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Nomeação da banda Pussy Riot a prêmio gera polêmica na Alemanha

11 de outubro de 2012

Indicação da banda de punk rock russa Pussy Riot, acusadas de "blasfêmia" ao Prêmio Lutero de coragem civil gerou críticas de teólogos e setores conservadores na Alemanha.

Foto: picture-alliance/dpa

A banda russa de punk rock Pussy Riot, que se tornou mundialmente conhecida após a prisão de suas integrantes durante um protesto em Moscou, continua causando controvérsias. Dessa vez, a polêmica ocorre em Wittenberg, na Alemanha, em razão da indicação do grupo ao prêmio Lutero, concedido pela Associação de Cidades Luteranas.

Em fevereiro último, poucos dias antes das eleições presidenciais na Rússia, o grupo realizou na catedral ortodoxa em Moscou um protesto em forma de "oração punk" com severas críticas ao presidente Vladimir Putin.

A prisão, sob acusação de vandalismo motivado por ódio religioso, teve grande repercussão e gerou protestos ao redor do mundo. Três das quatro integrantes da banda foram condenadas a 2 anos de prisão, mas uma delas foi libertada nesta quarta-feira (10/10).

Repúdio dos setores conservadores

A indicação do grupo ao prêmio gerou revolta nos setores conservadores e religiosos de Wittenberg, cidade onde Martinho Lutero pregou suas teses na porta da catedral. Grupos como a Aliança dos Cidadãos e o partido conservador CDU, insistem na retirada da nomeação.

Três da quatro integrantes da banda foram julgadas na RússiaFoto: dapd

O teólogo protestante Friedrich Schorlemmer afirmou que a indicação "é um desastre para a imagem da nossa cidade". Apesar de compreender as razões do protesto das meninas, Schorlemmer considerou a escolha da catedral como o local menos apropriado para uma manifestação desse tipo, e acrescentou que uma cidade luterana como Wittenberg jamais deveria premiar um ato de blasfêmia.

Também o presidente da comissão de Exterior do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Ruprecht Polenz salientou que a banda levou em consideração que poderia ferir sentimentos religiosos ao se dispor a fazer tal protesto político.

Prêmio é dado a exemplos de coragem civil

Um dos primeiros a se opor à indicação da Pussy Riot ao prêmio Lutero foi o pastor evangélico de Wittenberg, Siegfried Kasparick. Ele lembrou que a catedral ortodoxa de Moscou, após ser destruída na era stalinista e reconstruída 12 anos depois, se tornou um símbolo da liberdade religiosa. Na música da banda, no entanto, isso teria sido ridicularizado e por isso não deveria receber destaque.

O prêmio Lutero homenageia desde 1996 personalidades que se tornaram exemplos de coragem civil, tendo como símbolo Martinho Lutero, figura central da Reforma protestante. A premiação está programada para ocorrer em abril de 2013 e, se confirmado, o cancelamento da indicação da banda Pussy Riot seria o primeiro desde o início do prêmio.

O primeiro a receber os 10 mil euros da premiação foi o filósofo e teólogo alemão Richard Schröder. Em 2011, os homenageados foram o jornalista russo Dmitri Muratov e a equipe da redação do jornal Nowaja Gaseta.

RC/epd/kna
Revisão: Roselaine Wandscheer