Andy Warhol, Alain Delon, Mick Jagger são alguns dos nomes que cruzaram a vida da alemã Nico. Chega às telas a biografia da supermodelo, cantora e artista – para quem a beleza era maldição, e as drogas, o antídoto.
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Beldade, supermodelo, ícone estilístico: nascida em 1938 em Colônia e crescida em Berlim após a Segunda Guerra, Christa Päffgen alcançara projeção internacional ainda jovem. Aos 17 anos ela posa para revistas de moda em Paris. Os fotógrafos lhe dão o pseudônimo "Nico", com o qual ela segue para Nova York, para mergulhar num mundo sem amarras nem fronteiras.
Nico, 1988 junta os cacos daquilo que, no fim dos anos 80, sobrara da fama das décadas passadas. O filme biográfico mostra a celebridade alemã em seu último ano de vida, marcada pelas drogas e pelos esforços pelo reconhecimento como artista por seus próprios méritos.
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Pois era essa a motivação de Nico: emancipação, ruptura com as estruturas do passado, que superficialmente podiam lhe parecer ilimitadas, mas dentro das quais ela só conseguia se mover sob direção externa.
Nico é considerada como uma das primeiras supermodelos, ícone da cultura pop e pioneira dos movimentos punk e gótico. Ela se consagrou como musa do artista nova-iorquino Andy Warhol, em cujo ateliê "Factory" encontraria Mick Jagger, Jim Morrison, Lou Reed e outros. Entre incontáveis parceiros de cama, teve com Alain Delon um filho cuja paternidade o ator francês nunca reconheceu.
Ela fica também conhecida como atriz sobretudo graças à breve aparição em A doce vida, de Federico Fellini, em que representa a si mesma. Mas: é desse modo que uma pessoa autodeterminada quer ser definida? – ela se pergunta sem cessar.
Movida pela vontade de escapar do mundo dos belos, Nico encontra uma aliada: a heroína. A droga a ajuda a se afastar da própria imagem, na atitude e, acima de tudo, na aparência: sua decadência física é intencional. Numa das cenas, encarnada pela atriz dinamarquesa Trine Dyrholm, diante do espelho ela se pergunta: "Sou feia? Tudo bem, eu não era feliz quando era bonita."
A biografia dirigida pela italiana Susanna Nicchiarelli mostra um anjo caído. Nico é tudo, menos uma figura de identificação. Seu filho Ari era levado, ainda criança, de festa em festa em Nova York, onde drogas diversas estavam ao alcance da mão, por cima das mesas. Sendo criado pela mãe de Delon, quando voltou para Nico aos 19 anos ela o introduziu na heroína e partilhava a seringa com ele.
No fim dos anos 60 a artista cantara no disco de estreia da banda Velvet Underground, e em seguida gravou seis álbuns solo, entre os quais Chelsea Girl, de 1967. O filme a mostra se apresentando em pequenos clubes, nos anos 80, insultando seus músicos diante do público. Suas letras mórbidas lhe valeram o título "Sacerdotisa da Escuridão". Em breve não quer mais ser Nico, mas sim voltar a ser chamada Christa.
A atriz principal e a diretora resistem à tentação de despertar no espectador simpatia pela protagonista. O clima da encenação é simplesmente desolador, em gritante contraste com o mundo da alta sociedade cuja figura de proa Nico uma vez fora. A própria Dyrholm canta todas as passagens musicais – o que não deve ter sido fácil, devido à desafinação constante e o pesado sotaque alemão de Nico.
Nico, 1988 estreou nos cinemas alemães exatamente no 30º aniversário da morte da artista: em 18 de julho de 1988, aos 49 anos, ela foi vítima de um acidente de bicicleta, na ilha espanhola de Ibiza.
De clássicos como "King Kong" e "Oito e meio" ao sucesso recente de "Ave, César!", há quase um século o próprio processo de produzir filmes tem se provado tema fascinante para cineastas e público.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/UIP
"Cantando na chuva" (1952)
O famoso musical enfoca a Hollywood da década de 20, na transição do filme mudo para o sonoro, quando a súbita pressão para representar com a voz representou o ocaso para diversos astros e estrelas do cinema. As sequências cantadas e dançadas com Gene Kelly (foto), Debbie Reynolds e Donald O'Connor são um forte tributo ao gênero musical da época.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
"King Kong" – original e remakes
Com um macaco-monstro e efeitos especiais icônicos, a versão de 1933 de "King Kong" foi um marco da história do cinema. Seguiram-se várias refilmagens, destacando-se as de 1976, com Jessica Lange e Jeff Bridges, e 2005 (foto), dirigida por Peter Jackson. O misto de história de amor bestial e thriller acompanha uma equipe cinematográfica à Ilha da Caveira, onde se depara com o colossal gorila.
