Em entrevista à DW, líder oposicionista Svetlana Tikhanovskaya afirma que manifestantes não vão recuar em Belarus e diz que conversaria também com Vladimir Putin.
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Svetlana Tikhanovskaya só se candidatou à presidência de Belarus para substituir o marido, Serguei Tikhanovski. O blogueiro fora excluído da eleição e preso no fim de maio. Derrotada na votação, Tikhanovskaya partiu para a Lituânia por medo da repressão em seu país.
Em entrevista à DW, a líder oposicionista afirmou que o povo de seu país acordou e quer uma nova Belarus. "Acho que todos estão prontos para aguentar por algum tempo. O resultado será uma nova Belarus, livre e segura."
Tikhanovskaya reiterou que deseja uma nova eleição, livre, e que o presidente Alexander Lukashenko também poderá concorrer, se quiser. Se concluída essa transição, ela assegurou que pretende se recolher à vida privada.
Em relação à Rússia, a líder oposicionista declarou que não teria nenhum problema em falar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Mas "somos um país independente, e a independência do nosso país não está em questão", ressalvou.
DW: A senhora tem alguma informação sobre as condições de seu marido?
Svetlana Tikhanovskaya: Claro, ele recebe constantemente a visita de um advogado, que pode avaliar sua condição física e mental. É assim que consigo informações. Não pessoalmente, mas por meio de advogados.
E como ele está?
Fisicamente, não tão bem. Como você pode se sentir numa prisão? Mas é claro que a mente dele continua firme. Ele é informado do que está acontecendo em Belarus. Ele acredita no povo, está convencido de que em breve haverá mudanças. Isso lhe dá muito ânimo.
Um movimento na Lituânia levou dezenas de milhares de pessoas para formar uma corrente humana sob o lema "Caminho da liberdade", desde a fronteira com Belarus até Vilnius. Que sentimento o ato provocou na senhora?
Extremamente positivo. Sou muito grata aos lituanos por mostrarem como os povos de Belarus e da Lituânia podem estar juntos. Na geração mais velha, que experimentou ela mesma o que o nosso país está passando agora, a simpatia por nós é algo compreensível. Mas o fato de que os jovens também estejam saindo às ruas e reagindo de forma muito viva à situação em Belarus nos deixou muito impressionados. Acredito que a geração mais velha ensinou aos jovens os valores necessários para que eles mostrem compaixão e apoio por outras pessoas que têm problemas em seu próprio país.
Em Belarus, quase toda a economia é estatal. Se uma privatização começar, muitas pessoas poderão ficar desempregadas. Na Rússia, isso levou a um grande retrocesso na década de 1990. As pessoas diziam que não era para isso que haviam lutado. A senhora não tem medo de que um processo de reforma em Belarus se torne muito difícil?
Ninguém diz que será fácil. Cada país segue seu próprio caminho nessas mudanças. Mas nosso povo é trabalhador. As pessoas entendem que haverá problemas. Mas estamos prontos para isso, pelo futuro do país. Acho que todos estão prontos para aguentar por algum tempo. O resultado será uma nova Belarus, livre e segura.
A senhora disse que, se Belarus realizar eleições livres, a senhora não voltará a se candidatar. Mas no caso de a senhora se tornar presidente interina por alguns meses, o que a senhora faria para preparar essas eleições?
Uma equipe de especialistas já foi montada ao meu redor, e ela me ajudaria neste momento difícil. Minha tarefa pessoal é unir essa equipe, organizá-la e orientá-la na direção certa – para a preparação de novas eleições justas e transparentes.
O que a senhora acha que vai acontecer nos próximos dias em Belarus? Houve grandes demonstrações em Minsk, mas não apenas em Minsk. E vimos Alexander Lukashenko ser filmado por sua equipe de imprensa com uma metralhadora. A senhora teme que haverá realmente violência?
Eu vi esse vídeo e não posso comentá-lo porque ele é horrível. Nosso povo mudou. Eu não sei o que vai acontecer nos próximos dias, mas sei o que vai acontecer num futuro próximo. Nosso povo não vai recuar. Ele acordou e quer uma nova Belarus. A pessoa que deve recuar é o senhor Lukashenko. As pessoas não vão perdoá-lo e não vão esquecer nada do que aconteceu depois da eleição.
O conselho de coordenação da oposição e também a senhora disseram que, se houver novas eleições livres, qualquer pessoa poderá concorrer. Isso também vale para Lukashenko?
Isso depende dele. Toda pessoa deverá poder participar dessa eleição.
A senhora está satisfeita com o apoio da União Europeia?
Com certeza. Recebemos grande apoio de outros países, e vários líderes me contataram e demostraram apoio ao nosso povo. Nós agradecemos todo o apoio que recebermos, mas cada país deve saber que apoio dará.
O que os líderes mundiais lhe disseram?
Todos têm uma postura muito amigável e estão fascinados com o que se passa em Belarus, com os grandes feitos do nosso povo na defesa dos seus direitos.
Representantes russos entraram em contato com a senhora?
Até agora, não. Mas devo dizer que estamos abertos a todos. Falamos com quaisquer chefes de Estado ou representantes de países que estejam interessados. Nunca nos recusaremos a falar com alguém.
