Nota de 0 euro com rosto de Karl Marx é sucesso de vendas
12 de agosto de 2018
Cédula foi lançada pela cidade natal do filósofo crítico do capitalismo para comemorar os 200 anos de seu nascimento. Mais de 100 mil unidades já foram vendidas, tendo grande parte delas sido enviada para a China.
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Uma nota de 0 euro lançada por ocasião do 200º aniversário do filósofo Karl Marx, famoso por suas críticas ao capitalismo, transformou-se num sucesso de vendas na Alemanha.
Mais de 100 mil exemplares da nota já foram vendidos, segundo Hans-Albert Becker, representante da Trier Tourismus und Marketing, empresa responsável pelo turismo em Trier, cidade no sudoeste da Alemanha onde Marx nasceu em 5 de maio de 1818.
A nota de 0 euro foi impressa na cor violeta com um retrato de Marx de um lado e monumentos europeus do outro. A cédula se parece a uma nota verdadeira, com marca d'água e fitas de cobre.
"A nota é campeã de vendas. Ninguém poderia imaginar que ela fosse fazer tanto sucesso", disse Becker à agência de notícias alemã DPA.
Segundo ele, os souvenirs foram enviados para mais de 40 países, da Austrália à América do Sul, tendo conquistado fãs sobretudo na Ásia. "De 25 mil a 30 mil unidades foram certamente para a China", disse.
Alguns clientes chegaram a encomendar mais de 100 exemplares de uma vez, e firmas compraram notas para dar de presente a seus funcionários. Apesar do valor simbólico de 0 euro, cada nota é vendida a três euros.
As obras mais conhecidas e mais influentes de Marx são o Manifesto Comunista, escrito com Friedrich Engels e publicado em 1848, e sua análise do capitalismo O Capital, lançada duas décadas mais tarde.
"O souvenir brinca com a crítica de Marx ao capitalismo", disse Norbert Kaethler, diretor do escritório de turismo de Trier, onde Marx passou seus primeiros 17 anos de vida.
Além da nota, a cidade também lançou outros souvenirs e inaugurou uma controversa estátua de Marx por ocasião dos 200 anos do nascimento do filósofo. A escultura de bronze, que tem 5,50 metros de altura, incluindo o pedestal, e pesa mais 2,3 toneladas, é um presente da China.
LPF/dpa/rtr
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Marx é possivelmente o mais influente de todos os filósofos alemães. Mas será que teria gostado do que fizeram com sua obra? O totalitarismo dos futuros regimes "marxistas" é um tópico controverso.
Foto: picture-alliance/akg-images
Visão aguçada
Karl Marx não foi só um mestre-pensador, mas também um grande observador de dinâmicas sociais e psicológicas. Suas análises econômicas são ao mesmo tempo descrições sutis de formas de vida modernas: sob pressão da economia, "os homens são finalmente obrigados a encarar com olhos sóbrios […] suas relações recíprocas". Capitalismo e iluminismo, diz o filósofo, mantêm entre si uma discreta relação.
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Idílio alemão e ideais franceses
Marx cresceu no perfeito idílio de uma região vinícola. O Vale do Mosela, onde se situa sua cidade natal, Trier, é considerado uma das mais belas paisagens cultivadas da Alemanha. A França não está distante. "Liberdade, igualdade, fraternidade", os grandes ideais da revolução de 1789, não tardaram a chegar a Trier. E aí, adeus ao romântico sossego regado a vinho branco.
Foto: imago/Chromorange
Alma poética
Na juventude, Marx era um poeta altamente romântico. "Em torno de mim flui uma pulsão eterna, / eterno arrebatamento, eterna chama", diz um de seus poemas. Os versos eram dedicados a Jenny von Westphalen. E a corte funcionou, pois os dois jovens casaram-se em junho de 1843. Primeiro no civil e pouco depois, apesar da descrença de Marx, também na igreja.
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Amigo e financiador
A vida inteira, Marx nunca conseguiu lidar com dinheiro, sua família estava sempre à beira da falência. Por isso foi um feliz acaso, não só editorial mas também financeiro, ele ter encontrado em meados da década de 1840 Friedrich Engels, filho rico e intelectual de um fabricante. Engels o apoiava regularmente: Marx seguiu tendo que frequentar a casa de penhores, mas com menor frequência.
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"Expropriação dos expropriadores"
Para impor limites aos capitalistas é necessária uma "socialização dos meios de produção", escreveu Marx em sua principal obra, "O Capital". Aí o "invólucro capitalista" arrebentará definitivamente. Depois é preciso partir para o ataque contra os "exploradores": "Os expropriadores serão expropriados", prometia o filósofo.
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História como tragédia – e farsa
Marx não perdoou quando o presidente Charles Louis Napoléon Bonaparte se proclamou imperador dos franceses em 1851, imitando seu grande modelo, Napoleão Bonaparte. "Hegel observou que todos os fatos e personagens de grande importância na história universal ocorrem duas vezes”, citou Marx, complementando: "Esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa."
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"Não sou marxista"
Em nome de Marx, regimes totalitários tomaram o poder em diversas partes do mundo, com violência impuseram as doutrinas políticas que achavam encontrar em suas obras. O próprio Marx parece ter previsto o desastre bem cedo e comentado: "Tudo que sei é: não sou um marxista." A citação não é comprovada, mas certamente faz honra aos traços liberais de sua obra.
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Leste vermelho
O Leste é "vermelho" também na África: Marx e Engels são celebrados na Etiópia. Junto a Lênin, eram vistos como garantia de um grande futuro, que o país lutaria para conquistar. Em nome desse futuro a obra de Marx foi declarada doutrina infalível e aclamada pelas massas. Como em 1987, em Addis Abeba, durante o 13º aniversário da tomada do poder por Haile Mengistus.
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O último a sair apaga a luz
Até 1989, a filosofia de Marx esteve a serviço dos regimes totalitários na Europa Oriental, que acabaram falindo financeiramente. De repente os Estados soviéticos entraram em colapso. A Hungria foi a primeira a abrir as fronteiras para o Ocidente. Os cidadãos da Alemanha Oriental que lá se encontravam queriam uma única coisa: ir embora. A partir de 1989, por algum tempo deixou-se de falar de Marx.
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Projeto interminável
Alguns anos após o colapso do comunismo, Marx reaparece como figura de grafite em Berlim. Sua camiseta lembra: "Eu disse a vocês como mudar o mundo". Ele próprio, há muito tempo aposentado, tem que catar garrafas para sobreviver. É como se a revolução fosse um projeto sem fim – e impossível de completar.
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Marx sobre-humano
Uma estátua de Marx com mais de quatro metros de altura, cujos "longos cabelos e longo casaco representam sua sabedoria": assim explica o escultor chinês Wu Weishan sua visão do filósofo alemão. Em Trier houve grande relutância em aceitar o presente da China, devido ao pouco respeito pelos direitos humanos no país. O que Marx diria disso?
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Última conclamação
"Trabalhadores do mundo inteiro, uni-vos", talvez uma das frases mais conhecidas de Karl Marx, foi o que o escultor Laurence Bradshaw gravou na lápide do filósofo. Ele morreu em 1883, aos 64 anos, em Londres, e está sepultado no cemitério de Highgate. São palavras fáceis de dizer, mas em que ações resultarão? E serão as ações certas?