Funcionário do mercado kosher invadido por Amedy Coulibaly, muçulmano recebe elogios do primeiro-ministro israelense por ter ajudado a salvar reféns e por ter fornecido informações-chave à polícia.
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No ataque ao mercado kosher em Paris na última sexta-feira (09/01), um dos funcionários do local agiu de forma heroica. Lassana Bathily, um jovem imigrante do Mali, trabalhava no depósito da loja quando Amedy Coulibaly entrou armado. Ele desligou rapidamente o congelador do estoque de alimentos, onde escondeu um grupo de funcionários, antes de escapar por uma saída de incêndio e se dirigir à polícia.
Inicialmente, ele foi confundido com o sequestrador, jogado ao chão e algemado. Após a constatação do engano, ele forneceu aos policiais a chave que eles precisariam para erguer as portas de ferro da loja e realizar a invasão ao local, libertando 15 reféns e matando o sequestrador. Quatro pessoas morreram – aparentemente baleadas por Coulibaly.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante visita a Grande Sinagoga de Paris na noite de domingo, fez um agradecimento a Bathily. "Gostaria de expressar o meu apreço ao cidadão malinês que ajudou a salvar sete judeus", afirmou.
Netanyahu também elogiou a "posição bastante firme" tomada pelos líderes franceses contra o que chamou de "novo antissemitismo e terrorismo" no país. "Nosso inimigo comum é o islã extremista e radical, e não o islã comum", ressaltou, pouco depois de ter se juntado a outros líderes internacionais na grande marcha pela unidade, que reuniu cerca de 1,6 milhão de pessoas nas ruas da capital francesa.
"Israel hoje está ao lado da Europa, mas esperamos que a Europa também fique ao lado de Israel", afirmou o premiê israelense. "Aqueles que recentemente massacraram e assassinaram judeus em uma sinagoga em Israel e os que assassinaram judeus e jornalistas em Paris são parte do mesmo movimento global de terror", acrescentou, se referindo ao ataque a uma sinagoga de Jerusalém em novembro. "Devemos condená-los da mesma forma e devemos combatê-los da mesa forma."
Netanyahu reiterou o convite feito anteriormente aos judeus franceses para que migrem para Israel, um dia depois de dizer que o país também é seu lar.
Dados do SPCJ, uma organização franco-judaica que avalia a segurança dos judeus, mostram que o número de incidentes antissemitas aumentou 91% nos primeiros sete meses de 2014 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou, durante visita ao local onde o cerco ao mercado kosher ocorreu, que "a França sem os judeus franceses não seria a França".
Marchas mundo afora homenageiam vítimas de Paris
Após atentados que deixaram 17 mortos, além da capital francesa, cidades como Buenos Aires, Madri, Londres, Istambul e Tóquio são palco de manifestações contra o terrorismo e o ataque ao jornal "Charlie Hebdo".
Foto: AFP/Getty Images/B. Kilic
Paris
No epicentro dos acontecimentos, estima-se que até 3 milhões de pessoas tenham saído às ruas neste domingo (11/01). O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que a marcha "sem precedentes" reuniu tantas pessoas, que era impossível contá-las. Segundo o ministro, esta foi a maior manifestação da história da França.
Foto: Reuters/Platiau
Berlim
Cerca de 18 mil pessoas reuniram-se em frente à embaixada francesa na capital alemã, próxima ao Portão de Brandemburgo. Muitos trouxeram flores, lápis e cartazes com os dizeres "Je suis Charlie", em referência ao jornal satírico "Charlie Hebdo", alvo de um ataque que deixou 12 mortos.
Foto: picture-alliance/dpa/Jensen
Londres
Na famosa Trafalgar Square, cerca de 2 mil pessoas se reuniram em solidariedade aos mortos nos atentados na França. As cores da bandeira francesa, vermelho, branco e azul, foram projetadas na fachada da National Gallery, assim como nos monumentos London Eye e Tower Bridge.
Foto: picture-alliance/dpa/Arrizabalaga
Viena
Em tributo às 17 vítimas dos ataques na França, cerca de 12 mil pessoas protestaram em frente ao gabinete presidencial na capital austríaca.
Foto: REUTERS/H.-P. Bader
Bruxelas
Na capital da Bélgica, cerca de 20 mil pessoas marcharam em silêncio pelo centro da cidade em protesto contra o atentado ao jornal satírico francês "Charlie Hebdo" e contra o terrorismo.
Foto: picture-alliance/dpa/Jensen
Madri
Centenas de muçulmanos reuniram-se na estação de trem Atocha, palco do pior ataque terrorista já ocorrido na Espanha, em 2004. Os manifestantes carregavam cartazes com mensagens em defesa do islã.
Foto: REUTERS/J. Medina
Buenos Aires
Na capital da Argentina, manifestantes marcharam rumo à embaixada da França em tributo às vítimas dos ataques que chocaram o país e o mundo, carregando bandeiras francesas e cartazes com os dizeres "Je suis Charlie".
Foto: REUTERS/E. Marcarian
Estocolmo
Cerca de 3 mil pessoas enfrentaram a neve e saíram às ruas da capital da Suécia para protestar a favor do respeito e da paz. A marcha foi organizada pela organização Repórteres Sem Fronteiras e por cartunistas suecos.
Foto: REUTERS/H. Montgomety
Tóquio
Algumas centenas de pessoas, a maioria franceses que vivem no Japão, reuniram-se no pátio do Instituto Francês da capital do país. Foi feito um minuto de silêncio em memória das vítimas dos atentados desta semana.
Foto: AFP/Getty Images/T. Kitamura
Sydney
Na maior cidade da Austrália, centenas de pessoas foram à praça Martin Palce, onde um seguidor do grupo radical "Estado Islâmico" fez 18 reféns em dezembro de 2014. Mais de 500 australianos e franceses seguravam cartazes com dizeres como "Je suis Charlie" e "Freedom" (liberdade).
Foto: AFP/Getty Images/P. Parks
Jerusalém
Centenas de pessoas reuniram-se numa cerimônia na prefeitura da cidade israelense, em solidariedade à França e à comunidade judaica. Quatro das vítimas dos ataques desta semana eram judeus.
Foto: AFP/Getty Images/G. Tibbon
Istambul
Dezenas de manifestantes foram ao centro da cidade turca, onde a grande maioria da população é muçulmana. Numa marcha silenciosa, cerca de 120 pessoas caminharam em direção ao consulado francês.