Netanyahu é denunciado por fraude e propina em Israel
21 de novembro de 2019
Procurador-geral acusa premiê de favorecer empresários em troca de presentes luxuosos e cobertura favorável na mídia. Caso aumenta a incerteza sobre quem irá liderar o país, que segue mergulhado num impasse político.
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O procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, apresentou nesta quinta-feira (21/11) denúncia criminal contra o primeiro-ministro em exercício Benjamin Netanyahu por fraude, recebimento de propina e abuso de confiança no âmbito de três inquéritos de corrupção.
As denúncias aumentam a incerteza sobre quem irá liderar o país, que segue mergulhado num profundo impasse político depois da realização de duas eleições que terminaram sem vencedor claro, dificultando a formação de coalizões de governo.
É a primeira vez que um premiê israelense é acusado de um crime durante o exercício do cargo.
Netanyahu, que negou irregularidades nos três casos, não tem obrigação legal de renunciar, mas há a expectativa de que ele se demita do cargo de premiê. No poder desde 2009, ele é o premiê a ficar mais tempo no cargo. Após a denúncia ser divulgada, Netanyahu afirmou que as acusações são uma “uma tentativa de golpe de Estado contra um premiê em exercício”.
O premiê pode enfrentar até dez anos de prisão se for condenado por suborno e um prazo máximo de três anos por fraude e abuso de confiança. As investigações se estenderam por três anos e nos últimos meses vinham criando dificuldades políticas para Netanyahu, afastando potenciais aliados na formação de um governo estável.
De acordo com a denúncia, Netanyahu aceitou centenas de milhares de dólares em champanhe e charutos de amigos bilionários e de ter beneficiado empresários em troca de cobertura favorável ao seu governo em um jornal e um site de notícias.
As acusações mais sérias estão conectadas ao chamado "Caso 4000", em que Netanyahu é acusado de aprovar leis que deram ao seu amigo, o magnata das telecomunicações Shaul Elovitch, benefícios no valor de 250 milhões de dólares à sua empresa Bezeq. Em contrapartida, o site Walla – uma subsidiária da Bezeq – publicou artigos favoráveis sobre Netanyahu e sua família.
A relação, segundo a acusação, era "baseada em um entendimento mútuo de que cada um deles tinha interesses significativos que o outro lado tinha capacidade de avançar". A Justiça também acusou Netanyahu de esconder o relacionamento fornecendo "informação parcial e enganosa" sobre suas conexões com Elovitch. Dois auxiliares de Netanyahu viraram testemunhas do Estado e testemunharam contra o premiê no caso.
A acusação também afirmou que os presentes, como garrafas de champanhe, dos bilionários Arnon Milchan e James Packer "transformaram-se numa espécie de linha de abastecimento". Os presentes foram estimados em cerca de 200 mil dólares.
A acusação diz que Netanyahu ajudou o israelense Milchan, um magnata de Hollywood, a prorrogar seu visto nos EUA. Já em relação a Packer não está claro o que ele recebeu em troca por oferecer presentes ao premiê.
Após o fracasso de Netanyahu em formar um novo governo após as eleições realizadas em setembro, seu principal rival, Benny Gantz, do partido oposicionista Azul e Branco, afirmounesta quarta-feira que também não conseguiu fechar uma coalização.
Com isso, o presidente, Reuven Rivlin, pediu nesta quinta-feira ao Knesset (Parlamento) que designe um candidato para montar um novo governo, no que seria a última tentativa para evitar a terceira eleição em menos de um ano.
Nas duas eleições, os partidos de Gantz e Netanyahu, conquistaram números parecidos de assentos, mas bem abaixo da quantidade necessária para obter maioria. Cada um dos líderes teve oportunidade de negociar para formar uma coalização majoritária, mas fracassaram. Não há garantias de que um terceiro pleito produza um resultado significativamente diferente dos anteriores.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.