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Berlim

dpa (ncy / sm) 14 de maio de 2008

A remoção dos andaimes do edifício da embaixada norte-americana em Berlim desencadeou um debate sobre o símbolo do poder de Washington nas imediações do antigo Muro de Berlim.

Inauguração prevista para 4 de julhoFoto: picture-alliance/ dpa

A embaixada dos EUA em Berlim deverá ser inaugurada em 4 de julho, Dia da Independência norte-americana, mas os turistas já estão tirando fotos do edifício, cuja fachada dá para a prestigiosa Pariser Platz, nas imediações do Portão de Brandemburgo, da embaixada Francesa e do luxuoso Hotel Adlon.

A finalização do edifício preenche a última lacuna na valorizada praça que se transformou numa galeria de arquitetura contemporânea nas últimas duas décadas. O projeto da embaixada atrasou por causa de anos de conflito com a prefeitura de Berlim por causa das planejadas zonas de segurança contra carros-bomba.

Maquete do projeto dos arquitetos Moore Ruble YudellFoto: Moore Ruble Yudell Architects

Uma série de pilares da altura da cintura é o elemento de segurança mais evidente no edifício de quatro andares, cujo lado mais extenso não está voltado para a praça, mas sim para a rua de quatro pistas da qual a maioria dos turistas vê o edifício primeiro.

O site da embaixada explica que a intenção do projeto é apresentar os EUA de forma aberta, mais segura.

Grande vista – para o embaixador

De sua residência, o embaixador norte-americano em Berlim, William Timken, terá um panorama da história de Berlim à sua volta.

A vista foi planejada para fazer parecer que a Quadriga no topo do Portão de Brandemburgo está para atravessar o jardim de plantas nativas norte-americanas cultivado no teto da embaixada. A vista do topo do edifício também inclui a cúpula do Reichstag e o Tiergarten. Ao sul, vê-se o sóbrio Memorial do Holocausto, com os arranha-céus comerciais da Potsdamer Platz, a 400 metros de distância.

Embaixada francesa em BerlimFoto: AP

Timber lembra de ter visitado o local no início dos anos 90, quando a área ainda era devastada e coberta de mato. "Pouco antes, o Muro de Berlim ainda estava em pé, e logo ao lado a 'faixa da morte' [onde foram mortas pessoas que tentaram atravessar clandestinamente para o Oeste]", relembra Timken, embaixador em Berlim desde 2005. "Eu jamais poderia imaginar que aqui viria a ser a nossa embaixada", acrescentou ele, declarando-se admirado com o retorno da sede diplomática a esse local histórico.

Segurança antes da estética

No entanto, o projeto arquitetônico foi mais influenciado por fatores de segurança do que por emoções desse tipo. As paredes são reforçadas, os vidros à prova de bomba e uma cerca resistente separa o edifício da rua principal, por onde os visitantes chegam ao serviço consular.

A segurança é parte do preço que os Estados Unidos pagaram pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington.

Mas comparada com a antiga embaixada norte-americana em Berlim, isolada atrás de feias barreiras de concreto e aço e de guaritas com guardas armados, o novo e arejado edifício de 78 milhões de euros, com suas muitas janelas, mais parece um projeto desarmamentista.

Críticos consideram projeto ultrapassado

O crítico de arquitetura Gerwin Zohlen não se mostrou muito impressionado. Ele considera a fachada recém-revelada "sem graça" e "pouco inspirada", um exemplo do pós-modernismo já ultrapassado dos anos 80.

Ele sugere que os berlinenses apelidem de "panqueca" o edifício projetado pelo escritório de arquitetura californiano Moore Ruble Yudell, referindo-se ao lado voltado para a rua principal, circuito dos turistas a caminho do Memorial do Holocausto. "Tem-se a impressão de que o prédio está distorcido na horizontal."

Um segmento do Muro de Berlim no pátio da nova embaixada americanaFoto: AP

Em vez de projetar a grandeza de uma superpotência, o edifício sugere uma nação que deixou de ser a polícia mundial para recuar e tomar uma posição defensiva, avalia o crítico. "Combinaria com o Centro-Oeste dos EUA, mas não com o centro histórico de uma cidade da 'Velha Europa'." Zohlen reconhece no edifício um estilo de bunker, uma crítica que também pesa contra a embaixada da França, inaugurada do outro lado da praça em 2003.

A prefeitura de Berlim fez concessões para viabilizar o projeto de alta segurança. A Ebertstrasse, rua que separa a embaixada do parque, foi ligeiramente desviada, para possibilitar a ampliação da zona de segurança ao longo da embaixada.

De qualquer forma, os Estados Unidos não foram o único país a fazer exigências de segurança. A embaixada britânica também pediu que a prefeitura de Berlim interditasse a sua rua para o tráfego de automóveis.

Propriedade americana desde os anos 30

A relação dos Estados Unidos com a Pariser Platz data do início dos anos 30, quando os norte-americanos compraram um palácio incendiado, mas não tiveram dinheiro para restaurá-lo em decorrência dos efeitos da crise de 1929.

Quando Adolf Hitler subiu ao poder, a embaixada norte-americana estava instalada em um edifício comercial alugado. A sede diplomática foi transferida para a Pariser Platz, quando o arquiteto do regime nazista, Albert Speer, começou a fazer planos grandiosos para demolir o antigo bairro diplomático de Berlim e transformar esse espaço central em um palco da encenação do poder nazista.

Os Estados Unidos entraram na guerra em 1941. Nos pós-guerra, as autoridades comunistas demoliram as ruínas do edifício, mas o terreno permaneceu propriedade norte-americana, sendo recuperado por Washington com o fim do regime comunista, em 1989.

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