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Segundo turno será opção entre guerra e paz

Marc Koch (ca)26 de maio de 2014

Candidato à reeleição, presidente Juan Manuel Santos tematizou a paz com as Farc, enquanto Zuluaga adotou curso contrário. Em 15 de junho é tudo ou nada para ambos – torcendo por um maior comparecimento às urnas.

Foto: Diana Sanchez/AFP/Getty Images

As eleições presidenciais na Colômbia foram as mais tranquilas e pacíficas da história do pais. No entanto, o resultado foi decepcionante: apenas 40% dos 33 milhões de potenciais eleitores entregou seu voto neste domingo (25/05). Por falta de maioria absoluta, o país se prepara para um segundo turno, em 15 de junho, entre o atual presidente, Juan Manuel Santos, e o ex-ministro da Fazenda Óscar Iván Zuluaga.

Para Santos, nenhum objetivo político é tão importante quanto a paz – mas "paz" não é fácil de vender. Ainda na noite da eleição, ele deixou claro que, mesmo assim, não irá mudar nada em sua estratégia. Trajando jaqueta vermelha, com uma pomba da paz na lapela, definiu o rumo da segunda votação: após 50 anos de guerra civil e mais de 200 mil mortos, não há nada mais importante do que um armistício com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Um exame dos resultados mostra onde a mensagem de Santos foi captada – e onde o seu adversário, o conservador Zuluaga, encontrou ouvidos. Nas províncias de Cauca, Valle e Nariño e em todas as outras regiões abaladas pela guerra, a população optou por Santos e por seu curso pacificador.

Santos focou campanha na paz, mas outros problemas preocupam mais o eleitoradoFoto: picture-alliance/dpa

Mas nas localidades maiores e, principalmente, na capital Bogotá, a campanha de Santos não funcionou corretamente. Nas áreas urbanas mostrou-se que os colombianos têm outras preocupações além da luta de décadas de seu Estado contra a guerrilha das Farc. Nas regiões metropolitanas, o debate gira em torno de temas como a criminalidade crescente ou o alto preço da assistência médica e da oferta educacional no país.

Sem espaço para apostas

Ninguém duvida que a economia colombiana seja uma das que mais crescem na América Latina. Mas nem todos os colombianos se beneficiam desse fato. Santos prometeu que, após um acordo de paz com as Farc, isso vai mudar, e que a economia vai crescer impressionantes 7%. No entanto, nem todos compartilham esse otimismo: "Por volta de 85% do Produto Interno Bruto colombiano provém de áreas que não são absolutamente afetadas por essa guerra de guerrilha", explicou o analista Alberto Bernal.

Certo é que com tais promessas vagas não é possível convencer nenhuma maioria – e Juan Manuel Santos devia saber disso. Mesmo assim, monotematicamente concentrou sua campanha na questão da paz. Com certeza, essa é a meta mais importante – mas não pode ser a única. Zuluaga – seu adversário no segundo turno – e o mentor político dele, o ex-presidente Álvaro Uribe, entenderam isso e guiaram por aí a própria campanha eleitoral.

Zuluaga abordou temas importantes para habitantes de grandes centrosFoto: Reuters

Observadores políticos alertam que tal curso pode levar a Colômbia ao passado. Como presidente, Zuluaga imporia condições duras aos guerrilheiros, numa estratégia que seria um novo retrocesso no processo de paz, iniciado três vezes em vão e que nunca chegou tão longe como agora. Em vez disso, seriam desenterradas velhas e descontroladas emoções: ódio, medo e vingança.

Em última análise, no segundo turno de 15 de junho os eleitores terão que se decidir entre a guerra e a paz, todos os demais são temas subordinados. Agora que restaram apenas dois candidatos, a opção é clara. E permite esperar que um número maior de colombianos venha a fazer uso de seu direito fundamental democrático ao voto.

Talvez muitos tenham apostado alto, tentando mostrar ao atual presidente que ainda querem ver em sua agenda política outras coisas além das Farc. Era o direito deles. Mas agora precisam ver que, no segundo turno, não há mais lugar para apostas.

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