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Nicarágua revoga reforma da previdência após protestos

22 de abril de 2018

Depois de quatro dias de manifestações violentas, com dezenas de mortos e feridos, presidente nicaraguense cancela planos de reforma do sistema previdenciário que aumentaria contribuições e reduziria benefícios.

Manifestante na Nicarágua em meio a pneus incendiados, em 20 de abril de 2018
Prelo menos 24 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em manifestaçõesFoto: picture-alliance/dpa/AP/A. Zuniga

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, concordou neste domingo (22/04) em anular uma reforma altamente controversa das leis de previdência do país, que desencadeou quatro dias de violência, deixando pelo menos 24 mortos e dezenas de feridos.

Conversando com líderes econômicos, Ortega declarou que o Instituto de Seguridade Social da Nicarágua decidiu retirar a reforma, que elevaria o valor das contribuições e reduziria o valor das aposentadorias, num esforço para frear o déficit nacional crescente.

Através de duas resoluções, o país havia decidido aumentar de 6,25% para 7% a alíquota que os trabalhadores pagam à previdência social, além de elevar de 19% para 21% a cota patronal. Além disso, os aposentados teriam que fornecer 5% do valor de suas pensões em conceito de cobertura de doenças.

Quatro dias de protestos violentos

As propostas da reforma da previdência desencadearam uma onda de prostestos que começaram na última quarta-feira, na capital, Manágua, e em León, espalhando-se para outras regiões do país.

Os protestos endureceram na sexta-feira, com confrontos com a polícia e danos em edifícios governamentais em Manágua e outras cidades. Na véspera, quatro canais de televisão independentes haviam sido impedidos pelo Executivo de fazer a cobertura das manifestações.

O aumento do custo de vida, os atos de corrupção e ações contra a liberdade de expressão na Nicarágua, entre outros, são alguns dos fatores que motivaram os protestos.

No sábado, o presidente havia quebrado o silêncio que tinha mantido desde o início das manifestações, afirmando estar aberto a dialogar sobre as planejadas reformas.

"O governo está totalmente de acordo em retomar o diálogo pela paz, pela estabilidade, pelo trabalho, para que o nosso país não enfrente o terror que estamos vivendo neste momento", afirmou na televisão nacional. O diálogo, no entanto, seria apenas com lideranças do setor privado, e não com outras parcelas da sociedade, disse.

O presidente afirmou que as manifestações foram apoiadas por grupos políticos que se opõem a seu Executivo e são financiados por organizações extremistas dos Estados Unidos, sem dar mais detalhes ou identificar os movimentos.

Seu objetivo, prosseguiu Ortega, é "semear o terror, semear a insegurança e destruir a imagem da Nicarágua", depois de 11 anos de paz em seu governo. Após o discurso, centenas de jovens envolveram-se novamente em confrontos violentos com a polícia na capital.

AV/afp/rtr/ap/lusa

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