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"Nosso desejo mais fervoroso é a paz", diz presidente alemão

Nik Martin
24 de dezembro de 2022

Em discurso natalino anual, Frank-Walter Steinmeier destaca a guerra na Ucrânia e seus impactos econômicos, bem como a rede de solidariedade formada na Alemanha. Mudanças climáticas também são lembradas.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier posa para a foto durante o tradicional discurso anual de Natal à nação. Ele veste terno, blusa e gravata escuros, e camisa branca. Ele usa óculos e tem cabelos brancos. Ao fundo, há uma bandeira com uma águia, do brasão de armas da Alemanha, e um pinheiro de Natal iluminado.
Steinmeier: "Agimos com determinação quando nossa ajuda foi necessária. Defendemos uns aos outros. Estou orgulhoso do nosso país"Foto: Tobias Schwarz/AP Photo/picture alliance

Em seu tradicional discurso  de Natal à nação, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou temas que permearam o ano de 2022, a exemplo da guerra na Ucrânia e a solidariedade alemã com os refugiados, o difícil momento econômico do país e as mudanças climáticas.

Steinmeier também relatou suas próprias experiências com ucranianos que chegaram à Alemanha fugindo da invasão russa. E finalizou o discurso – realizado todos os anos pelo presidente em exercício da Alemanha desde o Natal de 1970 – com uma mensagem de esperança para 2023, enfatizando que o maior desejo dos alemães é a paz.

"Certamente, nosso desejo mais fervoroso é de que a paz reine novamente", disse Steinmeier, reforçando o "terrível sofrimento" do povo ucraniano devido ao conflito que começou em 24 de fevereiro deste ano, bem como "o medo de que as hostilidades se disseminem".

Refugiados ucranianos na Alemanha

O presidente da Alemanha iniciou o discurso, que será exibido na TV alemã no domingo (25/12), relembrando um recente encontro que teve com 50 crianças ucranianas refugiadas durante uma visita à cidade de Freiberg, no estado da Saxônia, no leste do país.

Ele observa que várias delas "tiveram experiências horríveis", a ponto de terem ficado "tão amedrontadas que até mesmo uma porta batendo as faz tremer".

Uma das professoras dessas crianças, segundo Steinmeier, relatou que frequentemente precisa confortá-las: "Às vezes, tenho vontade de chorar com elas, mas não posso porque preciso me manter forte."

"As crianças da escola em Freiberg e suas famílias na Ucrânia anseiam pela paz ainda mais fervorosamente do que nós. No entanto, essa paz ainda não está ao nosso alcance", afirmou o presidente.

Steinmeier também reforçou que, quando essa paz chegar, ela deve ser justa, sem recompensar "os terrenos conquistados nem abandonar as pessoas na Ucrânia a ações arbitrárias e à violência".

O presidente instou a importância da ajuda humanitária para "aqueles que estão sendo atacados, ameaçados e oprimidos". E, por isso, agradeceu aos alemães que ofereceram e forneceram ajuda em 2022.

Neste ano, a Alemanha acolheu cerca de um milhão de refugiados ucranianos, e o governo firmou compromissos de ajuda humanitária à Ucrânia de quase 2 bilhões de euros, conforme números do Instituto Kiel para a Economia Mundial.

Cidadãos e residentes da Alemanha se uniram em uma rede global de apoio, com dezenas de milhares de voluntários arrecadando dinheiro e fornecendo suprimentos básicos, incluindo a entrega de alimentos, roupas e remédios diretamente na Ucrânia, apesar dos riscos.

Ano difícil em termos econômicos

Ao mesmo tempo em que lamentou o retorno da guerra à Europa, Steinmeier admitiu que o conflito tem impactado em casa, especialmente em termos econômicos. Observa, porém, como o governo reduziu os "fardos mais pesados" – uma referência ao programa de subsídios introduzido para compensar o aumento nos preços de energia.

"Sim, são tempos difíceis. Estamos enfrentando ventos opostos. No entanto, o Natal, em particular, é o momento certo para olharmos para aquelas coisas que nos dão esperança. E essas coisas, de fato, existem! A Ucrânia está resistindo com muita coragem. A Europa está unida. Nosso país está mais uma vez se superando diante desse desafio. Não entramos em pânico, nem nos deixamos dividir", afirmou.

Crise climática

Em relação à crise e às mudanças climáticas, Steinmeier disse ser vital que os alemães prossigam no curso da transição para as energias renováveis.

A crise energética, exacerbada pela guerra na Ucrânia, impulsionou temporariamente a utilização de três usinas nucleares e várias usinas de carvão, algo que a Alemanha esperava já ter eliminado.

"Não importa o quanto estejamos preocupados com outras coisas no momento: a luta contra as mudanças climáticas também não perdeu sua urgência. Elas não podem esperar e precisam que todos nós as enfrentemos", instou o presidente.

"Espero que as pessoas mais velhas, mesmo que no fim da vida, estejam preparadas para mudar mais uma vez. E que os jovens se envolvam, que sejam críticos – sem prejudicar a causa da ação climática, alienando os demais. Pois precisamos de ambos: a ambição dos jovens e a experiência das pessoas mais velhas. Afinal, todos temos um objetivo: que a geração mais jovem não seja a 'última geração', mas sim a primeira de um mundo amigo do clima", declarou, referindo-se ao nome do grupo de ativistas ambientais "Letzte Generation" (última geração em alemão), que tem promovido diversos protestos na Alemanha.

Mensagem de esperança

O presidente da Alemanha finalizou seu discurso enfatizando como os cidadãos conseguiram, apesar dos percalços, conquistar e atingir mais do que poderiam ter esperado.

"Agimos com determinação quando nossa ajuda foi necessária. Defendemos uns aos outros. Estou orgulhoso do nosso país, no qual tantas pessoas estão desempenhando um papel ativo – não porque são obrigados a fazê-lo, mas porque sentem responsabilidade pelos outros e pela sociedade como um todo. O que está em nosso cerne, o que sempre nos fez fortes, perdurará: somos criativos, trabalhadores e dispostos a demonstrar solidariedade. Podemos tirar força e esperança disso para o novo ano", concluiu Steinmeier.

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