Netanyahu fracassa em nova tentativa de formar governo
22 de outubro de 2019
Pela segunda vez em poucos meses, premiê israelense não consegue cumprir a missão de formar uma coalizão de governo. Agora é a vez de seu rival Benny Gantz se encarregar da tarefa e evitar novas eleições.
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O primeiro-ministro interino de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta segunda-feira (21/10) ter comunicado ao presidente Reuven Rivlin que não conseguiu formar um novo governo para o país, após as eleições legislativas de setembro.
Com isso, seu maior rival nas urnas, o centrista Benny Gantz, terá a oportunidade de completar a difícil tarefa. Caso o político também não consiga formar um governo, o país poderá enfrentar uma terceira eleição geral no espaço de um ano. Netanyahu já havia fracassado numa primeira tentativa de chegar a uma coalizão, depois de um primeiro escrutínio realizado em abril.
Rivlin confirmou que dará a Gantz, líder da aliança de centro Azul e Branco, um prazo de 28 dias para cumprir a missão de formar um governo.
Em discurso divulgado nas redes sociais, Netanyahu, que ocupa o cargo de premiê há dez anos, afirmou que trabalhou incansavelmente para formar o governo e culpou Gantz pelo fiasco.
"Nas últimas semanas, fiz todo o possível para levar Benny Gantz à mesa de negociações. Infelizmente, ele simplesmente se negou várias vezes", afirmou o premiê interino.
O partido de Netanyahu, o conservador Likud, apresentou várias propostas ao partido de Gantz, o Azul e Branco. Mas todas tinham como condição que o general e ex-comandante do Estado-Maior de Israel – o mais votado no pleito de setembro – aceitasse dividir o poder não somente com o atual premiê interino, mas com todos os seus aliados: os partidos de direita e os ultrarreligiosos.
Desde então, a grande maioria dos analistas políticos locais apontava para a impossibilidade de que Gantz viesse a aceitar os termos de um Likud que havia assumido o compromisso de manter essa base aliada e que em alguns casos tem postura diametralmente oposta ao programa do Azul e Branco.
Bloqueio múltiplo
Recentemente, o Likud acusou o Azul e Branco de uma postura de bloqueio frente a um governo de unidade com uma divisão partilhada entre seus parceiros. Gantz, por outro lado, enfatizou que seu partido não faria parte de um governo "cujo presidente enfrenta uma acusação séria".
Netanyahu está enfrentando acusações de suborno, fraude e abuso de confiança em três casos de corrupção. Após quatro dias de audiências sobre as alegações, o procurador-geral quer agora decidir sobre uma acusação até o final do ano.
Logo após a eleição, Netanyahu formou um bloco com os partidos religiosos e de direita. Ele insiste em incluí-los numa aliança governamental. No entanto, Gantz visa a uma grande coalizão secular.
Gantz, recém-chegado à política, terá agora a oportunidade de tentar formar o governo e se tornar o novo primeiro-ministro de Israel. Caso ele não consiga, Rivlin pode repassar a tarefa ao Knesset (Parlamento), que poderia propor e aprovar qualquer deputado que contasse com apoio suficiente. No entanto, o mais provável é que o país tenha uma nova eleição legislativa.
"O tempo para devaneios está acabando, e chegou a hora de agir. O Azul e Branco está decidido a formar um governo de união liberal liderado por Benny Gantz, em quem o povo de Israel votou há um mês", disse o partido em comunicado.
Nem o Azul e Branco ou o Likud têm cadeiras suficientes no Parlamento para governar ao lado de seus aliados naturais. A única opção viável seria um pacto entre os dois partidos. Rivlin sugeriu a alternância no poder entre as duas legendas, mas em nenhum momento elas estiveram perto de um acordo.
Todos os partidos representados no Knesset poderão nos próximos três dias fazer consultas junto ao presidente, para transmitir sua posição sobre um possível governo liderado por Gantz.
Será especialmente importante saber como se posicionará o líder da legenda direitista e laica Israel Nosso Lar, Avigdor Lieberman, que até agora reiterou a decisão de só apoiar um governo de união nacional.
Como tem oito cadeiras no Parlamento, o partido, se fechar um acordo com Gantz, representaria um grande impulso para que o general consiga formar uma coalizão – no entanto, ainda seria necessário ganhar o apoio dos partidos árabes, tradicionalmente excluídos de pactos de governo.
Essa é a maior acusação que Netanyahu faz a seu rival: que ele pretenda governar com o apoio da população árabe-israelense, que representa 20% da população, mas em termos políticos é geralmente isolada.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.