Fóssil de 90 milhões de anos foi encontrado no Paraná. Segundo pesquisadores, animal tinha cerca de 1,6 metro de comprimento e 80 centímetros de altura e era da mesma linhagem do tiranossauro.
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Uma nova espécie de dinossauro foi descoberta no Brasil, a primeira do Paraná. Trata-se do Vespersaurus paranaensis, que viveu no período Cretáceo, há cerca de 90 milhões de anos, e é da mesma linhagem do tiranossauro e do valociraptor.
O fóssil foi encontrado no município de Cruzeiro do Oeste e estudado por paleontólogos da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), do Museu Argentino de Ciências Naturais e do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste.
O estudo foi apresentado nesta quarta-feira (26/06) em Maringá e publicado no periódico Scientific Reports, do grupo Nature. Com 1,6 metro de comprimento, 80 centímetros de altura, cerca de 15 quilos e braços com menos da metade do tamanho das pernas, esse dinossauro carnívoro e bípede vivia em um ambiente desértico – hoje, o Paraná.
Dentre os terópodes, o Vespersaurus paranaensis pertence ao subgrupo Noasaurinae, que inclui dinossauros de pequeno porte até então conhecidos apenas na Argentina e em Madagascar, com possíveis registros também na Índia – o que indicaria que essas terras estiveram unidas durante o período Cretáceo.
O nome da nova espécie vem de "vesper", (oeste ou entardecer em latim), em referência ao nome da cidade onde foi feita a descoberta, e ganhou o "paranaensis” por ser o primeiro dinossauro do estado do Paraná.
Segundo informações do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste citadas pela UEM, esta "é a 8ª espécie de dinossauro descrita a partir de material brasileiro que pode ser seguramente atribuída aos terópodes". O exemplar corresponde ao terópode preservado de forma mais completa do país, com quase metade do esqueleto conhecido.
Um dos autores do estudo, o geólogo Paulo César Manzig, do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste, explica que a descoberta do novo dinossauro elucida um mistério envolvendo pegadas encontradas na cidade na década de 1970. A constatação foi possível com o auxílio de tomografia e reconstituição digital.
"É incrível que, quase 50 anos depois, parece que descobrimos qual tipo de dinossauro teria produzido aquelas enigmáticas pegadas", comentou Manzig ao Jornal da USP.
O autor principal do artigo, Max Cardoso Langer, doutor em Ciências e professor vinculado à USP de Ribeirão Preto (SP), destaca que a pata traseira do animal tinha o formato de lâmina, o que facilitava a captura de presas, que poderiam incluir os lagartos e pterossauros, que também habitavam a região.
Dois dedos laterais curtos serviam como arma, enquanto o terceiro dedo, do meio e mais longo, servia de apoio. Seu peso era praticamente todo suportado por esse único dedo central, o que significa que ele era funcionalmente monodáctilo (de um único dedo), semelhante ao que ocorre com os cavalos atuais. "O dinossauro tinha um esqueleto leve, semelhante ao que as aves têm", diz Langer.
O Vespersaurus paranaensis não foi a primeira espécie da "era dos dinossauros” encontrada no noroeste do Paraná. Também em Cruzeiro do Oeste foram descobertos o lagarto Gueragama sulamericana e inúmeros indivíduos do pterossauro Caiuajara dobruskii.
Para Neurides Martins, diretora do Museu de Paleontologia da cidade, o achado deve catapultar as pesquisas paleontológicas na região. "É uma área riquíssima, mas ainda pouco explorada, que seguramente irá aportar grandes novidades ao mundo da paleontologia", disse ao Jornal da USP.
le/ots
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De ursos d'água e lulas de 13 metros a "galinhas monstro sem cabeça", ainda há muito para a biologia descobrir no planeta. Conheça nove novas espécies animais – e uma participação especial do reino vegetal.
Foto: Imago/Science Photo Library
Mola tecta
Este animal de dois metros de largura e aparência bizarra encalhou numa praia da Califórnia em fevereiro de 2019, deixando atônitos os moradores locais. Trata-se de uma variedade rara de peixe-lua, apenas identificada oficialmente em 2017 e até então avistada exclusivamente nas águas do Hemisfério Sul, nas proximidades da Nova Zelândia e Austrália.
