Netanyahu sobrevive a moção que poderia acabar com governo
12 de junho de 2025
Proposta visava dissolver o Parlamento israelense e convocar novas eleições. Após acordo com governo sobre lei que torna o alistamento militar obrigatório, partidos ultraortodoxos apoiaram o premiê.
Projeto para dissolver Parlamento, chefiado por Benjamin Netanyahu, não foi adianteFoto: Ohad Zwigenberg/AP Photo/picture alliance
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A tentativa de dissolver o atual governo de Israel e promover novas eleições, por meio de uma moção apresentada pela oposição no Knesset, o parlamento israelense, foi rejeitada com 61 votos contra e 53 a favor, em sessão que se arrastou até a madrugada desta quinta-feira (12/06).
O resultado mantém o primeiro-ministro de ultradireita, Benjamin Netanyahu, no poder, e a oposição, composta em sua maioria por centristas e esquerdistas, terá de esperar pelo menos seis meses para apresentar uma nova proposta semelhante.
A esperança dos oposicionistas, liderados pelo partido Yesh Latid, residia nos votos de duas bancadas compostas por ultraortodoxos que integram o governo e que haviam ameaçado retirar apoio devido à lentidão na aprovação de um projeto de lei que isentaria grande parte dos judeus ultrarreligiosos do serviço militar obrigatório – principalmente, os que frequentam uma escola religiosa em tempo integral.
No entanto, os partidos Judaísmo Unido da Torá e Shas acabaram votando majoritariamente contra a dissolução do Knesset, argumentando que chegaram a um acordo preliminar com Netanyahu.
Em junho de 2024, após o término da disposição temporária que permitia isenções – nunca transformada em lei –, o Supremo Tribunal ordenou que o Exército começasse a alistar ultraortodoxos, o que obrigou o governo a apresentar um projeto de lei para manter grande parte das dispensas.
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Proposta polêmica
A proposta está bloqueada há meses no parlamento justamente devido a divergências entre membros da coalizão governamental sobre o seu alcance e os mecanismos para a sua aplicação.
A isenção militar dos ultraortodoxos é um assunto controverso em Israel, especialmente desde o início dos ataques na Faixa de Gaza, que levou o governo a prolongar a duração do serviço militar obrigatório e a mobilizar dezenas de milhares de reservistas a fim de manter a ofensiva.
Conforme uma pesquisa publicada em março no jornal de direita Israel Hayom, 85% dos judeus israelenses apoiam uma alteração na legislação sobre o alistamento militar para os ultraortodoxos, sendo que 41% mostraram-se a favor de uma lei que torne o serviço militar – que é de 32 meses para os homens – obrigatório para todos os maiores de idade.
Argumentações de ambos os lados
Antes da votação, o deputado Yuli Edelstein, do partido Likud, presidido por Netanyahu, anunciou que a direita e os ortodoxos haviam chegado a um acordo sobre os "princípios nos quais o projeto de lei do serviço militar obrigatório irá se basear". Ele não especificou quais seriam os termos desse acordo.
Já o líder da oposição, Yair Lapid, declarou que o atual governo está no começo do fim. "Quando as coalizões começam a se desintegrar, elas se desintegram. Isso já começou, e é assim que acontece quando um governo começa a entrar em colapso", disse Lapid, acrescentando que os partidos ultraortodoxos tiveram que optar entre perder uma lei sobre sua isenção do serviço militar ou perder seu lugar no governo – e perderam a isenção.
O ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, rebateu, dizendo que a coalizão governamental segue "avançando" e "mais forte do que nunca".
gb/cn (AFP, EFE, Lusa)
O mês de junho em imagens
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