E se o presidente russo, Vladimir Putin, ligar para a senhora, mesmo que a senhora fosse presidente interina? A senhora estaria disposta a uma conversa?
Sabe, somos todos humanos, e eu nem sei como eu deveria me preparar para uma conversa com uma determinada pessoa. Chefes de Estado de países poderosos me ligaram, e acho que vou encontrar palavras para falar com Vladimir Putin.
Muitos se perguntam se Belarus pode realmente existir como um Estado independente à sombra de um grande vizinho como a Rússia, com quem também existe um tratado de união. As relações entre Belarus e a Rússia são muito estreitas, também de um ponto de vista puramente jurídico. Como cidadã, a senhora gostaria de manter essa proximidade ou não?
O senhor está perguntando principalmente a respeito da independência, certo? Somos um país independente, e a independência do nosso país não está em questão e também não está à venda e isso não necessita de mais comentários. No que diz respeito às relações estreitas, desejamos estreitas relações econômicas e políticas com todos os países.
Há pouco mais de dois meses, a senhora não poderia imaginar que se encontraria nesse papel. Na Wikipedia é possível ler sobre a senhora em vários idiomas. Quando a história de Belarus for escrita, haverá um capítulo sobre a senhora. Como a senhora se sente agora neste papel?
Não estou acostumada, mas é claro que me sinto muito mais segura do que há alguns meses. Você muda, fica mais forte e mais confiante.
A senhora pretende se recolher à vida privada depois que a transferência de poder for concluída?
Eu pretendo.
Qual deve ser a última frase na Wikipedia sobre a senhora quando a senhora deixar a arena política?
Svetlana Tikhanovskaya desempenhou um papel fundamental quando os bielorrussos conquistaram sua liberdade.
O mês de agosto em imagens
O mês de agosto em imagens
Foto: AFP/J. MacDougall
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Foto: Reuters/M. Bello
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Foto: Reuters/S. Hisham
Berlim tem marchas de negacionistas da covid
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Foto: DW/D. Vachedin
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Foto: Reuters/F. Robichon
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Foto: Reuters/USA TODAY
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Foto: picture-alliance/dpa/D. Lovetsky
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Foto: Reuters/C. Simon
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Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Drago
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Em cúpula, os líderes da União Europeia disseram não reconhecer o resultado das eleições presidenciais de Belarus, que garantiram um sexto mandato ao autoritário presidente Alexander Lukashenko. Eles também expressaram apoio aos protestos em massa e avisaram que estão preparando uma longa lista de nomes que sofrerão sanções por fraude eleitoral e repressão brutal contra manifestantes. (19/08)
Foto: Reuters/O. Hoslet
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O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e o primeiro-ministro Boubou Cissé foram detidos por militares amotinados. Outros membros do governo também teriam sido detidos, mas não foram identificados. O motim teve início no quartel de Kati, a cerca de 15 quilômetros da capital, Bamako. A comunidade internacional condenou o que chamou de tentativa de golpe de Estado no país africano. (18/08)
Foto: AFP/M. Konate
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Começou nos Estados Unidos a convenção do Partido Democrata, que formalizará a candidatura de Joe Biden na corrida à Casa Branca. A convenção estava programada para ocorrer em Milwaukee, mas devido à pandemia de covid será a primeira convenção virtual da história dos EUA. Ao longo de quatro dias, os democratas pretendem mostrar uma forte coalizão para tentar vencer Donald Trump no pleito. (17/08)
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Kaster
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Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas da capital bielorrussa para o maior ato antigoverno desde que eclodiram os protestos em massa em Belarus, uma semana antes. A manifestação foi considerada a maior da história do país. No mesmo dia ocorreu em Minsk o primeiro ato pró-governo desde o pleito, convocado pelo presidente Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder. (16/08)
Foto: Getty Images/S. Gapon
Rio reabre atrações turísticas
O Rio de Janeiro reabriu ao público uma série de atrações turísticas que ficaram meses fechadas devido à pandemia. Entre elas, cartões-postais como o Cristo Redentor e o Bondinho. Na foto, mergulhadores checam as condições de um aquário dentro do AquaRio, que também reabriu as portas. Os locais operam com capacidade reduzida e sob estritas regras de higiene e distanciamento. (15/08)
Foto: Getty Images/M. Pimentel
Aprovação recorde
Pesquisa Datafolha realizada entre 11 e 12 de agosto aponta que o presidente Jair Bolsonaro está com a melhor aprovação desde o início do mandato. Segundo o instituto, 37% dos brasileiros consideram seu governo bom ou ótimo. Rejeição cai dez pontos percentuais após a continuidade do auxílio-emergencial e recuo do presidente em conflitos com Congresso e Judiciário. (14/08)
