Navio naufragado revela vida na Europa 400 anos atrás
Elliot Douglas
5 de julho de 2023
Possivelmente sucumbida num incêndio, embarcação mercante resgatada no litoral alemão fornece vislumbres do quotidiano no século 17. Após estudos, deverá voltar à água, preservada para gerações futuras.
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Em novembro de 2021, arqueólogos começaram a examinar os restos de um navio naufragado no litoral norte da Alemanha. Na segunda-feira (03/07), a equipe revelou ao público suas descobertas no que se constatou ser uma embarcação mercante do século 17, pertencente à Liga Hanseática.
Após uma missão de resgate abrangente – a primeira bem-sucedida de um veículo comercial desse período na região –, o tesouro submarino está limpo e documentado, e inclui objetos de porcelana e partes do aparelho náutico, inclusive 180 peças de madeira. A popa está especialmente bem conservada.
"Encontramos mais do que esperávamos e podemos inferir bastante sobre a constituição e o equipamento presentes no navio", comunicou o diretor do projeto, Felix Rösch, muma coletiva de imprensa.
O achado é especialmente importante por ilustrar o cotidiano da época. Embora diversos navios de guerra já tenham sido resgatados no Mar Báltico, esse navio mercante permite vislumbres na vida civil. Entre os objetos está um frasco de bebida com a palavra "Londn" gravada. Ossos de animais e resíduos nas peças de porcelana indicam o que se comia a bordo.
De volta à água para gerações futuras
Os destroços náuticos foram encontrados a 11 metros de profundidade no rio Trave, perto da cidade portuária de Lübeck, no Mar Báltico, no nordeste alemão. Uma medição de rotina revelara um navio de cerca de 25 metros de comprimento por seis metros de largura.
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Peritos deduzem que ele estava a caminho da Escandinávia. Marcas pretas em grande parte da madeira sugerem um incêndio a bordo como possível causa do naufrágio. A carga também pode ter contribuído para o desastre: 150 barris de cal viva (óxido de cálcio), substância altamente inflamável utilizada no século 17 como material de construção.
Agora os achados serão submetidos a rastreamento 3D num galpão de armazém de Lübeck, mantidos em tanques cheios d'água, "senão vão secar e se decompor rapidamente", explicou Rosch.
Segundo a encarregada de Cultura da cidade, Monika Frank, é possível que os itens de 400 anos de existência voltem a ser submergidos depois dos estudos, a fim de ficarem preservados para gerações futuras.
Criada em fins do século 12, a Liga Hanseática era uma confederação comercial e defensiva de cidades e guildas de comerciantes da área dos mares do Norte e Báltico, estendendo-se da Holanda à Polônia, e no norte ao longo do litoral da Escandinávia.
Os 400 novos tesouros arqueológicos do Egito
Arqueólogos encontraram 250 sarcófagos e 150 estátuas de bronze, em escavações na necrópole de Saqqara, na margem ocidental do rio Nilo. Uma sensação para a ciência e a arte.
Foto: Nariman El-Mofty/dpa/AP/picture alliance
Rebuliço midiático em Gizé
Durante apresentação na cidade de Gizé, visitantes admiram os espetaculares achados de uma equipe de arqueólogos egípcios na necrópole de Saqqara. Entre os tesouros trazidos à luz estão 250 sarcófagos com múmias bem conservadas. O sítio de escavações fica na margem ocidental do rio Nilo e integra o Patrimônio Mundial da Unesco.
Foto: Amr Nabil/AP Photo/picture alliance
Descobridor orgulhoso
Mostafa Waziri, secretário-geral do Supremo Conselho de Antiguidades do Egito, relata que entre os artefatos encontrados também está uma estátua do arquiteto Imhotep. Considerado o primeiro grande construtor do Antigo Império, ele revolucionou a arquitetura da Antiguidade. Encontrar seu túmulo é uma das principais metas da missão arqueológica em Saqqara, revela Waziri.
Foto: Ziad Ahmed/NurPhoto/picture alliance
Tesouros dentro de tesouros
Em um dos 250 sarcófagos, os arqueólogos descobriram um papiro intocado e selado. Eles supõem que o rolo escrito, estimado em nove metros de comprimento, contenha um capítulo do "Livro dos Mortos", a milenar coleção de fórmulas mágicas e evocações que indicava aos falecidos o caminho para o outro mundo.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Rumo ao Grande Museu
Os sarcófagos, estátuas de bronze e adereços rituais serão levados para o Grande Museu Egípcio. Após numerosos adiamentos, a monumental instituição cultural foi inaugurada em 2022, na proximidade das pirâmides de Gizé.
Foto: Amr Nabil/AP Photo/picture alliance
Muito a fazer
O novo achado integra uma série de descobertas arqueológicas espetaculares: em fevereiro de 2021 encontraram-se 16 câmaras fúnebres nos limites da cidade de Alexandria; no mesmo mês revelou-se em Sohag uma cervejaria datando de mais de 5 mil anos; em abril, a Cidade Dourada Perdida, perto de Luxor. E em março de 2022 escavaram-se em Saqqara cinco câmaras fúnebres ricamente decoradas (foto).
Foto: Sui Xiankai/Xinhua/picture alliance
Aposta no turismo
O governo no Cairo deposita grandes esperanças de que as descobertas recentes e o novo museu monumental ajudem a reanimar o turismo no país. Esse setor, tão vital para o Egito foi fortemente abalado pela pandemia de covid-19, e agora pela guerra russa contra a Ucrânia.