Candidato do PT volta a Curitiba, desta vez como favorito a vencer a eleição presidencial. Sul é a única região do país em que Bolsonaro ainda aparece à frente de Lula, mas petista vem ampliando eleitorado no PR e RS.
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Planalto, cumpriu neste sábado (17/09) a segunda etapa do seu giro pelos estados do Sul do Brasil, única região em que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro ainda lidera claramente as pesquisas.
Em Curitiba, a antiga "capital da Lava Jato", Lula reuniu milhares na Boca Maldita, tradicional área de comícios políticos no centro da capital paranaense, que sediou o primeiro grande ato nacional da campanha das "Diretas Já", em 1984.
Em discurso com trechos feitos sob medida para o público curitibano e paranaense, Lula fez elogios à cidade e explicou a estratégia da sua viagem ao Paraná. "Dizem que aquele Estado é bolsonarista, pois é lá que eu quero ir", afirmou Lula.
"Tem gente que pensa que eu fiquei com ódio de Curitiba, porque fiquei preso aqui. A cadeia me fez aprender a amar Curitiba. Eu tenho gratidão por Curitiba, tenho respeito por Curitiba", disse o ex-presidente.
"Aqui eu encontrei a Janja, meu amor. Eu tenho gratidão e respeito por homens e mulheres que não mediram esforços de solidariedade para estarem comigo nos 580 dias em que estive aqui. Então, obrigado Curitiba", completou Lula, mencionando sua esposa, a socióloga Rosângela Silva, a "Janja", que é natural do Paraná.
Esta é a segunda vez que Lula retorna a Curitiba após deixar a carceragem da Polícia Federal na cidade, onde permaneceu preso entre 2018 e 2019. O petista também dirigiu várias críticas a Bolsonaro, e explorou em seu discurso um calcanhar de Aquiles do presidente: a alta rejeição que o ex-capitão enfrenta entre o eleitorado feminino, que ganhou ainda mais evidência após várias declarações machistas do atual ocupante do Planalto.
"Este país precisa de um presidente civilizado. Um presidente que saiba que mulher não quer ser mais objeto de cama e mesa, mulher quer ser o que ela quiser", disse Lula.
O candidato mencionou ainda as Forças Armadas, que nos últimos meses têm sido instrumentalizadas por Bolsonaro para semear paranoia sobre a segurança do processo eleitoral.
"Não queremos as Forças Armadas se metendo nas eleições do nosso país e nem querendo controlar urna”, disse Lula. "Nós já lidamos com as Forças Armadas e as tratamos com muito respeito. É preciso que alguns de lá tratem a sociedade com respeito, porque nós sabemos cuidar de nós e não precisamos ser tutelados", completou.
Além de Lula, participaram do comício a ex-presidente Dilma Rousseff, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e uma série de políticos locais do PT, entre eles o ex-governador Roberto Requião e a presidente nacional do partido, a deputada Gleisi Hoffmann.
Críticas a Moro
Natural de Curitiba, Hoffmann usou seu discurso para direcionar críticas ao ex-juiz Sergio Moro, que em 2018 determinou a prisão de Lula, tirando o petista do pleito presidencial daquele ano. Posteriormente, Moro se tornou ministro do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, que passou para a liderança na eleição passada justamente por causa da saída de Lula no páreo. Atualmente, Moro concorre a uma vaga no Senado pelo Paraná e continua a cortejar o eleitorado bolsonarista.
"Esse é seu retorno a Curitiba, presidente Lula: nos braços do povo. É a redenção”, disse Gleisi Hoffmann. "Curitiba é a capital do Paraná, um estado que nos orgulha. Curitiba não é uma 'república'. Nunca foi. E essa capital e esse estado que vão dar a maior derrota para Sergio Moro. Nós temos um compromisso aqui: Moro não será senador do Paraná."
