma caminhada espacial exclusivamente feminina IRÁ acontecer em algum momento."
Quase 60 anos depois de o primeiro ser humano ter ido ao espaço, menos de 11% das mais de 500 pessoas que saíram da Terra foram mulheres. Desde que a EEI foi instalada em 1998, as equipes das 214 caminhadas espaciais realizadas até o momento foram ou somente compostas por homens ou por homens e mulheres.
A EEI gira ao redor da Terra a cerca de 28 mil quilômetros por hora, a uma distância de 400 quilômetros da superfície, e completa 16 órbitas ao dia.
A EEI pesa atualmente cerca de 400 toneladas e tem 100 metros de comprimento e 80 de largura. O espaço habitável equivale a uma casa com seis quartos, dois banheiros e uma academia, e a tripulação oscila entre três e seis pessoas, embora o espaço já tenha abrigado 13 pessoas.
Em 20 novembro de 1998 foi enviado ao espaço primeiro módulo para a construção da ISS, e três anos mais tarde a primeira tripulação a ocupava. Uma história de sucesso na cooperação e pesquisa internacionais.
Foto: NASA
"Pedra fundamental" de 19 toneladas
A primeira seção da Estação Espacial Internacional (ISS) a ganhar o espaço sideral, em 20 de novembro de 1998, foi o módulo russo de carga e controle Zarya. Ele pesava mais de 19 mil quilos e media 12 metros. Num exemplo precoce de cooperação internacional, foi encomendado e pago pelos Estados Unidos, mas desenvolvido e construído por uma companhia espacial russa.
Foto: NASA
República para seis
Seis astronautas vivem e trabalham simultaneamente na ISS, enquanto ela atravessa o cosmo a mais de 27 mil quilômetros por hora, completando uma órbita terrestre a cada 90 minutos. Depois da Lua, é o objeto mais luminoso no céu noturno, podendo ser vista a olho nu.
Foto: Reuters/NASA
Expedição número um
Esta foi a primeira tripulação da ISS: o astronauta americano William Shepherd (c) e os russos Yuri Gidzenko (e) e Serguei Krikalev chegaram à estação espacial em 2 de novembro de 2000, permanecendo nela por 136 dias.
Foto: NASA
Um longo ano
Em média, as tripulações permanecem cinco meses e meio na ISS. Dois que aguentaram bem mais tempo foram o astronauta Scott Kelly (foto), da Nasa, e o cosmonauta da Roscosmos Mikhail Kornienko, totalizando um ano inteiro na estação.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Tripulação multinacional
O astronauta canadense Chris Hadfield na ISS, no Natal de 2012. Nos últimos anos, cidadãos de 18 países estiveram a bordo da estação internacional. A maioria veio dos Estados Unidos, seguidos pelos da Rússia. Outros países de origem são Japão, Canadá, Itália, França, Alemanha, Brasil e Reino Unido.
Foto: Reuters/NASA
O único brasileiro
O primeiro – e único – astronauta brasileiro na ISS é Marcos Pontes, que partiu para a estação em 30 de março de 2006 numa nave russa Soyuz e retornou em 8 de abril, numa missão de dez dias no total, sendo oito na ISS. Em 2018, Pontes aceitou convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Ciência e Tecnologia.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/Y. Kochetkov
Ônibus na porta de casa
Tripulantes e suprimentos chegam em ônibus espaciais ou naves de carga. Na foto, acopla-se na ISS o Space Shuttle Atlantis, que esteve operante até 2011. Atualmente todos os astronautas chegam em cápsulas Soyuz, de fabricação russa.
Foto: Getty Images/NASA
Um pouco de ar fresco
Até 2018 realizaram-se 210 excursões ao espaço a partir da ISS. No jargão dos astronautas, esses passeios são chamados EVA, ou "extra-vehicular activity". Em 24 de dezembro de 2013 foi a vez de Mike Hopkins ver a ISS pelo lado de fora.
Foto: Reuters/NASA
Equipamento fora do comum
Diversos braços de robô adornam a ISS. O Canadarm2 mede quase 20 metros e ostenta sete articulações motorizadas. Ele é capaz de levantar até 100 toneladas – ou apenas um astronauta, como, na foto, Stephen Robinson.
Foto: Reuters/NASA
Comunidade de pesquisadores
Os membros da tripulação dedicam cerca de 35 horas por semana a suas pesquisas. O astronauta alemão Alexander Gerst, da Agência Espacial Europeia (ESA), esteve na ISS pela primeira vez em 2014, observando e analisando as alterações sofridas pelo corpo humano em gravidade zero. Sua segunda missão começou em junho de 2018, e desde outubro ele é o primeiro comandante alemão da estação.
Foto: Getty Images/ESA/A. Gerst
Retorno estressante
Quando sua temporada na Estação Espacial Internacional se esgota, os astronautas retornam à Terra em cápsulas Soyuz. O último, emocionante trecho é vencido de paraquedas. Bem-vindos à casa!