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Negociações entre oposição e governo da Síria terminam sem avanços

15 de fevereiro de 2014

Segunda rodada de negociações para a paz na Síria, em Genebra, termina sem grandes avanços. Oposição culpa governo por impasse. Discussão sobre transição de poder no país é principal entrave.

Foto: Philippe Desmaze/AFP/Getty Images

O enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, encerrou neste sábado (15/02) a segunda rodada de negociações entre o governo e a oposição síria, sem que fosse possível romper o impasse.

As conversas deste sábado, que duraram menos de meia hora, deixaram dúvidas sobre o futuro do processo de paz, já que não houve consenso quanto a realização de uma terceira rodada de negociações.

Brahimi afirmou que havia proposto temas para novas negociações que, em sua opinião, deveriam ser voltadas primeiramente para o fim da violência e do terrorismo e, em seguida, para a criação de um governo de transição

"Infelizmente, o governo (sírio) rejeitou", lamentou. Brahimi disse que irá buscar aconselhamento junto aos Estados Unidos e a Rússia – principais apoiadores das negociações – além das Nações Unidas, para averiguar de que forma deverá proceder.

"Acho melhor que cada uma das partes reflita sobre a sua responsabilidade, se querem que o processo continue ou não. Não é bom nem para o processo de paz nem para a Síria se nós voltarmos para mais uma rodada e cairmos novamente nas mesmas armadilhas com as quais nos debatemos", observou Brahimi.

O enviado especial ainda pediu desculpas aos sírios pela falta de progressos nas negociações, pois sabia que as esperanças do povo "eram muito, muito grandes de que algo pudesse acontecer".

Esta última rodada de conversações, realizada na sede da ONU em Genebra, teve duração de seis dias. Apesar das hostilidades entre as duas delegações, a oposição afirmou que ainda mantém as esperanças por uma solução política.

Transição é entrave

Anas al-Abdeh, delegado da oposição em Genebra, contou que seu grupo aceitou a proposta do mediador, mas lamentou que a falta de iniciativa dos representantes do governo para prosseguir com as conversações tenha deixado dúvidas sobe o futuro do processo.

Louay Safi, porta-voz da oposição, defende discussão sobre transição de poder na SíriaFoto: imago/Xinhua

Abdeh considerou o impasse atual como resultado do "esforço contínuo de não conversar e não discutir a questão do governo de transição" por parte da delegação do presidente Bashar al-Assad. Ele acrescentou ainda que apenas será realizada uma próxima rodada quando houver um parceiro realmente interessado em buscar soluções políticas.

Louay Safi, porta-voz da oposição, afirmou em Genebra que "uma terceira rodada onde não se converse sobre a transição seria uma perda de tempo"

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede em Londres, o número total de mortes nos conflitos na Síria já atingiu a marca de 140 mil em três anos de violência. Apenas neste mês de fevereiro, mais de 3,4 mil pessoas morreram enquanto as negociações de paz se desenrolavam na Suíça.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU anunciou em janeiro que não iria mais contabilizar o número de mortes da guerra civil na Síria, uma vez que não era possível verificar as fontes de informação que levaram à sua última contagem, em julho de 2013, que totalizou 100 mil mortos.

RC/ap/afp/dpa

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