A deputada também mencionou os revezes que Moro teve com a Justiça Eleitoral no primeiro semestre, quando tentou se candidatar ao Senado pelo estado de São Paulo e acabou barrado por irregularidades na transferência do seu domicílio eleitoral. Sem opções, acabou se candidato pelo Paraná. Em pesquisa divulgada no fim de agosto, o ex-juiz apareceu em desvantagem na disputa pela vaga com o veterano Alvaro Dias (Podemos), que concorre à reeleição.
"Moro quis tentar ser político. E sabe onde ele foi tentar se candidatar? São Paulo. Porque ele achou que o Paraná não era suficiente para ele. Aliás, a mulher dele ficou lá, como candidata a deputada", disse Hoffmann.
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Segurança reforçada
O esquema de segurança do ato em Curitiba foi reforçado com membros de uma unidade de elite da Polícia Federal. Em 2018, dois ônibus de uma caravana de Lula foram atingidos por tiros quando trafegavam pelo interior do Paraná – até hoje a investigação não apontou suspeitos. Mais recentemente, um quadro do PT foi assassinado por um apoiador de Bolsonaro em Foz do Iguaçu, no oeste do estado.
A área do comício foi cercada por tapumes, para controlar o acesso. Mesmo antes do ato, o público já havia lotado a área delimitada. Outras centenas acabaram acompanhando o evento do lado de fora neste sábado, marcado por céu limpo e sol em Curitiba, após uma semana de chuva.
O ex-presidente já havia visitado a capital paranaense em março, para participar da solenidade de filiação ao PT do ex-senador Roberto Requião, ex-quadro do MDB que tenta conquistar um quarto mandato como governador do estado.
Paraná é historicamente terreno difícil para o PT
É justamente a candidatura Requião que garantiu a Lula um palanque no Paraná, tradicionalmente desafiador para candidatos do PT à Presidência: a última vitória de um presidenciável petista no estado foi no segundo turno de 2002.
Na segunda rodada do pleito de 2018, Jair Bolsonaro (então no PSL), conquistou 68,4% dos votos válidos no Paraná, contra 31,6% de Fernando Haddad (PT). Ao todo, Bolsonaro ficou na frente em 307 dos 399 municípios do estado, o sexto maior colégio eleitoral do país.
Em Curitiba a vitória de Bolsonaro foi ainda por uma margem ainda maior em 2018: 76,54% contra 23,46%. No primeiro turno, Haddad teve menos votos na cidade que Ciro Gomes, o terceiro colocado na disputa nacional.
No momento, Bolsonaro é apoiado no Paraná pelo atual governador, Carlos Massa Jr. (PSD), o "Ratinho Jr.”, amplo favorito nas pesquisas para vencer novamente o pleito, já no primeiro turno.
Pouco mais de duas semanas antes da viagem de Lula, Bolsonaro também esteve em Curitiba e participou de uma "motociata” e de um comício na mesma Boca Maldita ao lado de Ratinho Jr..
A única região que ainda dá vantagem clara a Bolsonaro
Além de Curitiba, a viagem do ex-presidente inclui mais duas etapas em capitais do Sul. Na sexta-feira, ele esteve em Porto Alegre, onde liderou um comício no centro da cidade. No domingo, é esperado em Florianópolis.
A viagem pelo Sul faz parte de uma ofensiva eleitoral do PT na única região do país na qual Bolsonaro ainda mantém uma vantagem clara nas intenções de voto.
No Nordeste e Sudeste, Lula aparece à frente, e dois adversários aparecem tecnicamente empatados no Centro-Oeste e Norte, segundo dados do Datafolha divulgados na quinta-feira.
Lula ainda sofre alta rejeição no Sul do país, com taxa de 46%, segundo pesquisa Ipec divulgada em 12 de setembro.
Sul foi palco de desastre para o PT em 2018, mas quadro está mais favorável
Assim como no Paraná, a eleição presidencial de 2018 foi desastrosa para o PT em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Em Santa Catarina, Bolsonaro conquistou 75,92% dos votos válidos no segundo turno. No Rio Grande do Sul, 63,24%. Haddad conquistou apenas 24,08% entre os catarinenses e 36,76% dos eleitores gaúchos – foram os piores resultados do PT nos dois estados desde 1989, quando o partido lançou pela primeira vez um candidato ao Planalto. No Paraná, o recorde negativo desde a volta das eleições presidenciais foi o mesmo.
