Nasa descobre condições favoráveis à vida em lua de Saturno
14 de abril de 2017
Sonda Cassini detecta hidrogênio em Encélado, pequeno satélite oceânico revestido por gelo. Segundo agência espacial americana, evidência torna a lua um dos locais mais propícios à existência de vida fora da Terra.
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A Nasa anunciou nesta quinta-feira (13/04) ter detectado a presença de hidrogênio molecular em Encélado, uma das luas de Saturno. A descoberta torna o pequeno astro gelado um dos locais mais favoráveis ao surgimento de vida fora da Terra, segundo afirmou a agência espacial americana.
A evidência foi encontrada pela sonda Cassini, que orbita o planeta há 13 anos, durante um voo rasante na superfície de Encélado em outubro de 2015. Os detalhes da descoberta foram anunciados em evento da Nasa em Washington e publicados na revista científica Science nesta quinta-feira.
Com cerca de 500 quilômetros de diâmetro, Encélado é uma pequena lua oceânica revestida por uma espessa camada de gelo. A presença de água salgada havia sido detectada pela Cassini em 2014.
Agora, a partir de análises realizadas pela sonda em amostras das plumas gasosas que emanam de rachaduras em sua superfície, os cientistas descobriram uma composição de 98% de água e 1% de hidrogênio, além de traços de outras moléculas, incluindo amônia, dióxido de carbono e metano.
A presença de hidrogênio no oceano da lua indica que micróbios, se existentes, poderiam utilizá-lo para obter energia combinando-o com dióxido de carbono dissolvido na água, dizem os cientistas.
Na Terra, essa reação química, conhecida como metanogênese, permite o desenvolvimento de seres vivos em profundidades nas quais a luz solar não é capaz de chegar e pode ter sido crítica para a origem da vida em nosso planeta – o que sugere que o mesmo pode acontecer em Encélado.
Segundo Hunter Waite, um dos principais autores do estudo, a lua de Saturno se encontra "em primeiro lugar na lista de astros do Sistema Solar que apresentam condições habitáveis".
Embora Cassini não tenha instrumentos capazes de realmente encontrar sinais de vida, "descobrimos que há uma fonte de alimento lá para ela", afirmou Waite, acrescentando que Encélado, em analogia, "é como se fosse uma loja de doces para micróbios."
A sonda Cassini é um projeto conjunto da Nasa com as agências espaciais europeia (ESA) e italiana (ASI) e está programada para dar um mergulho fatal na atmosfera de Saturno em setembro. Antes, deve explorar a maior das luas, Titã, e realizar uma série de 22 voos entre os anéis do planeta.
EK/afp/dpa/efe/ots
Desastres naturais vistos do espaço
Como os satélites veem a Terra? E o que eles descobrem sobre os acontecimentos na superfície do planeta? Confira fotos impressionantes de catástrofes naturais observadas da órbita terrestre.
Foto: NASA
Gigante acordado
De densas cinzas a nuvens de água congelada, fenômenos naturais podem ser examinados do espaço sideral. A Estação Espacial Internacional estava passando sobre o vulcão Sarychev, localizado nas ilhas Kuril, na Rússia, quando ele entrou em erupção em 2009. Aproveitando uma brecha entre as nuvens, os astronautas puderam tirar esta foto.
Foto: NASA
Lago evaporado
Diariamente, satélites de observação, como o Proba-V da Agência Espacial Europeia, coletam imagens que permitem rastrear as mudanças ambientais ao longo do tempo. Estas fotos tiradas em abril de 2014, julho de 2015 e janeiro de 2016 (da esq. para dir.) fornecem uma visão clara da evaporação gradual do lago Poopó, em parte devido às mudanças climáticas. Ele já foi o segundo maior lago da Bolívia.
Foto: ESA/Belspo
Não brinque com fogo
Todos os anos, incêndios florestais destroem paisagens e ecossistemas ao redor do planeta. Muitas vezes, eles são causados por seres humanos. Esse também foi o caso na Indonésia, onde agricultores fizeram queimadas na floresta de turfa. Na Islândia, Bornéu e Sumatra, satélites detectaram focos de incêndio em setembro de 2015, e a coluna de fumaça cinza provocou alertas de qualidade do ar.
Foto: NASA/J. Schmaltz
Chuvas torrenciais
Em 2013, choveu tanto que alguns rios da Europa Central transbordaram. Como se pode ver nesta imagem de 2013, o rio Elba rompeu as suas margens após chuvas sem precedentes. Na foto, a água enlameada cobre a área em torno da cidade de Wittenberg, no estado alemão da Saxônia-Anhalt.
Foto: NASA/J. Allen
No olho do furacão
Uma forte tempestade pode causar danos irreparáveis através de ventos intensos e chuvas torrenciais que vêm do mar. Informações obtidas do espaço são cruciais para acompanhar o desenvolvimento de tormentas: intensidade, direção, velocidade do vento. No Pacífico leste, próximo à costa mexicana, esta imagem ajudou a prever que o furacão Sandra alcançaria ventos de 160 km/h em novembro de 2015.
Foto: NASA/J. Schmaltz
Derretimento de geleiras
Satélites também desempenham importante papel no monitoramento das mudanças climáticas e, inevitavelmente, do processo de degelo. Do espaço, cientistas puderam documentar a diminuição de geleiras ao redor do mundo, como também a subsequente elevação do nível dos oceanos. Esta foto feita pela Estação Espacial Internacional mostra o recuo da geleira Upsala, na Patagônia argentina, de 2002 a 2013.
Foto: NASA
Prenda a respiração
Em setembro de 2015, satélites proporcionaram esta vista impressionante de regiões povoadas no Oriente Médio envoltas numa tempestade de areia ou "haboob". Aliadas às informações de sensores de qualidade de ar no solo, observações de satélites espaciais ajudam a entender os padrões de início e desenvolvimento de uma tempestade. Essas constatações melhoram os métodos de previsão.
Foto: NASA/J. Schmaltz
Montanha nua
Essas foram as palavras usadas pela Nasa para descrever a falta de neve no Monte Shasta, na Califórnia, uma fonte crucial de água para a região. Imagens que vêm documentando a estiagem ao longo dos últimos anos têm mostrado montanhas marrons que deveriam ser brancas, e terra onde se procura água. Com o degelo, a seca aumenta.