Neandertais e humanos dividiram Europa por milênios
21 de agosto de 2014
Período de até 5 mil anos de coexistência teria dado "tempo suficiente" para intercâmbios culturais e miscigenações entre as duas espécies. Extensão do contato ainda não foi determinada.
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O Homem de Neandertal pode ter coexistido com o ser humano na Europa por até 5 mil anos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (20/08) pela revista científica Nature. De acordo com os autores da pesquisa, o intervalo teria dado “tempo suficiente” para intercâmbios culturais e miscigenações entre as duas espécies.
Com base em novas técnicas de datação por carbono e modelos matemáticos, os cientistas constataram que os dois grupos de hominídeos dividiram o território europeu por um período que se estendeu de 25 a 250 gerações, dependendo da região. Foram analisadas cerca de 200 amostras de aproximadamente 40 sítios arqueológicos da Rússia a Espanha.
“Os resultados revelam uma justaposição temporal de 2,6 a 5,4 mil anos”, escreveram os pesquisadores. A equipe concluiu ainda que os neandertais desapareceram de diferentes regiões em momentos distintos, ao invés de serem substituídos pelos humanos de uma só vez.
“Muitas vezes, datações por carbono anteriores subestimaram a idade de amostras recolhidas de locais associados aos neandertais, porque a matéria orgânica estava contaminada com partículas modernas”, disse Thomas Higham, arqueologista da Universidade de Oxford e líder do estudo. "Agora, podemos dizer com mais confiança que finalmente desvendamos o momento do desaparecimento de nossos primos próximos."
O homem moderno teve origem na África e chegou à Europa entre 50 mil e 30 mil anos atrás. De acordo com o novo estudo, há 45 mil anos, a Europa ainda era ocupada principalmente pelos neandertais, com pequenos agrupamentos de humanos entre eles. A situação teria se invertido ao longo dos 5 mil anos seguintes, até que os neandertais acabaram desaparecendo.
O estudo, porém, não conseguiu concluir se houve um ou mais cruzamentos entre neandertais e humanos ao longo do tempo. Embora já se saiba que o homem moderno carrega parte dos genes do Homem de Neandertal, sugerindo que houve uma miscigenação, ainda não foi possível determinar a extensão do contato entre ambos e nem os motivos que levaram à extinção dos neandertais.
IP/afp/ap
Os dez destaques científicos de 2014 na "Science"
Revista especializada "Science" elege as dez mais importantes descobertas e invenções do ano. No topo da lista está a missão Rosetta, com o robô Philae.
Foto: ESA via Getty Images
Significativo como o pouso na Lua
A maior conquista científica do ano foi a missão Rosetta, com o desembarque da sonda Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em 12 de novembro. Com 20 instrumentos a bordo, a missão visa explorar as origens da vida na Terra e a formação do universo.
Foto: ESA/Rosetta/Philae/CIVA
Primeira pincelada humana
Mesmo que o pincel na época fosse diferente, as primeiras pinturas rupestres conhecidas têm cerca de 40 mil anos de idade. Elas foram descobertas este ano numa caverna de calcário na ilha indonésia de Celebes. Até então, as mais antigas amostras de pinturas humanas eram as da Europa.
Foto: Anthony Dosseto 2013
Primeiro organismo semissintético
Pesquisadores do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, conseguiram em 2014 ampliar a sequência química do DNA de uma bactéria. Acrescentando duas bases artificiais às quatro subunidades de uma cadeia de DNA já existente, eles modificaram o material genético de um organismo vivo. Seu objetivo era descobrir se o DNA ampliado também apresenta novas capacidades.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
Parentesco entre dinossauros e pássaros
Várias equipes de pesquisa investigaram a conexão entre aves e dinossauros. Uma constatação é que provavelmente os répteis primeiro desenvolveram uma estrutura física mais leve, facilitando sua busca de abrigo e alimento. Numa fase posterior de desenvolvimento, já como aves, conseguiram levantar então voo com a ajuda das asas.
Foto: picture-alliance/dpa
Esperança na terapia da diabetes
Dois grupos de pesquisadores criaram métodos para imitar as células beta. No pâncreas, elas cuidam que a produção de insulina seja suficiente para controlar o nível de açúcar no sangue. Em pacientes com diabetes tipo 1, essas células são destruídas pelo próprio corpo. e por isso eles têm que receber insulina. Agora há esperança de desenvolver um tratamento para a doença.
Foto: Fotolia/Dmitry Lobanov
Fonte da juventude para ratos
Pesquisadores descobriram que quando a proteína GDF11, retirada do sangue de camundongos de laboratório jovens, é injetada em animais mais velhos, os músculos e cérebro destes se regeneram. Outros cientistas, que usaram sangue e plasma, conseguiram provar que a memória das cobaias melhorou. Agora estão sendo feitos experimentos para deter o mal de Alzheimer com a ministração de plasma sanguíneo.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Cérebro programável
Com um feixe de laser, é possível reprogramar células de memória geneticamente modificadas de camundongos. Através da técnica conhecida como optogenética, foi possível até substituir más experiências por boas. Agora, os pesquisadores de Stanford esperam também poder curar doenças cerebrais dessa maneira.
Foto: psdesign1/Fotolia.com
Cérebro humano num chip
Chips neuromórficos são microprocessadores que imitam o cérebro humano através de circuitos eletrônicos. Especialistas em informática da IBM conseguiram dar um passo importante nesse sentido. O novo chip, chamado TrueNorth, é especializado em reconhecer padrões e identificar objetos.
Foto: gemeinfrei
Robôs inteligentes
Diversos especialistas em informática conseguiram desenvolver robôs munidos de inteligência de enxame. A tal ponto, que as máquinas foram capazes de construir estruturas simples independentemente, sem ajuda humana. Nesse procedimento, o aspecto mais importante é a cooperação dos próprios robôs entre si.
Foto: picture-alliance/dpa
Satélites do laboratório estudantil
Estudantes dão os últimos retoques no minissatélite que construíram. Esses satélites em forma de cubo existem há algum tempo. Mas 2014 foi um ano de sucesso histórico, com 75 deles sendo lançados em órbita terrestre. Os equipamentos são ideais para realizar tarefas de pesquisa bem específicas, mas não têm espaço para muitos instrumentos.