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Liberdade de imprensaGlobal

No Global Media Forum, jornalismo para além das trincheiras

19 de junho de 2023

Num momento em que a polarização na mídia parece mais radical do que nunca, o GMF da DW promove reflexão e intercâmbio de ideias. Workshops e painéis de debates fornecem bases para combate a notícias falsas e populismo.

Abertura do DW Global Media Forum 2023
Diretor geral da DW, Peter Limbourg, entrevistado na abertura do Global Media Forum 2023Foto: Ronka Oberhammer/DW

Overcoming divisions é o lema do Global Media Forum (GMF) da DW em 2023: superando divisões. A conferência de mídia em Bonn tem ambições altas: afinal de contas, parece que o mundo real e a maneira como é percebido se distanciam cada vez mais.

O tom dos debates é cada vez mais polêmico, mais duro, sobretudo nas redes sociais. As fronteiras atravessam as diferentes sociedades e nações, os conceitos se tornam cada vez mais marciais, indo de "luta de culturas" a "batalha de sistemas". E os partidos em guerra tentam definir a narrativa para si, empregando propaganda e informações falsas.

Nessa situação, uma responsabilidade especial cabe às mídias e aos que as produzem, observa o diretor-geral da DW, Peter Limbourg: "Informações falsas, teorias de conspiração e populismo são grandes desafios para o setor. Para jornalistas, é talvez mais importante do que nunca estar sempre refletindo criticamente sobre a própria atuação."

E justamente essa reflexão seria a tarefa do GMF: "Porque aqui podem-se intercambiar experiências e perspectivas, aprender reciprocamente. É onde também se constata que não se está sozinho com seus questionamentos e preocupações, mas que muitos estão passando por processos semelhantes."

Abertura com "momento de arrepiar"

Mais de 2 mil participantes de mais de 120 países querem utilizar como plataforma para esse intercâmbio o DW Global Media Forum, que, em sua 16ª edição, já está estabelecido como maior conferência internacional de mídia da Alemanha.

Verica Spasovska, responsável na DW pela organização do GMF, antecipa um "momento de arrepiar" já na abertura do evento, nesta segunda-feira (19/06), com a apresentação do Volny Chor (Coro Livre), "que se apresentou em Belarus numa espécie de flashmob, com os rostos cobertos".

"Eles fazem isso como protesto contra o governo autocrático belarusso. Seus integrantes estão morando na Polônia porque são perseguidos em seu país, e por temer que também seus familiares sejam prejudicados."

Repórteres de guerra conhecidos estarão no GMF, como o fotógrafo Ron Haviv. Políticos como a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, se manifestarão, mesmo que seja só por vídeo. O jornalista investigativo Óscar Martínez vem de El Salvador para receber o Freedom of Speech Award. E já no primeiro painel de debate estará a ativista liberiana pela liberdade Leymah Gbowee, laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2011.

Vencer a falta de comunicação

Ao todo, mais de 140 palestrantes são esperados na cidade do oeste alemão. Entre eles, o jornalista russo Dmitri Muratov, também Nobel da Paz em 2021: "Acho que será muito interessante, porque ele é um grande crítico do regime autocrático", comenta Spasovska. "Estou curiosa sobre o que ele vai relatar sobre o estado da sociedade e a imprensa na Rússia."

A participação de Muratov gerou, do lado ucraniano, críticas isoladas nas redes sociais. Para a organizadora do GMF, um indício de quanto o clima se acirrou: "No ano passado, ainda tínhamos jornalistas russos e ucranianos juntos no mesmo painel."

No segundo ano da guerra de agressão russa na Ucrânia, "vivenciamos que os ucranianos não querem mais falar com os russos, e vice-versa", lamenta Peter Limbourg. Ele constatou que essa falta de comunicação também ocorre em outras partes do mundo em que se travam conflitos.

E aí entra o papel da conferência internacional da DW: "O Global Media Forum é o lugar onde, no passado, conseguiu-se muitas vezes superar as trincheiras e conversar uns com os outros. É o que espero também da edição deste ano: diálogo é o fundamento para a chance de paz."

Segundo Spasovska, as reações às conferências passadas teriam confirmado esse papel do GMF, que para os participantes representa um solo neutro: "Lá se tem contato com gente que não se encontraria na terra de origem, por vir de um país inimigo ou hostil."

Workshops práticos e novas ideias

O DW Global Media Forum também oferece workshops voltados para a prática, nos quais se aprende, por exemplo, como verificar a legitimidade de imagens e vídeos da internet; aprimorar a qualidade sonora de podcasts; ou como repórteres podem proteger a própria saúde psíquica ao deparar-se com material perturbador em suas pesquisas.

E o fórum tampouco pode passar ao largo do ChatGPT: a interação com a inteligência artificial (IA) é um de seus temas. Outra seção é o concurso de startups, em que mais de 90 empresas emergentes de todos os continentes apresentaram ideias inovadoras para profissões ligadas à mídia.

Os três finalistas estarão em Bonn para a premiação, nesta segunda-feira: Sasha Ivanova, fundadora da organização SharpShark, de proteção de propriedade intelectual; Gabriel Karsan, da Tanzânia, cuja plataforma Sema permite a interconexão de organizações cidadãs e realizar pesquisas de opinião em tempo real; e Numeral Daka, do Zâmbia, e seu projeto Community Smart Media, voltado para o combate às informações falsas através da IA.

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