Plano ambicioso para pausar o conflito na Faixa de Gaza incluía libertação de todos os reféns. Premiê israelense diz estar perto de "vitória absoluta" e que Israel é o único poder capaz de garantir a paz duradoura.
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou nesta quarta-feira (07/02) uma proposta apresentada pelo grupo radical islâmico Hamas para implementação de um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O plano, apresentado horas antes, previa uma trégua de quatro meses no conflito com Israel , que incluiria ainda a libertação de todos os reféns israelenses. Em contrapartida, o país teria de retirar suas tropas do enclave palestino e aceitar negociar um acordo para o fim definitivo da guerra.
A proposta veio em resposta a uma oferta enviada dias atrás por representantes do Catar e do Egito, países que vem atuando como mediadores no conflito iniciado após os ataques terroristas do grupo radical a Israel em 7 de outubro de 2023.
A estratégia apresentada pelos diplomatas egípcios e cataris era considerada a mais ambiciosa desde o início da guerra. A versão final colocada pelo Hamas propunha que todos os reféns fossem libertados em troca de centenas de palestinos presos em Israel, incluindo alguns militantes de alta patente.
Após reunir-se nesta quarta-feira com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, que realiza uma nova viagem ao Oriente Médio na tentativa de assegurar um cessar-fogo, Netanyahu anunciou que seu país rejeitava o plano proposto pelo Hamas.
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Proposta "delirante", diz Netanyahu
"Estamos a caminho de uma vitória absoluta", disse o premiê israelense, acrescentando que a operação militar no enclave deve durar meses, não anos. "Não há outra solução."
Netanyahu classificou como "delirante" a proposta do Hamas e descartou futuros acordos que deixem o grupo extremista com o controle total ou parcial sobre a Faixa de Gaza. O premiê também afirmou que Israel é o único poder capaz de garantir a segurança de maneira duradoura na região.
"Nós nos rendermos às exigências delirantes do Hamas, que escutamos agora, não apenas não garantirá a libertação dos reféns, como acarretará mais um massacre", disse o primeiro-ministro em uma coletiva de imprensa.
Pouco antes, Blinken havia dito que ainda era necessário muito trabalho para superar as diferenças entre Israel e o Hamas quanto a um futuro acordo de paz. O presidente dos EUA, Joe Biden, ponderou que as exigências do Hamas eram "um pouco extremas", mas assegurou que as negociações continuariam. Israel, Estados Unidos e a União Europeia, entre outros, classificam o Hamas como grupo terrorista.
A guerra entre Israel e o Hamas já provocou a morte de mais de 27 mil palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo radical. Bairros inteiros foram dizimados, com a grande maioria da população de 2,2 milhões sendo forçada a deixar suas casas. Um quarto dos habitantes do enclave é assolado pela fome.
rc/le/av (Reuters/AP)
Morte e desespero em Gaza
Uma catástrofe humanitária atinge a Faixa de Gaza. Após os ataques do Exército israelense em retaliação aos atentados terroristas do grupo radical islâmico Hamas, o número de mortos e feridos só aumenta.
Foto: Fatima Shbair/AP/picture alliance
Fumaça preta sobre escombros
Uma imagem de destruição máxima: três dias após os ataques do grupo fundamentalista islâmico Hamas, classificado como organização terrorista pela UE, EUA e outros países, Israel intensificou os bombardeios na Faixa de Gaza. A retaliação foi anunciada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu: "O que faremos com nossos inimigos nos próximos dias repercutirá por gerações."
Foto: Belal Al SabbaghAFP/Getty Images
Centenas de prédios destruídos
Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 800 edifícios na Faixa de Gaza foram completamente destruídos, e mais de 5 mil foram severamente danificados. Além disso, o abastecimento de água foi interrompido para cerca de 400 mil pessoas.
Foto: Mohammed Talatene/dpa/picture alliance
Mais de mil mortos de ambos os lados
Equipes de resgate buscam sobreviventes após ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Em apenas seis dias, o conflito entre o Hamas e Israel já deixou mais de 2,5 mil mortos de ambos os lados.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Luto pelas vítimas
Um homem carrega o corpo de uma criança morta no ataque israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, antes de ela ser enterrada ao lado de outras vítimas. Segundo autoridades de saúde palestinas nesta quinta-feira (12/10), mais de 440 crianças e mais de 240 mulheres estão entre os mortos em Gaza.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Fugir para onde?
Palestinos na Faixa de Gaza fogem dos ataques israelenses em um micro-ônibus. Segundo informações da ONU, mais de 338 mil pessoas já foram deslocadas de suas casas. Grande parte está se abrigando em escolas, e outras, em residências particulares. A fuga de Gaza deixou de ser possível depois que Israel isolou a área.
Foto: Saleh Salem/REUTERS
Israel controla a fronteira
Tropas de Israel patrulham a fronteira com Gaza. Na noite de 7 de outubro, combatentes do Hamas romperam barreiras em alguns pontos e entraram em território israelense. A cerca, que tem 60 quilômetros de extensão, foi construída em 1994. A fronteira com o Egito também é cercada numa faixa de um quilômetro.
Foto: Oren Ziv/AP/picture alliance
Movimentação de tropas
Após a mobilização de mais de 300 mil reservistas por parte de Israel, muitas pessoas na Faixa de Gaza temem uma ofensiva terrestre das forças israelenses. Veículos e equipamentos militares foram agrupados ao longo da fronteira. Além disso, as populações das cidades israelenses que fazem fronteira com Gaza foram quase que totalmente evacuadas.
Foto: Ilia Yefimovich/dpa/picture alliance
"Desastre absoluto"
Crescem os temores de uma catástrofe humanitária na Faixa de Gaza. O secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, Jan Egeland, alertou sobre um "desastre absoluto". Uma "punição coletiva" da população violaria a lei internacional: "Se crianças feridas morrerem em hospitais porque não há eletricidade, isso pode ser um crime de guerra."
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Jahia Sinwar, líder do Hamas
Jahia Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza desde 2017, é considerado um dos líderes do ataque terrorista a Israel. O extremista, que cresceu em um campo de refugiados em Gaza, é o segundo homem mais poderoso depois do líder supremo Ismail Haniya. Sinwar conceitua "seu povo" como "mártires que preferem morrer a ceder à humilhação frente ao inimigo".
Foto: Mohammed Abed/AFP
Escalada da violência
A escalada da violência continua. Um porta-voz do Hamas disse a agências de notícias que toda vez que Israel bombardear civis sem aviso, um refém israelense será morto. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, respondeu à ameaça, alertando sobre mais violência contra os reféns: "Esses crimes de guerra não serão perdoados."