Apesar de escândalo de corrupção e fortalecimento da oposição, aliança do premiê garante maioria no Parlamento para formar coalizão. Ele será o líder mais longevo do país. Partido rival reconhece vitória do conservador.
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O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu caminha para seu quinto mandato, o quarto consecutivo, e para se tornar o líder mais longevo de Israel desde Ben Gurion, fundador do Estado judaico. Com mas de 97% dos votos apurados nesta quarta-feira (10/04), o político conservador e sua aliança de centro-direita parecem ter assegurado cadeiras suficientes no Parlamento nacional para continuar no poder.
A vitória dá sobrevida política a Netanyahu, de 69 anos, envolto em uma série de denúncias de corrupção. Essas eleições eram consideradas como o maior desafio já enfrentado por ele desde que assumiu o poder, enquanto a Procuradoria-Geral do país avalia uma série de acusações de fraude, recebimento de propina e quebra de confiança envolvendo seu nome.
Seu partido, o Likud, conquistou 35 cadeiras no Knesset (Parlamento israelense), praticamente o mesmo número obtido pela legenda Azul e Branco ("Kahol Lavan", em hebraico), de seu adversário centrista, o ex-chefe do Estado Maior do Exército Benny Gantz. Mas, a soma dos votos do Likud e dos demais partidos de direita aliados à sigla garantem 65 das 120 vagas.
Esse resultado deixa o presidente israelense, Reuven Rivlin, encarregado de solicitar a um dos candidatos para que forme um novo governo, com poucas alternativas a não ser optar pelo atual premiê, levando ao início de intensas negociações entre os partidos, que podem se arrastar por semanas.
O comparecimento às urnas foi de 67,9%, um pouco mais baixo dos 71,8% registrados nas eleições de 2015. Os resultados finais são esperados para esta quinta-feira.
No início da manhã, Netanyahu já falava em uma "vitória magnífica" durante uma festa do Likud em Tel Aviv. "Será um governo de direita, mas serei o primeiro-ministro de todos", afirmou, dizendo se tratar de um "dia histórico". "O presidente deve nos dar a tarefa de formar o próximo governo, já que somos o maior partido."
Mais tarde, líderes do Azul e Branco reconheceram a derrota nas eleições, prometendo trabalhar contra Netanyahu na oposição. Yair Lapid, o número dois do partido, afirmou que a legenda está disposta a "amargar a vida do governo Netanyahu".
"Respeitamos a decisão do povo", disse Gantz. De olho nas próximas eleições, ele afirmou que o Azul e Branco "fundou uma verdadeira alternativa a Netanyahu".
Para garantir uma futura coalizão de governo, Netanyahu se aproximou de partidos ultradireitistas e chegou a prometer anexar os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, uma das principais bandeiras dos partidos de extrema direita, além de reforçar a retórica agressiva contra árabes e outros grupos.
Ele se esforçou para se mostrar como um estadista fundamental para o futuro de Israel e exaltou seus laços com outros políticos populistas, como os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro. O premiê inclusive adotou algumas das táticas de seu colega americano, chamando as investigações contra si de uma "caça às bruxas".
Gantz, de 59 anos, se mostrou um adversário difícil para o veterano premiê ao se colocar como um especialista em segurança e prometer desfazer os danos provocados pelo que chamou de uma política divisiva de Netanyahu. Ele qualificou como "irresponsável" a promessa de Netanyahu de anexar os assentamentos na Cisjordânia.
RC/afp/dpa
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Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.