Premiê de Israel condena afirmação de líder palestino de que judeus não foram perseguidos por causa da religião, mas por sua "função social". Lideranças judaicas e políticos mundo afora também criticam declarações.
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou nesta quarta-feira (02/05) o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, de antissemitismo e negação do Holocausto, depois que o líder palestino sugeriu em discurso que a histórica perseguição aos judeus europeus foi resultado do comportamento do próprio comportamento deles.
"Parece que, uma vez negador do Holocausto, sempre um negador do Holocausto", escreveu Netanyahu em sua conta oficial no Twitter. "Peço à comunidade internacional que condene o grave antissemitismo de Abu Mazen [nome de guerra de Abbas]."
Associações judaicas também condenaram os comentários de Abbas, feitos durante um raro encontro do Conselho Nacional Palestino, em Ramallah, na Cisjordânia, na segunda-feira. No discurso, Abbas afirmou que os judeus não haviam sofrido historicamente por causa de sua religião, mas por terem sido banqueiros e credores de dinheiro.
Abbas afirmou que os judeus que viviam na Europa sofreram massacres "a cada dez a 15 anos em algum país desde o século 11 até o Holocausto".
"Dizem que o ódio contra os judeus não foi por causa de sua religião, foi por causa de sua função social. Então, a questão judaica que se espalhou contra os judeus em toda a Europa não foi por causa de sua religião, mas por causa de agiotagem e dos bancos", disse Abbas, citando livros escritos por vários autores.
O líder palestino também descreveu a criação do Estado de Israel como um projeto colonial europeu, com o objetivo de "plantar corpos estranhos na região". "Mas isso não significa que deveríamos erradicá-los. Deveríamos coexistir com eles tendo uma solução de dois Estados como base."
Enxurrada de críticas
A crítica de Netanyahu foi reiterada por lideranças judaicas e políticos mundo afora. "O discurso de Abbas em Ramallah é o discurso clássico de um antissemita", afirmaram Marvin Hier e Abraham Cooper, da organização judaica de direitos humanos Simon Wiesenthal Center. "Em vez de culpar os judeus, ele deveria olhar em seu próprio quintal para o papel desempenhado pelo Grande Mufti no apoio à solução final de Adolf Hitler."
Eles se referiram ao Grande Mufti muçulmano Haj Amin Husseini, um aliado de Hitler na Segunda Guerra. A "solução final" dos nazistas levou à morte de seis milhões de judeus na Europa.
O embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, escreveu em seu Twitter que Abbas "atingiu o patamar mais baixo possível ao apontar o 'comportamento social' como a causa do massacre do povo judeu ao longo dos anos".
O Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos também condenou as declarações de Abbas, afirmando serem "grosseiramente imprecisas". Em comunicado, o museu destacou que o regime nazista acreditava que os alemães eram "superiores em termos raciais" aos judeus e viam sua presença como uma ameaça.
O ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, escreveu no Twitter: "Somos contra qualquer relativização do Holocausto. A responsabilidade pelo mais atroz crime da história da humanidade cabe à Alemanha. A lembrança disso serve de alerta e nos obriga a confrontar qualquer forma de antissemitismo no mundo."
O porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rdainah, recusou-se a comentar as críticas. Abbas, de 82 anos, nasceu em Safed, uma cidade no norte do território palestino, na época governado pelos britânicos. Com o aumento da violência entre judeus e árabes, sua família fugiu em 1948 para a Síria – os distúrbios culminaram ainda naquele ano na guerra entre o recém-criado Estado de Israel e seus vizinhos árabes.
Em 1982, Abbas obteve um doutorado em História no Instituto de Orientalismo de Moscou, na então União Soviética. Sua dissertação, intitulada A relação secreta entre o nazismo e o movimento sionista, atraiu críticas generalizadas de grupos judeus, que o acusaram de negação do Holocausto.
PV/ap/rtr/dpa
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Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.