Foto: picture-alliance/AP/E. Peres
Acordo de paz histórico
Israel e Emirados Árabes Unidos chegaram a um acordo para normalizar as relações diplomáticas, anunciou o presidente dos EUA, Donald Trump. Os Emirados Árabes Unidos se tornam assim o primeiro Estado do Golfo Pérsico e a terceira nação árabe a estabelecer laços diplomáticos plenos com Israel.Como parte do acordo Israel se comprometeu a suspender a anexação de territórios ocupados. (13/08)
Acidente de trem na Escócia
O descarrilamento de um trem no nordeste da Escócia deixou ao menos três mortos e seis feridos. O acidente ocorreu em Stoneheaven, Aberdeenshire, a 160 quilômetros de Edimburgo. Acredita-se que o trem tenha descarrilado devido a um deslizamento de terra após fortes chuvas que causaram enchentes e interromperam o trânsito ferroviário. (12/08)
Foto: AFP/M. Wachucik
Biden escolhe Kamala Harris como vice
O candidato à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a escolha da senadora Kamala Harris como vice da chapa democrata. Em caso de vitória da dupla, ela pode se tornar a primeira mulher vice-presidente dos EUA. Senadora eleita pela Califórnia, Harris, de 55 anos, é figura de destaque no Partido Democrata. (11/08)
Foto: picture-alliance/dpa/AP/J. Martin
Premiê do Líbano dissolve governo
O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, anunciou a renúncia de seu governo, em meio à crise acirrada no país pela megaexplosão que atingiu a capital, Beirute. "Descobri que a corrupção é maior do que o Estado", afirmou, antes de deixar o cargo. Há meses, o país vive violentos protestos, que foram acirrados em razão da tragédia. (10/08)
Foto: Reuters/T. Al-Sudani
Protestos no Líbano
Tensões em alta após megaexplosão destruir parte da capital libanesa, com protestos violentos nas ruas contra os governantes do país, acusados de corrupção, incompetência e negligência. Líderes mundiais se comprometem a enviar milhões em ajuda humanitária, mas insistem que as autoridades devem se comprometer a realizar as reformas exigidas pela população. (09/08)
Foto: Reuters/E. Francis
Brasil: 100 mil mortos por covid-19
Menos de seis meses após a identificação do primeiro caso de covid-19 no Brasil, o país cruzou a marca de 100 mil mortes pela doença. O número de casos chegou a 3 milhões. Mesmo num ritmo de mil mortes por dia, o governo do país segue defendendo a flexibilização do isolamento e minimizando os impactos do vírus. (08/08)
Foto: AFP/M. Dantas
Emergência ambiental
A ilha Maurício, da República de Maurício, declarou "estado de emergência ambiental" após uma ruptura do casco de um navio com bandeira do Panamá que encalhou na região. O incidente causou um vazamento de petróleo nas águas do arquipélago. Sem carga, o navio ia de Cingapura para o Brasil. Até o momento, 4 mil toneladas de combustível vazaram da embarcação. (07/08)
Foto: AFP/L'Express Maurice/D. Ramkhelawon
75 anos do ataque nuclear em Hiroshima
No dia 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica utilizada em uma guerra foi lançada sobe a cidade de Hiroshima, matando em torno de 140 mil pessoas. Na cerimônia que marcou os 75 anos da tragédia, o prefeito da cidade pediu maior comprometimento dos líderes mundiais para com o desarmamento. (06/08)
Foto: picture-alliance/dpa/E. Hoshiko
Incêndios florestais na França
Milhares de pessoas tiveram de ser evacuadas de residências e campings em uma região próxima a Marselha, no sul da França. Em torno de 1,8 mil bombeiros combatiam as chamas que ameaçavam as comunidades costeiras de Martigues e Sausset-les-Pins. (05/08)
Foto: AFP/X. Leoty
Explosões abalam Beirute
Duas enormes explosões em sequência sacudiram a capital do Líbano. Uma grande nuvem de fumaça no céu podia ser vista a quilômetros de distância. Autoridades disseram que 2.750 toneladas de nitrato de amônio que estavam armazenadas há anos na zona portuária explodiram, gerando o desastre que devastou a cidade. (04/08)
Foto: AFP via Getty Images
Dois anos após tragédia, Gênova inaugura nova ponte
Ponte San Giorgio é inaugurada em cerimônia marcada por tristeza e orgulho, no mesmo local de um dos piores desastres das últimas décadas na Itália, onde o colapso da antiga ponte matou 43 pessoas. Famílias das vítimas ainda pedem justiça. (03/08)
Foto: AFP/M. Medina
Cápsula da SpaceX com astronautas retorna à Terra
Após dois meses no espaço, a cápsula Crew Dragon, da Space X, pousou em segurança no Golfo do México, na costa dos EUA, transportando dois astronautas da Nasa. Foi a primeira missão tripulada lançada a partir dos EUA em nove anos. O regresso da cápsula também representou a primeira vez em mais de quatro décadas que astronautas da Nasa regressam à Terra por meio de um pouso na água. (02/08)
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Liberdade antes da saúde?
Milhares protestaram em Berlim contra restrições ditadas pela pandemia. A multidão era formada por uma combinação de grupos de extrema direita, opositores da vacinação, defensores de teorias da conspiração e outros descontentes com as medidas. "Somos a 2ª onda", gritavam alguns, enquanto outros pregavam "resistência". classificando a pandemia como "a maior teoria da conspiração". (01/08)