No 7/9, pequenos protestos e discurso discreto de Dilma
7 de setembro de 2015As comemorações do Dia da Independência foram marcadas nesta segunda-feira (07/09) por pequenos protestos, tumultos isolados e por bonecos infláveis da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos arredores do desfile em Brasília.
O desfile militar reuniu 25 mil pessoas. Do lado de fora do muro de proteção, construído para isolar a região, manifestantes protestavam contra o governo. Em carros de som, representantes de movimentos pró-impeachment criticaram o uso de tapumes de alumínio e inflaram um boneco gigante de Dilma e outro de Lula. De acordo com a Secretaria de Imprensa da Presidência, a estrutura de isolamento vem sendo usada desde 2013.
Segundo os organizadores, 15 mil pessoas participaram do protesto. A Polícia Militar, porém, estima que mil pessoas participaram da manifestação. Após o encerramento do desfile cívico, um grupo derrubou uma parte do muro de isolamento. Do outro lado, passavam manifestantes em apoio ao PT. Os manifestantes se hostilizaram mutuamente e foram dispersos pela polícia.
Outro grupo de manifestante contra o governo queimou pneus no Eixo Monumental. Os bombeiros foram chamados para apagar as chamas. O grupo de cerca de 70 pessoas pedia moradia e criticava o ajuste fiscal promovido pelo governo federal.
Um grupo a favor de Dilma se reuniu ainda em frente à Catedral de Brasília. A manifestação reuniu cerca de 200 pessoas.
Desfile militar
A celebração da Independência foi aberta por Dilma, que desfilou no Rolls Royce presidencial e acenou para o público. Nas arquibancadas, vários espectadores seguram miniaturas do boneco de Lula vestindo um uniforme de presidiário, que ficou famoso após a aparição nas manifestações pró-impeachment do mês passado.
Ao longo da manhã, bandas escolares, tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além de veículos militares, desfilaram pela Esplanada dos Ministérios. Dilma assistiu ao desfile do palanque oficial ao lado do vice-presidente Michel Temer e do ministro da Defesa Jaques Wagner.
Vários ministros participaram do evento. Porém, apenas um dos seis do PMDB – Helder Barbalho, da Pesca – compareceu ao desfile. Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, também não participaram da cerimônia.
A apresentação da Esquadrilha da Fumaça encerrou o desfile, escrevendo no céu: "Somos todos Brasil."
Bonecos do Lula
Em diversas cidades, as comemorações do 7 de setembro foram marcadas por protestos pró e contra o governo. No Rio de Janeiro, cerca de 15 mil participaram do desfile cívico. Após o encerramento, aproximadamente 300 pessoas que integravam o Grito dos Excluídos protestam por melhorias na saúde, na educação e contra a corrupção.
No trajeto, o grupo encontrou-se com manifestante que apoiavam a intervenção militar. Houve provocações, mas não foram registrados tumultos.
Em São Paulo, o público do desfile cívico levou cartazes e faixas contra a corrupção, além de miniaturas do boneco do Lula. Os manifestantes também pediam o esclarecimento da chacina de Osasco e Barueri.
Na capital paulista, o grupo Grito dos Excluídos encerrou sua passeata no Monumento às Bandeiras, no Parque Ibirapuera. Segundo a direção do movimento, cerca de 10 mil pessoas estiveram na manifestação da Avenida Paulista.
Discurso de Dilma
Neste ano, diante do risco de novos panelaços, o tradicional pronunciamento de 7 de Setembro da presidente foi divulgado apenas em vídeo na internet.
Nele, Dilma admitiu que o país passa por dificuldades e enfrenta problemas. A presidente reconheceu erros de seu govero, mas também voltou a reiterar que a conjuntura mundial contribuiu para crise brasileira: "Se cometemos erros, e isso é possível, vamos superá-los e seguir em frente", declarou.
A presidente defendeu o ajuste fiscal para superar a crise econômica e pediu união: "Devemos, nessa hora, estar acima das diferenças menores, colocando em segundo plano os interesses individuais ou partidários."
Dilma também falou sobre a crise dos refugiados e a disposição do país em acolhê-los. "Mesmo em momentos de dificuldade, de crise como estamos passando, teremos nossos braços abertos para acolher os refugiados."
CN/abr/ots