Após semanas de duras negociações, premiê não consegue destravar impasse entre possíveis parceiros e perde prazo para formar coalizão. Legisladores aprovam dissolver Parlamento, e israelenses voltam às urnas em setembro.
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Os legisladores de Israel aprovaram nesta quarta-feira (29/05) a dissolução do Parlamento depois de o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ter fracassado em formar um governo de coalizão. Com isso, o país terá de voltar às urnas menos de seis meses após o último pleito.
A medida foi aprovada pelo recém-eleito Knesset (Parlamento israelense) – composto por 120 assentos – com 74 votos a favor, 45 contrários e uma abstenção.
O novo pleito foi marcado para o próximo dia 17 de setembro, criando uma situação sem precedentes no país: a realização de uma segunda eleição geral em um mesmo ano e a dissolução do Parlamento apenas um mês depois de ter tomado posse.
Netanyahu e seu partido, o Likud, tinham até meia-noite desta quarta-feira para formar um governo, após seis semanas de difíceis negociações com potenciais parceiros de coalizão.
Culpando Avigdor Liberman, líder do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu, pelo colapso das negociações, o premiê afirmou a repórteres: "Há poucas semanas o povo israelense decidiu que eu seria primeiro-ministro e o Likud lideraria um governo de direita. Liberman enganou seus eleitores. Com todas as demandas atendidas, ele inventava uma nova."
Netanyahu também acusou o direitista de ter "mudado para a esquerda". "[Liberman] não faz mais parte do bloco de direita", afirmou o chefe de governo israelense.
O principal obstáculo para a formação de governo foi uma disputa sobre um projeto de lei para aumentar o recrutamento ao serviço militar obrigatório entre os judeus ultraortodoxos – a mesma questão que levou à dissolução do governo em dezembro do ano passado e à convocação de eleições antecipadas, que acabaram sendo realizadas em abril.
Netanyahu não foi capaz de alcançar um compromisso entre o partido direitista de Liberman e legendas ultraortodoxas sobre o assunto.
Muitos estudantes seminaristas ultraortodoxos escapam de servir no Exército israelense, o que é obrigatório, já que eles têm permissão para adiar o serviço repetidas vezes. Liberman impôs como condição para se juntar ao governo a aprovação de uma lei de recrutamento obrigatório. Os partidos ultraortodoxos se opuseram veementemente à proposta de legislação.
A sigla Yisrael Beiteinu, de Liberman, tem cinco assentos no Parlamento. As legendas Shas e Judaísmo Unido da Torá, ambos de judeus ultraortodoxos, possuem juntas 16 cadeiras. Com 39 assentos, o Likud precisava dos três partidos para alcançar uma maioria de 61 parlamentares.
Netanyahu tentou até o último minuto costurar um acordo entre as partes em conflito. Ele chegou a se voltar ao Partido Trabalhista, convidando-o a entrar para a coalizão e somar o número necessário de cadeiras, mas a legenda de esquerda recusou.
Normalmente, quando um líder designado para formar um governo de coalizão fracassa em fazê-lo antes do prazo final, o presidente do país transfere a tarefa para outro membro do Parlamento – que, no caso, provavelmente seria o principal adversário de Netanyahu, o centrista Benny Gantz.
Em vez disso, no entanto, um parlamentar do partido do primeiro-ministro propôs que o Knesset votasse sobre a dissolução da Casa recém-eleita, visando evitar que o poder saísse das mãos do Likud e prevendo que Netanyahu possa sair mais uma vez vitorioso em novas eleições.
O Ministério das Finanças do país estima que a realização de um novo pleito custe o equivalente a 130 milhões de dólares (cerca de 517 milhões de reais).
Ocupando o cargo de primeiro-ministro desde 2009, Netanyahu se tornará em julho o premiê mais longevo de Israel, superando o primeiro chefe de governo do país, David Ben-Gurion.
A vitória nas eleições de abril deu sobrevida ao líder israelense, envolto em uma série de denúncias de corrupção. O pleito era considerado o maior desafio já enfrentado por ele desde que assumiu o poder, enquanto a Procuradoria-Geral do país avalia uma série de acusações de fraude, recebimento de propina e quebra de confiança envolvendo seu nome.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.