Foto: Presse
"Bancando o águia" (1924)
Essa comédia muda foi possivelmente a primeira produção a revelar aos espectadores os bastidores da indústria cinematográfica. Em sonho, o projecionista Buster assume o papel do detetive Sherlock Holmes, resolve um caso e conquista o amor da mocinha. De volta à realidade, ele imita seu herói cinematográfico. "Sherlock Jr." é considerada uma das obras mais importantes do americano Buster Keaton.
Foto: AP
"O artista" (2011)
Também em "O artista", dois atores se encontram na transição para o filme sonoro. Rodado em preto-e-branco, com entretítulos e diálogo esparso, ele é uma homenagem à era do cinema mudo e uma declaração de amor à sétima arte. A produção francesa recebeu cinco Oscars e três Globos de Ouro, entre vários outros prêmios.
Foto: picture-alliance/dpa
"Crepúsculo dos deuses" (1950)
Em seu drama, Billy Wilder conta a história do cineasta fracassado Joe Gillis (William Holden) e da ex-diva das telas Norma Desmond (Gloria Swanson). O resultado é um retrato impiedoso da assim chamada "fábrica dos sonhos" Hollywood. O diretor evitou o quanto pôde revelar a trama a seus produtores, para evitar que o fizessem abrandar o tom crítico de seu "Sunset Boulevard" (título original).
Foto: AP
"O desprezo" (1963)
Jean-Luc Godard também retratou a comercialização do cinema nessa produção ítalo-francesa. Brigitte Bardot representa a esposa do roteirista Paul Javal (Michel Piccoli), cuja relação sucumbe à ganância e desconfiança, nas engrenagens da indústria cinematográfica hollywoodiana.
Foto: picture-alliance/United Archives
"Ed Wood" (1994)
Em preto-e-branco, Tim Burton retratou aqui um outro cineasta americano. Ambicioso e profundo admirador do gênio Orson Welles, porém desprovido de talento e verba, Edward D. Wood Jr. (Johnny Depp, dir. embaixo) produziu nos anos 50 uma série de filmes B com elementos de ficção científica e horror. Martin Landau recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel do ex-Drácula Bela Lugosi.
Foto: picture-alliance/United Archives
"O estado das coisas" (1982)
Um diretor igualmente enfrenta dificuldades financeiras neste filme do alemão Wim Wenders. Filmando em locação em Portugal, Friedrich Munro (Patrick Bauchau) decide ir pessoalmente para Los Angeles, quando as verbas e o material fotográfico esperados não chegam. Wenders inseriu diversas alusões a outros filmes e cineastas, como Friedrich Murnau, Fritz Lang e Roger Corman.
Foto: picture alliance / United Archives
"Deu a louca nos astros" (2000)
Escrita e dirigida por David Mamet, a comédia "State and Main" acompanha um caótica produção cinematográfica. Chegando a Vermont para filmar "O velho moinho", a equipe constata que cidade não tem mais um moinho. Aí a atriz principal súbito exige um cachê muito mais alto, o roteirista sofre bloqueio criativo, o protagonista passa a flertar com uma adolescente local (Julia Stiles, na foto).
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"8 1/2" (1963)
Clássico do cinema de autor, "Oito e meio", de Federico Fellini, gira em torno do cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), em meio a uma crise existencial acompanhada de bloqueio criativo. Claudia Cardinale (foto) representa a inalcançável Mulher Ideal. Portador dois Oscars, o filme é considerado uma obra prima do cinema autorrreferencial.
Foto: picture-alliance/dpa
"Boogie Nights: Prazer sem limites" (1997)
A ascensão e queda do astro pornô Dirk Diggler (Mark Wahlberg, esq.), discípulo e "galinha dos ovos de ouro" do diretor Jack Horner (Burt Reynolds), é pretexto para o também roteirista Thomas Paul Anderson traçar uma crônica do cinema pornográfico americano no fim da década de 70, às vésperas do ocaso de uma época áurea.
Foto: picture alliance / United Archives
"Ave, César!" (2016)
A comédia de Ethan e Joel Coen celebra a Hollywood dos anos 50, período em que a indústria cinematográfica sente a ameaça da competição pela televisão. Ao desaparecer misteriosamente do set de filmagens de um épico romano, o ator em decadência Baird Whitlock (George Clooney) representa um problema para Eddie Mannix, um produtor disposto a empregar drásticos para sanar os problemas do estúdio.