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Nova Caledônia decide sobre independência da França

3 de novembro de 2018

Eleitores dizem em referendo se querem tornar o arquipélago no Pacífico Sul um Estado independente ou mantê-lo atrelado a Paris. Sondagens apontam vitória do "não". Tensões étnicas marcaram história recente do local.

Imagem da Nova Caledônia, arquipélago localizado no Oceano Pacífico Sul e pertencente à França
Arquipélago localizado no Oceano Pacífico Sul, próximo à Austrália, foi anexado à França no século 19Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Rouby

Os eleitores da Nova Caledônia decidem em referendo neste domingo (04/11) se querem se tornar um Estado independente ou continuar anexados à França, país que reivindicou o arquipélago no Oceano Pacífico Sul como parte de seu império em 1853.

As urnas abriram às 8h da manhã deste domingo (18h de sábado no horário de Brasília) e fecham dez horas depois. Os quase 175 mil eleitores registrados respondem à seguinte pergunta: "Você quer que a Nova Caledônia conquiste a soberania plena e se torne independente?".

O referendo é resultado de um processo iniciado há décadas com o intuito de devolver poderes a autoridades locais da Nova Caledônia, um conjunto de ilhas localizado a cerca de 18 mil quilômetros da França continental e que serve como base estratégica para o país europeu no Pacífico.

A votação está sendo vista como um teste decisivo do sentimento de independência em territórios ultramarinos da França, após protestos críticos à negligência de Paris terem sido registrados em locais como a Guiana Francesa, na América do Sul, e o arquipélago de Mayotte, no Oceano Índico.

A Nova Caledônia tem uma população de cerca de 270 mil pessoas, entre eles os nativos canacos, que correspondem a cerca de 40% da sociedade, e descendentes europeus, que são 27%. Alguns temem que o referendo deste domingo possa levar a um ressurgimento de tensões étnicas que resultaram em confrontos mortais nos anos 1980, contabilizando cerca de 70 vítimas.

A violência no arquipélago levou ao chamado Acordo de Nouméa, de 1998, que abriu caminho para a crescente autonomia do território e teve como objetivo corrigir os desequilíbrios econômicos que estavam por trás das tensões que tomaram a população.

Hoje, a Nova Caledônia tem controle sobre muitas áreas de seu governo local, embora a defesa, relações exteriores, Justiça e ensino superior ainda estejam sob administração de Paris.

O presidente francês, Emmanuel Macron, em visita à ilha em maio deste anoFoto: picture-alliance/AP Photo/T. Rouby

Sondagens apontam que a maioria dos eleitores votará neste domingo a favor de manter o território da Nova Caledônia como parte da França.

Muitos dos que se opõem à independência argumentam que o arquipélago ainda é economicamente dependente dos 1,3 bilhão de euros com que o Estado francês contribui a cada ano.

Outros expressam preocupação de que uma Nova Caledônia independente poderia ser usada pela China para consolidar ainda mais sua influência no Pacífico. Como exemplo, eles lembram os grandes investimentos de Pequim em Vanuatu, um Estado insular muito próximo da Caledônia que se separou da França em 1980.

Caso a votação deste domingo termine com um resultado contrário à independência, o acordo de 1998 permite que mais dois referendos sejam realizados sobre o tema até 2022.

EK/afp/ap/lusa

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