1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
MigraçãoTunísia

Naufrágios matam 29 migrantes que tentavam chegar à Europa

26 de março de 2023

Barcos afundam na costa da Tunísia após partirem em direção à Itália. Tragédia é a mais recente de uma série de naufrágios, enquanto africanos subsaarianos tentam em peso deixar a Tunísia após ataques do governo.

Migrantes da África Subsaariana reunidos em frente a um escritório da ONU em Túnis
Africanos subsaarianos localizados na Tunísia têm sido alvo de uma onda de violência desde um discurso incendiário do presidente SaiedFoto: Fethi Belaid/AFP

Ao menos 29 migrantes de países da África Subsaariana morreram após suas embarcações afundarem na costa da Tunísia, enquanto tentavam cruzar o mar Mediterrâneo para chegar à Itália.

Os naufrágios são os mais recentes de uma série de tragédias desse tipo, deixando dezenas de migrantes mortos e outros desaparecidos no país que serve como um importante canal para aqueles que buscam chegar às costas europeias mais próximas.

O incidente ocorre depois de o presidente da Tunísia, Kais Saied, ter feito um discurso incendiário no mês passado, acusando os africanos subsaarianos de causarem uma onda de crimes e de representarem uma ameaça demográfica ao país de maioria muçulmana localizado no norte da África.

Neste domingo (26/03), a guarda costeira tunisiana informou que "resgatou 11 migrantes ilegais de várias nacionalidades africanas depois que seus barcos afundaram" na costa leste central, mencionando três diferentes naufrágios.

Em um deles, uma traineira de pesca recuperou 19 corpos a 58 quilômetros da costa depois que a embarcação virou.

Uma patrulha da guarda costeira na cidade litorânea de Mahdiya também recuperou oito corpos e resgatou 11 sobreviventes de outro barco que também afundou.

Já em Sfax traineiras de pesca recuperaram outros dois corpos.

Fuga para a Europa

Os africanos subsaarianos localizados na Tunísia têm sido alvo de uma onda de violência desde o discurso do presidente Saied, e centenas vivem nas ruas há semanas em condições cada vez mais precárias.

As pessoas que fogem da pobreza e da violência na região de Darfur, no Sudão, na África Ocidental e em outras partes do continente usam há anos a Tunísia como um trampolim para tentativas muitas vezes perigosas de buscar uma vida melhor na Europa.

A ilha italiana de Lampedusa fica a apenas 150 quilômetros da costa da Tunísia, fazendo parte da rota do Mediterrâneo Central descrita pelas Nações Unidas como a mais mortal do mundo.

Nos últimos dois dias, mais de 3 mil migrantes chegaram a Lampedusa em diferentes embarcações, segundo informou a agência de notícias italiana Ansa neste domingo.

Desde janeiro, as autoridades italianas já registraram a chegada por barco de mais de 21 mil migrantes ao país. Em comparação, nos dois anos anteriores as cifras eram de 6 mil migrantes nesse mesmo período.

O governo da Itália tem pressionado as autoridades tunisianas a controlarem o fluxo de pessoas e ajudado a fortalecer a guarda costeira local, que grupos de direitos humanos acusam de violência.

Risco de nova onda migratória

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, de extrema direita, alertou na sexta-feira que os "sérios problemas financeiros" da Tunísia aumentam o risco de desencadear uma nova "onda migratória" em direção à Europa. Ela também confirmou os planos de uma missão ao país do norte da África envolvendo os ministros do Exterior da Itália e da França.

Meloni ecoou comentários feitos no início da semana pelo chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, que alertou que a Tunísia corre o risco de um colapso econômico que poderia desencadear um novo fluxo de migrantes para a Europa – temores que o governo tunisiano desde então rejeitou.

Desde o discurso de Saied no mês passado, centenas de migrantes foram repatriados em voos organizados pelas embaixadas de seus países, mas muitos disseram temer voltar para casa e pediram à ONU que organize voos para países terceiros mais seguros.

A Tunísia está passando por uma longa crise socioeconômica, com inflação em espiral e taxas altas de desemprego. Os próprios tunisianos compõem grande parte dos migrantes que viajam para a costa italiana.

Fortemente endividada, a Tunísia está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um pacote de resgate de 2 bilhões de dólares, mas o diálogo está paralisado há meses e não há sinais de que um acordo esteja próximo.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, alertou na quarta-feira que, ao menos que se chegue a um acordo, "a economia corre o risco de cair no fundo do poço".

ek (AFP, DPA, Efe)

Pular a seção Mais sobre este assunto