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Relações contraditórias

21 de maio de 2010

Shirin Ebadi, iraniana Nobel da Paz, sugere que UE feche embaixada em Teerã e suspenda emissão de vistos para ministros iranianos. Ela pede que Europa aja em concordância com o que prega.

Shirin Ebadi recebe o Prêmio Internacional da Democracia em BonnFoto: DW

A medalha que ganhou como pelo Prêmio Nobel da Paz lhe foi confiscada e ela não pode mais voltar para casa. O centro de Direitos Humanos que mantinha foi fechado e o governo mandou sua irmã para a prisão, como forma de pressão.

A ativista Shirin Ebadi também sofre a repressão do regime em vigor no Irã, a mesma que, nas eleições passadas, foi aplicada contra a oposição.

"Depois da pressão da Noruega e da União Europeia (UE), por sorte consegui minha medalha de volta. Mas, agora, me acusam de sonegação de impostos. O regime iraniano cancelou a minhas contas bancárias e confiscou meu patrimônio.

Mas, mesmo assim, eles não podem fazer com que eu desista do meu trabalho. Esse prêmio precisa ser honrado quando se luta por direitos humanos num regime autoritário", disse Ebadi, que recebeu em Bonn, na Alemanha, o Prêmio Internacional da Democracia.

Ações contraditórias

Shirin Ebadi pediu o apoio ativo da Alemanha e da União Europeia. Segundo a crítica de Ebadi, por um lado, exige-se que o Irã seja democrático e respeite os direitos humanos. Por outro, o comércio com o país de Ahmadinejad floresce – fatos que não combinam.

É possível ao governo iraniano, por exemplo, rastrear a origem de emails e mensagens de celular que criticam o regime com ajuda de um software desenvolvido pela empresa Nokia. Justamente por esse fato, muitos colegas de Ebadi se encontram hoje na prisão.

"Outro exemplo é a operadora de satélite francesa Eutelsat. Ela apoia Teerã porque permite que o governo interrompa o sinal de emissoras internacionais ocidentais como BBC e Voz da América. O governo francês tem uma parte da Eutelsat. Por que não isso não é evitado?", questiona.

Protesto contra o governo em Teerã, dezembro de 2009Foto: AP

Contra sanções

No entanto, por experiência própria, Ebadi é contra o endurecimento de sanções, como será votado numa nova resolução no Conselho de Segurança.

"Sanções econômicas prejudicam apenas as pessoas comuns. A União Europeia precisa retirar sua representação de Teerã como sinal de protesto. E os ministros iranianos ou comandantes das Forças Armadas e seus aliados não devem mais receber vistos", propõe Ebadi.

No próximo dia 12 de junho, as disputadas eleições no Irã completam um ano. Tanto depois, como antes, houve conflito e, por causa do medo de repressão, os protestos não são mais tão comuns nas ruas nos dias de hoje. Mas os manifestantes desenvolveram uma estratégia alternativa.

"O que eu aprendi com esse fato é que os protestos precisam ser conduzidos de forma pacífica, sem violência, senão o governo vai responder com mais repressão", avalia a ganhadora do Nobel.

É verdade que os iranianos precisam de ajuda internacional que demonstre solidariedade, foi a mensagem clara que Shirin Ebadi transmitiu em Bonn na ocasião da entrega do Prêmio. "Falar apenas não basta. A Europa precisa provar em suas ações que, o que ela propaga, ela acredita realmente", finalizou a ativista iraniana.

Autora: Ina Rottscheid (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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