Nova edição de "Minha luta" na mira de promotores alemães
28 de maio de 2016
Promotoria de Bamberg investiga planos de editora de relançar o livro sem notas críticas. Obra caiu em domínio público no início de 2016, mas publicação pode configurar crime de incitação ao ódio.
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Promotores da cidade de Bamberg, no sul da Alemanha, afirmaram esta semana que estão investigando os planos de uma editora de lançar uma nova edição do livro Minha luta (Mein Kampf), de Adolf Hitler, sem notas críticas, uma ação que pode configurar crime de incitação ao ódio.
A editora Der Schelm, sediada em Leipzig, no leste do país, afirmou em seu site que vai lançar a versão integral de 1943 do polêmico livro de Hitler, escrito entre 1924 e 1926 e a principal base da ideologia nazista.
O proprietário da editora, Adrian Pressinger, confirmou na última quarta-feira (25/05) a intenção de publicar o livro no verão europeu em sua versão original, mas não especificou formato nem onde seria impresso. Em 2002, Pressinger foi condenado por incitação ao ódio, uso de símbolos de organizações inconstitucionais e glorificação da violência na Alemanha.
Depois da morte do ditador, em 1945, os direitos de publicação da obra de Hitler ficaram em poder das autoridades da Baviera e entraram em domínio público no início de 2016. Como a publicação não pode mais ser proibida com base na legislação de direitos autorais, a obra pode, em tese, ser publicada por qualquer pessoa. Porém, autoridades alemãs já afirmaram que tentativas de fazê-lo podem configurar crime de incitação ao ódio.
Manifesto de ódio de Adolf Hitler cairá em domínio público apenas em 2016. Apesar de banido na Alemanha há 70 anos, o livro pode ser encontrado em vários países.
Foto: Arben Muka
Com a assinatura de Hitler
Edições autografadas pelo ditador nazista costumavam ser oferecidas a executivos ou como presente de casamento. Para ter esses exemplares, colecionadores de todo o mundo desembolsam somas astronômicas.
Foto: picture-alliance/dpa
Edição árabe
Esta versão em árabe foi publicada em 1950. No verso do livro, há várias reproduções da suástica.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
'Mon Combat'
À esquerda, a edição francesa de 1939 contém a frase: "Todo francês precisa ler este livro." A recomendação – ou aviso – foi escrita pelo major francês Hubert Lyautey, ministro da Guerra durante a Primeira Guerra e mais tarde administrador colonial do país. Lyautey morreu bem antes de Hitler iniciar a Segunda Guerra. A imagem à direita mostra uma versão posterior do livro do ditador nazista.
Foto: picture alliance/Gusman/Leemage /Roby le 14 février 2005.
"Uma obra do mundo moderno"
Durante um longo período, Hitler tentou conquistar o Reino Unido – em vão, pois o espírito lutador dos britânicos não deixou isso acontecer. Mesmo odiando o ditador nazista, eles não tiveram problemas em publicar o livro após a guerra. Este anúncio trata a obra como uma das mais significativas do mundo moderno.
Foto: picture-alliance/dpa/photoshot
Com capa vermelha
Artigos de guerra são populares entre os colecionadores americanos. Em nenhum país do mundo, a demanda por "Minha Luta" é maior que nos Estados Unidos. Leilões para edições especiais costumam ter o preço inicial de 35 mil dólares.
Foto: F. J. Brown/AFP/Getty Images
No Afeganistão
Em Cabul, comerciantes de rua vendem "Minha Luta" – legalmente. Pôsteres de propaganda nazista também estão entre as mercadorias.
Foto: picture-alliance/dpa
Adolfa Hitlera em Sarajevo
"Minha Luta" foi exibido em uma feira de livros na capital da Bósnia em 2013. Porém, em edição comentada.
Foto: DW/N. Velickovic
Hitler na vitrine
Pelas ruas de Tirana, capital da Albânia, é possível se deparar com a foto do ditador nazista. Na cidade, é bastante comum que o livro seja exibido em vitrines de livrarias.