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Nome de Odilo Scherer ganha força às vésperas do conclave

4 de março de 2013

Cardeais influentes estariam se articulando para apoiar o gaúcho, que, por ter origem alemã, conexões na Santa Sé e habilidade no trato com as pessoas, é exaltado pela imprensa europeia como sério candidato a novo Papa.

Brazilian Cardinal Odilo Pedro Scherer, Archbishop of Se Cathedral and considered in the running to be the future pope, speaks during a press conference at Se Cathedral in Sao Paulo, Brazil, on Februrary 13, 2013. Benedict XVI, the German-born leader of the world's 1.1 billion Catholics, made the shock announcement that he would resign on February 28 due to old age. Scherer, ordained cardinal by Benedict XVI in 2007 and who heads Brazil's largest archdiocese with five million Catholics, said that nationality and age should not be key factors in choosing who will succeed Benedict XVI. AFP PHOTO / Yasuyoshi CHIBA (Photo credit should read YASUYOSHI CHIBA/AFP/Getty Images)
Foto: AFP/Getty Images

Eleições no Vaticano estão entre as mais herméticas e imprevisíveis do mundo – em teoria, qualquer um dos cardeais participantes do conclave pode ser o novo Papa. Mas, a julgar pelos rumores do último fim de semana, reproduzidos pela imprensa europeia, um nome ganha mais força que os demais: o do gaúcho dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo.

O jornal italiano La Stampa diz que Scherer, de 63 anos, já conta com o apoio de um grupo de influentes cardeais defensores de um papa latino-americano. Dois deles, segundo o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, seriam italianos: Angelo Sodano, decano do Colégio de Cardeais, e Giovanni Battista Re, que presidirá o conclave.

Vencer a resistência europeia a um Papa latino-americano é um dos principais desafios de Scherer, e o apoio de Sodano e Re pode ser decisivo. Dos 115 cardeais participantes do conclave, mais da metade vem da Europa, e apenas 19 da América Latina – uma desproporção que poderia fazer a balança pesar para uma escolha mais conservadora.

Nesse ponto, conta a favor de Scherer a sua ascendência alemã. O arcebispo de São Paulo é o menos latino entre os latinos e, como diz o Frankfurter Allgemeine Zeitung, sente-se em casa tanto na Europa quanto na América Latina, região tida como fundamental para o futuro da Igreja por abrigar mais de 40% dos católicos do mundo.

Segundo o tabloide alemão Bild, o fato de Scherer ser brasileiro pesa muito a favor dele, já que o Brasil é o maior país católico do mundo. Mas há outros pontos a serem considerados.

“Praticamente não existe um outro candidato que tenha tanta popularidade em seu país e que, ao mesmo tempo, tenha um nome tão forte dentro Cúria, onde alguns sul-americanos decepcionaram fortemente”, escreve Albert Link, correspondente do Bild no Vaticano. "Haverá de novo um Papa 'alemão'", pergunta o jornal, lembrando que a família de Scherer é originária do estado alemão do Sarre.

O esforço para tentar elevar um latino-americano a Papa seria parte de uma articulação que envolveria também a escolha do futuro secretário de Estado, segundo posto mais importante da Santa Sé. Para o cargo, seria indicado um italiano ou, em último caso, um argentino de origem italiana. Os principais cotados seriam o genovês Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, e o portenho Leonardo Sandri, que, como chefe de Gabinete, foi terceiro na hierarquia vaticana entre 2000 e 2007.

Cardeais chegam para a reunião que definirá a data do conclaveFoto: Reuters

Poliglota e com experiência em finanças

A imprensa europeia lista uma séria de qualidades que fariam de Scherer o candidato mais viável a suceder Bento 16. O jornal espanhol ABC destaca que o brasileiro combina um alto nível de conhecimento teológico com uma preocupação pela igualdade social. Tem, além disso, fortes vínculos com a Cúria romana e noções sólidas de finanças, dado que já ocupou cargos no Banco do Vaticano e na Prefeitura para Assuntos Econômicos da Santa Sé.

Além de português, italiano, espanhol, inglês e alemão, lembra o diário Bild, Scherer fala a língua do povo. O aspecto é considerado fundamental na escolha do sucessor de Bento 16, cujos sermões eram marcados por uma linguagem às vezes demasiadamente acadêmica.

“Primeiramente, nós precisamos de um Papa que saiba como falar ao mundo – e para além do mundo católico”, disse o vaticanista Andrea Tornielli ao jornal La Stampa. “Ele tem que ser aberto e compreensivo, e não ter um olhar demasiadamente interno."

Por esse e outros aspectos, o jornal italiano Il Messaggero também coloca Scherer como favorito, mas lista outros três sérios concorrentes: o canadense Marc Ouellet, o húngaro Peter Erdo e o italiano Angelo Scola. Este último, arcebispo de Milão, teria inclusive o apoio de outros cardeais brasileiros.

O perfil do futuro Papa – e que candidatos melhor se enquadrariam nele – começou a ser debatido nesta segunda-feira (04/03), na primeira reunião do Colégio Cardinalício no Vaticano. O encontro definirá a data do conclave, que poderia começar já na próxima semana. A ideia é que o novo Pontífice seja nomeado a tempo para as celebrações da Semana Santa.

Autor: Rafael Plaisant Roldão
Revisão: Alexandre Schossler

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