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Protestos no Egito

25 de novembro de 2011

Kamal Ganzouri já havia sido premiê durante gestão do ex-ditador Hosni Mubarak. Manifestantes contestam escolha e protestam no Cairo durante a "sexta-feira da última chance", pedindo a saída dos militares do poder.

Protestos no Cairo refletem a frustração com os militares
Protestos no Cairo refletem a frustração com os militaresFoto: dapd

O Conselho Supremo das Forças Armadas no Egito nomeou Kamal Ganzouri novo primeiro-ministro do país "com plenos poderes", segundo anunciaram nesta sexta-feira (25/11) fontes militares e um canal estatal de televisão. Ganzouri vai substituir Essam Sharaf, que se afastou esta semana do cargo de premiê, em meio a manifestações contra o governo militar em várias cidades egípcias.

A escolha de um político que fez parte da era do ex-presidente Hosni Mubarak, derrubado em fevereiro deste ano, deverá esquentar ainda mais o clima de protestos no país. Reunidos na Praça Tahrir, no centro do Cairo, manifestantes reagiram com gritos de "ilegítimo" à notícia da indicação do novo chefe de governo egípcio. Ganzouri, de 78 anos, já tinha sido vice-primeiro-ministro e ministro do Planejamento antes de assumir o cargo de premiê entre 1996 e 1999. Ele também fora governador durante a gestão do presidente Anwar Sadat.

Eleições parlamentares

"Ele fez parte do antigo regime durante 18 anos. Para que então tivemos uma revolução?", questiona um manifestante. O anúncio sobre a escolha do novo premiê foi feito após um encontro na noite desta quinta-feira entre Ganzouri e o marechal Hussein Tantawi – este último havia sido ministro da Defesa e também serviu ao governo durante a anterior gestão de Ganzouri. O predecessor Sharaf passou nove meses no cargo enfrentando uma série de críticas, apontado como fraco e alinhado com os militares.

Ganzouri (e) durante encontro com o marechal TantawiFoto: picture-alliance/dpa

Por meio de comunicado, os Estados Unidos pediram aos generais que deixem o governo "tão logo possível", passando "imediatamente" o poder para o novo gabinete. "Acreditamos que a completa transferência de poder para um governo civil precisa acontecer de uma maneira justa e inclusiva, que responda às legítimas aspirações do povo egípcio o mais breve possível", declarou a Casa Branca.

Os militares garantem que já trabalham na transição do poder no país, incluindo eleições parlamentares marcadas para começarem na próxima segunda-feira, e que poderão ser ameaçadas, caso a violência continue. Alguns manifestantes, no entanto, questionam se os militares são capazes de realizar eleições "limpas".

Protestos continuam

Milhares de egípcios aglomeram-se especialmente na Praça Tahrir na "sexta-feira da última chance" (assim chamada pelos manifestantes), pedindo o fim do regime militar. Eles esperam reunir 1 milhão de pessoas no espaço. Dia semanal de oração para os muçulmanos, a sexta-feira tem sido preferida para as manifestações da "Primavera Árabe".

A concentração acontece um dia após o governo ter se desculpado pela morte de aproximadamente 40 manifestantes durante cinco dias de embates no país. Cerca de 2 mil ficaram feridos. Esta foi a mais longa sequência de violência, desde os 18 dias seguidos de distúrbios que culminaram na queda do presidente Mubarak.

Os manifestantes acusam os novos governantes de não garantir a democracia, não terem estabilizado o país, nem recuperado a economia. O caos político torna ainda mais difícil o caminho do Egito para reduzir a pobreza da população, cuja frustração com o governo acabou motivando os protestos contra Mubarak.

No entanto, o entusiasmo pelos protestos não é unânime. Agitando bandeiras do Egito, 5 mil pessoas manifestaram-se em favor dos governantes militares, no distrito de Abassiya, no Cairo. "O povo quer que a praça seja esvaziada", bradavam. Uma grande faixa trazia a mensagem: "O Egito não será governado a partir da Praça Tahrir".

MSB/rtr/ap
Revisão: Augusto Valente

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