No momento, os candidatos lançados pelo PT aos governos dos três estados enfrentam dificuldades. Décio Lima, em Santa Catarina, pontuou apenas 6% em pesquisa Ipec divulgada no fim de agosto. No Rio Grande do Sul, Edegar Pretto, registrou 9%. No Paraná, Requião somou 24%, mas aparecia bem atrás dos 46% do de Ratinho Jr., que é apoiado pelo presidente.
Embora o quadro permaneça desvantajoso para os candidatos locais do PT no Sul, e Bolsonaro em geral ainda apareça à frente na região, o quadro se apresenta melhor para Lula em 2022 do que para Haddad quatro anos atrás.
Em 2018, o candidato apoiado por Lula conquistou 31,7% dos votos na região Sul, contra 68,3% de Bolsonaro. Segundo levantamento Ipec divulgado em 12 de setembro, Lula agora tem preferência de 36% do eleitorado sulista, logo atrás de Bolsonaro, que tem 41%. Já o Datafolha apresenta um cenário um pouco mais desfavorável ao petista, com Bolsonaro mantendo 42% das intenções, contra 34% de Lula.
Mas Bolsonaro tem perdido terreno na região em relação a 2018. Segundo duas pesquisas divulgadas pela Atlas Político em 13 e 14 de setembro, Lula e o atual presidente estão tecnicamente empatados no Rio Grande do Sul. No Paraná, a vantagem de Bolsonaro é de apenas 4,5 pontos.
No primeiro estado, segundo o instituto, Bolsonaro conta com 40,7% das intenções de voto, com Lula aparecendo com 40,2%. Já no Paraná, a pesquisa aponta que o presidente tem 42,7%, contra 38,2% do petista.
Apenas em Santa Catarina Lula permanece com um percentual baixo de intenções de voto em relação a Bolsonaro: 26,5%, segundo pesquisa Atlas Político divulgada na quinta-feira, semelhante à votação de Haddad no segundo turno de 2018. Bolsonaro conta com apoio de 49,5% entre os catarinenses, mas seu percentual segue mais baixo que o conquistado no segundo turno da eleição passada.
Bolsonaro faz giro de "redução de danos" no Nordeste
Paralelamente à viagem de Lula ao Sul, Bolsonaro iniciou nesta semana viagens ao Nordeste, numa tentativa de reduzir sua alta rejeição na região, que dá clara vantagem a Lula, com 61% do eleitorado afirmando que não pretende votar no atual ocupante do Planalto – taxa pior que a de Lula no Sul.
Na quarta-feira, Bolsonaro esteve em Natal, Rio Grande do Norte, e no sábado sua agenda incluía visitas às cidades de Caruaru e Garanhuns – terra natal de Lula –, em Pernambuco.
No entanto a tarefa de tentar virar votos no Nordeste é considerada difícil para Bolsonaro. Mesmo em 2018, durante a "onda de direita” que varreu o Brasil, o petista Fernando Haddad ficou na frente de Bolsonaro na região. No segundo turno o petista teve 69,7% dos votos entre os nordestinos, contra 30,3% do atual presidente.
Desta vez, o cenário se desenha novamente desvantajoso para Bolsonaro, com 59% dos eleitores da região afirmando que vão votar em Lula, segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira. Apenas 22% disseram pretender endossar a reeleição de Bolsonaro.
Para tornar as coisas mais complicada para o presidente, o Nordeste é uma região com um peso eleitoral mais importante que o Sul, com 27,11% do eleitorado nacional. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul concentram 14,4%.
A trajetória política de Lula
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
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A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gostoli
A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
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A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
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A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
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Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
Foto: AP
Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
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O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
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A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
Foto: AP
Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.