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Sociedade

30 de agosto de 2011

Com a renúncia do imperador Guilherme 2º da Prússia, a monarquia alemã acabou. Hoje, nobres alemães se dividem entre os que vivem nas manchetes e os que usam a riqueza e o prestígio para fins sociais e culturais.

Foto: Fotolia/Phototom

Com a Constituição de Weimar, de 1919, a nobreza alemã teve que renunciar a uma série de privilégios. Todos os cidadãos da Alemanha passaram a ser tratados de forma igual perante a lei, com os mesmos direitos e deveres. Para os nobres, isso significava, por exemplo, ter de pagar impostos. No entanto, eles mantiveram seus títulos de nobreza e suas posses.

A lista das dinastias alemãs é interminavelmente longa: entre as mais famosas, estão a dos Habsburg, Wittelsbach, Hohenzollern e Welfen. No caso de muitas dessas famílias, apenas o sobrenome as conecta com o passado nobre. Seus membros levam hoje uma vida comum, pagando aluguel e exercendo uma profissão, por exemplo.

A coisa muda de figura quando se trata da vida por trás dos muros de grandes propriedades da nobreza, onde vivem famílias como os Von Thurn & Taxis, Zu Sayn-Wittgenstein ou ainda os Von Preussen. Essas famílias possuem o que ainda hoje traz glamour para a nobreza: um castelo, um príncipe, uma princesa e, claro, riqueza.

Ex-ministro da Economia e da Defesa Karl-Theodor von Guttenberg e famíliaFoto: picture alliance/dpa

Nobreza na política e escândalos

Mesmo que a nobreza como instituição tenha sido abolida na Alemanha, ela ainda existe como classe social, segue regras próprias e prefere ficar entre si. Quando se analisa a árvore genealógica dessas famílias, vê-se que não é comum o casamento de nobres com "plebeus". O ex-ministro alemão da Economia e da Defesa Karl-Theodor zu Guttenberg é um exemplo. Sua esposa não é uma Stephanie qualquer, mas uma Stephanie von Bismarck-Schönhausen.

Durante algum tempo, a família Guttenberg conseguiu levar um pouco do charme da nobreza à cena política de Berlim. Mas o nada nobre escândalo em torno do plágio do doutorado de Guttenberg pôs fim a isso: Guttenberg perdeu sua credibilidade, seu título de doutor, seu ministério e sua boa reputação. A família tenta agora começar uma nova vida nos Estados Unidos.

Nobreza está associada a escândalos e a tabloides. Dentre os nobres alemães preferidos da mídia está o marido da princesa Caroline de Mônaco, o príncipe de Hannover. Seu nome completo é Ernst August Paul Otto Ruprecht Oskar Berthold Friedrich-Ferdinand Christian-Ludwig Príncipe de Hannover, duque de Braunschweig e Lüneburg. Com seu casamento com a princesa Caroline, ele conquistou um lugar entre a alta nobreza europeia. Mesmo assim, seu comportamento não é de alto nível.

O príncipe de Hannover bate em fotógrafos, repórteres, câmeras, sejam homens ou mulheres, e espancou um hoteleiro no Quênia. Foi preso na Expo 2000 por urinar numa parede do pavilhão turco. Já foi multado por dirigir em alta velocidade. Enfim, a lista de escândalos do príncipe é extensa. Até condenado o príncipe já foi, porém cumpriu a pena em liberdade condicional.

Títulos de nobreza à venda

Há também na Alemanha nobres que compraram seus títulos. O mais famoso é o príncipe Frédéric von Anhalt. Um homem de origem plebeia que se ofereceu para ser "adotado" por uma princesa em troca de dinheiro, para assim obter um título de nobreza.

Aliás, "falsos" nobres não são raros na Alemanha. Existe até um comerciante de títulos que se autointitulou cônsul. Há décadas, ele recebe o jet set internacional em sua casa e agencia títulos de nobreza, de universidades e diplomáticos.

O príncipe Frédéric conquistou fama ao casar-se com a ex-Diva de Hollywood Zsa Zsa Gabor. O príncipe desfila na alta sociedade como se o mundo lhe pertencesse. É geralmente fotografado e filmado com um charuto na boca, ou aparece em reality shows na tevê.

Gloria von Thurn und TaxisFoto: AP

O que no entanto incomoda os nobres de "sangue azul" é o fato de ele adotar plebeus, aos quais repassa o título. Até agora, quatro donos de clubes noturnos, academias de ginástica e de bordéis se tornaram príncipes graças a Frédéric.

Apesar de homens liderarem as listas de escândalos da nobreza alemã, uma mulher conseguiu durante muitos anos predominar nas manchetes de tabloides: a exótica Gloria von Thurn und Taxis. Nos anos 1980, ela escandalizou a nobreza com suas roupas e penteados punk.

Depois da morte do marido, Gloria von Thurn und Taxis mudou seu comportamento. Ela foi a grande responsável pelo salvamento do patrimônio da família. Em 2001, voltou a escandalizar ao afirmar em um programa de televisão que o problema da aids na África não se deve à falta de métodos contraceptivos, mas porque os africanos praticam muito mais sexo do que as pessoas em outras partes do mundo.

Alta nobreza da Alemanha

Mas há também os nobres retraídos, como a família Sayn-Wittgenstein-Berleburg, que mora em um castelo romântico na região do Rothaargebirge. Grande parte do castelo construído no século 13 foi transformada em museu, apresentando objetos históricos da família, como material de caça, brasões, uniformes, armas, vidros, porcelanas e objetos de arte da coleção particular da família.

O parque de 4300 hectares em volta do castelo é uma reserva florestal, para onde há cerca de um ano e meio foi trazido um rebanho de bisões. Ameaçados de extinção, esses animais encontraram na reserva um local calmo para se reproduzirem.

Castelo da família Sayn-Wittgenstein-BerleburgFoto: picture alliance/Arco Images GmbH

Já o duque Franz da Baviera é o chefe da grande dinastia dos Wittelsbacher e descendente do último rei da Baviera, Ludwig 3º. Ele não é personagem da mídia sensacionalista nem dá assunto a paparazzi. 

Colecionador inveterado e interessado por ciências naturais e por arte, ele apoia uma série de organizações e galerias e é membro de várias curadorias de arte. É um homem culto, quieto, sem alardes e sem filhos. O portal online do jornal Die Zeit escreveu em abril, por ocasião do casamento real em Londres, que se a Alemanha precisasse de um rei, esse seria o homem.

Casamento de Georg Friedrich da Prússia e Sophie, princesa de IsenburgFoto: picture alliance/dpa

Alemanha precisa da nobreza?

No último sábado, aconteceu em Potsdam o casamento do príncipe de Hohenzollern, Georg Friedrich da Prússia, tataraneto do último imperador alemão, com Sophie, princesa de Isenburg. O casamento "real" alemão foi transmitido por uma emissora pública de televisão, o que causou polêmica. Chegou a haver até um rápido protesto antes do casamento, segundo a polícia, mas tudo ocorreu de forma pacífica. Cerca de 160 mil telespectadores acompanharam o casamento pela tevê.

Os nobres da Alemanha se dividem entre os que vivem nas manchetes e os que usam a riqueza e o prestígio para fins sociais e culturais. Os nobres da Prússia, por exemplo, abrem as portas de suas propriedades à população de Brandemburgo e disponibilizam suas posses como parte da cultura do estado.

Autor: Silke Wünsch (cs)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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