Três meses depois do ataque que causou a morte de 86 pessoas durante as comemorações do Dia da Bastilha, a França presta homenagem às vítimas. Hollande diz que liberdade vai prevaler sobre o terrorismo.
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Por volta de 2,5 mil pessoas participaram em Nice, neste sábado (15/10), da cerimônia em memória das vítimas do atentado de 14 de julho, quando um tunisiano que morava na cidade matou 86 pessoas durante as comemorações do Dia da Bastilha.
Além de sobreviventes e parentes das vítimas, estavam presentes também o presidente François Hollande, diversos ministros e deputados. Também participaram da cerimônia o ex-chefe de Estado Nicolas Sarkozy e a líder oposicionista Marine Le Pen, presidente do partido populista de direita Frente Nacional.
Na cerimônia, Hollande disse estar convencido de que a humanidade vai prevalecer sobre o terrorismo. Ele afirmou que os terroristas atacaram a "unidade nacional" da França no atentado realizado no Dia da Bastilha, data nacional do país. "No entanto, essa missão infame vai fracassar, e, no final, a unidade, a liberdade, a humanidade vão prevalecer", declarou o presidente francês.
"As vítimas dessa barbárie não tinham todas a mesma origem, a mesma história de vida, a mesma cor de pele, a mesma religião, mas hoje estão todas unidas na dor", disse o chefe de Estado durante a cerimônia na Colina do Castelo, perto do centro histórico de Nice. Hollande salientou que, após o atentado, rezou-se para as vítimas em todas as igrejas, mesquitas e sinagogas da cidade litorânea.
Durante a cerimônia, dois atores da ópera local leram os nomes dos 86 mortos, e escolares depositaram uma flor branca para cada um deles. Os participantes lembraram as vítimas com um minuto de silêncio, antes que um coro infantil cantasse a Marselhesa.
Adiado pela chuva
Inicialmente, a cerimônia fúnebre estava prevista para esta sexta-feira, mas foi adiada em um dia devido à forte chuva. Na noite de 14 de julho, um tunisiano de 31 anos avançou com um caminhão sobre a multidão que se encontrava no passeio à beira-mar de Nice para assistir à queima de fogos em homenagem ao feriado nacional. Ele acabou sendo morto a tiros pela polícia.
O grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) assumiu a autoria do atentado. Os investigadores, porém, não constataram nenhuma ligação entre o autor do ataque e o EI. O massacre em Nice foi o pior atentado na França desde a série de ataques coordenados a bares, restaurantes e à sala de concertos Bataclan em Paris, quando 130 pessoas foram mortas no dia 13 de novembro de 2015.
Quinze crianças morreram no atentado na noite de 14 de julho em Nice, outras 98 ficaram feridas. Por volta de um terço das vítimas eram muçulmanos. Vários turistas estrangeiros foram mortos, incluindo uma brasileira e sua filha. Ainda hoje, feridos do ataque estão em tratamento em hospitais.
CA/afp/dpa/dw
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".