Visita ao Brasil seria a primeira de um primeiro-ministro de Israel desde a criação do país. Presidente do Chile confirma presença na cerimônia em Brasília, e próximo governo começa a dar sinais de sua política externa.
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve comparecer à cerimônia de posse de Jair Bolsonaro como presidente da República em 1º de janeiro de 2019. Se acontecer, será a primeira visita de um chefe de governo israelense ao Brasil desde a criação do Estado, em 1948.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a intenção foi comunicada pelo próprio Netanyahu ao presidente eleito durante uma conversa por telefone na segunda-feira (29/10) para cumprimentá-lo pela vitória da véspera nas eleições.
No telefonema, o premiê também fez um convite a Bolsonaro para uma visita a Israel, e o capitão da reserva prometeu que iria assim que sua saúde melhorar – ele está se recuperando de uma facada que levou durante um ato de campanha em Juiz de Fora em setembro.
Em comentários mais tarde sobre a conversa telefônica, ambos celebraram o estreitamento dos "laços de amizade" entre os dois países esperado a partir do próximo ano.
Segundo a Folha, o embaixador israelense no Brasil, Yossi Shelley, descreveu a conversa como "excelente, aberta, entre amigos". "Eles se encontraram apenas uma vez em Israel, há dois anos e meio, mas era possível sentir que havia um calor que é mais do que uma conversa de cortesia. Foi possível sentir que havia uma química."
Shelley se referia a uma viagem de Bolsonaro a Israel em 2016, então deputado federal, organizada pelo ex-candidato à Presidência Pastor Everaldo. Na ocasião, ele foi batizado nas águas do rio Jordão e afirmou que sua primeira visita oficial como presidente, caso eleito, seria ao país do Oriente Médio.
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro disse ainda que pretendia, como chefe de Estado, reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, transferindo a sede da embaixada brasileira de Tel Aviv para a cidade disputada. A medida seguiria os passos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que, inclusive, também falou com o brasileiro nos últimos dias.
Chile e Mercosul
Conversas com determinados líderes internacionais desde a vitória nas urnas, bem como declarações de Bolsonaro e de seus futuros ministros começam a dar sugestões de como o Brasil deve moldar sua política externa a partir do ano que vem. O papel da Argentina e do Mercosul, por exemplo, é um dos pontos que devem sofrer alterações.
O presidente do Chile, o centro-direitista Sebastián Piñera, foi o primeiro líder a anunciar oficialmente sua presença na posse de Bolsonaro em 1º de janeiro.
A jornalistas, Piñera confirmou ainda que o Chile será o primeiro país a ser visitado pelo capitão reformado após a cerimônia de posse, conforme já havia adiantado o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apontado como futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
O líder chileno divulgou o teor de uma conversa que teve na segunda-feira com o presidente eleito, a quem telefonou para reiterar os cumprimentos pela vitória nas eleições de domingo, bem como o convite para que ele visite o Chile, feito primeiramente pelas redes sociais.
Piñera afirmou que no telefonema de cinco minutos os dois conversaram sobre temas como o corredor bioceânico – uma rodovia que pretende ir do Brasil a portos chilenos – e o tratado de livre-comércio assinado há poucos dias entre os dois países.
"Eu o parabenizei por um ato democrático da sociedade brasileira que foi impecável, pela grande vitória nas eleições, e também conversamos sobre temas que interessam aos dois países, e ele confirmou que visitará o Chile", disse o sul-americano.
Com o Chile sendo o primeiro destino internacional de Bolsonaro, o próximo presidente quebra uma tradição entre líderes eleitos no Brasil de realizarem sua primeira visita oficial à Argentina, um importante parceiro comercial do país.
Tanto Bolsonaro como seu futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmaram que Buenos Aires e o Mercosul – que reúne, além de Brasil e Argentina, o Paraguai e o Uruguai – não serão prioridade em seu governo, surpreendendo membros do bloco.
Segundo o presidente eleito, o Mercosul tem sido muito valorizado pelos governos brasileiros, algo que precisa mudar. Em entrevistas à televisão na segunda-feira, ele afirmou que essa valorização deveu-se a questões ideológicas, protegendo determinados países que, na sua opinião, "burlavam" regras. "Queremos nos livrar de algumas amarras do Mercosul", disse Bolsonaro.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.