Naufrágio no Mediterrâneo deixa dezenas de desaparecidos
3 de novembro de 2016
Sobreviventes levados à ilha italiana de Lampedusa relatam que duas embarcações naufragaram na costa da Líbia. Somente neste ano, mais de 4 mil migrantes morreram durante a perigosa travessia rumo à Europa.
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Ao menos 239 pessoas estão desaparecidas após o naufrágio de dois barcos com migrantes na costa da Líbia, afirmou nesta quinta-feira (03/11) a porta-voz da agência da ONU para os refugiados (Acnur) Carlota Sami, com base em relatos de dois sobreviventes que chegaram à ilha de Lampedusa.
De acordo com veículos de imprensa italianos, os dois migrantes, que chegaram à ilha italiana junto com outros 27 após terem sido resgatados, contaram que, apesar das más condições do mar, foram obrigados a embarcar e depois o naufrágio aconteceu.
As duas embarcações zarparam de pontos do litoral próximos a Trípoli, e a maioria dos imigrantes procede da Guiné.
A prefeita de Lampedusa, Giusi Nicolini, afirmou à mídia italiana que os sobreviventes disseram que em uma das embarcações viajavam 138 pessoas e que somente duas mulheres conseguiram se salvar, uma delas uma jovem da Libéria que perdeu seu filho de dois anos.
Em outro barco viajavam cerca de 140 pessoas, e os cinco navios que estavam na área só conseguiram salvar 27 delas, explicou Nicolini, que visitou nesta quinta-feira os sobreviventes que chegaram à ilha italiana, a mais próxima da costa da África.
Com o fechamento da rota dos Bálcãs e o acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia que visa cessar o fluxo migratório do país para a Europa, os refugiados buscam rotas alternativas, partindo em números cada vez maiores do norte da África, através do Mediterrâneo, rumo à Europa.
Segundo a ONU, mais de 4 mil pessoas já morreram em 2016 por conta da perigosa travessia, número maior do que o de todo o ano anterior, quando foram registradas 3.771 mortes. A maioria dos barcos, frequentemente em más condições, parte da costa da Líbia, país que vive uma guerra civil.
FC/efe/afp/dpa/rtr
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.