Foto: Reuters/T. Turner
Enypniastes eximia
Filmado em 2018 ao largo do leste da Antártida, este pepino-do-mar atende por um apelido saído de um filme de terror: "galinha monstro sem cabeça". Antes, ele só fora localizado no Golfo do México. Enquanto outras espécies da mesma classe habitam o fundo do oceano, a "galinha" passa o dia flutuando pelas águas, só aterrissando para se alimentar.
Medindo (monstruosos, na escala apiária) 3,8 centímetros, a abelha-gigante Wallace foi localizada por cientistas na selva da Indonésia 38 anos após ser registrada pela primeira vez. Durante 25 anos, chegou a constar da lista das espécies "mais procuradas" da Global Wildlife Conservation. Apesar das assustadoras mandíbulas, sua dieta é basicamente de néctar e pólen, como a das primas menores.
Foto: Clay Bolt
Architeuthis dux
Tendo provavelmente inspirado o mito do "Kraken", o calamar-gigante escapou aos biólogos durante décadas: a primeira fotografia de um espécime vivo foi tirada em 2004. E aqui vê-se um quadro da primeira filmagem de um dos cefalópodes em seu habitat natural, feita em 2012. Não se sabe ainda que dimensões podem alcança, mas o maior já registrado media 13 metros.
Foto: Reuters
Hyorhinomys stuempkei
Em 2015, cientistas confirmaram oficialmente a descoberta de uma nova espécie de mamífero na ilha indonésia de Sulawesi. Não se sabe por que o órgão olfativo a que o rato-de-nariz-de-porco deve seu nome tem essa forma, mas ele também ostenta assustadores dentes vampirescos – embora se alimente principalmente de minhocas e larvas de besouros.
Foto: picture-alliance/dpa/Museum Victoria
Neopalpa donaldtrumpi
Descoberta na Califórnia do Sul em 2017, esta minúscula mariposa atraiu a atenção da mídia graças ao "topete" amarelado que ostenta, espantosamente aparentado ao penteado de Donald Trump. Por ironia, o habitat do inseto se estende até o estado mexicano de Baixa Califórnia, ameaçado de ser dividido pelo muro que é a obsessão do presidente americano.
Foto: picture-alliance/dpa/V.Nazari
Chaunacidae
Parece não haver endereço melhor para criaturas de aparência excêntrica do que as profundezas do oceano. Esta raramente fotografada "rã marinha" foi descoberta em 2009, durante a expedição Deep Down Under no Mar de Coral da Austrália. Os peixes, que vivem no fundo de areia, pertencem à família dos xarrocos, cuja característica mais espetacular é a isca bioluminescente que portam defronte da boca.
Foto: picture-alliance/dpa/MARUM Universität Bremen/LMU München
Sciaphila sugimotoi
Num breve desvio para o reino vegetal, a descoberta no Japão desta extraordinária planta, em 2017, despertou interesse por todo o mundo – também pelo fato de a flora do país ser tão bem documentada. Trata-se de uma das poucas espécies de plantas que praticamente abandonaram o processo de fotossíntese, alimentando-se, em vez disso, das raízes dos fungos hospedeiros, sejam cogumelos ou mesmo bolor.
Foto: picture-alliance/ESF International Institute for Species Exploration/Takaomi Sugimoto
Xuedytes bellus
Uma nova espécie de besouro foi descoberta em 2018 numa caverna de calcário da província de Guangxi, no sul da China. Seu corpo alongado e compacto, pernas finas e longas e total ausência de olhos ou asas fazem do besouro-das-cavernas um exemplo perfeito de adaptação à vida na escuridão absoluta, assim como de evolução convergente.
Foto: picture-alliance/Sunbin Huang/Mingyi Tian/ESF International Institute for Species Exploration/dpa
Tardigrada
Embora a ciência conheça os microscópicos tardígrados desde 1777, uma nova espécie foi descoberta em 2018, justamente num estacionamento no Japão, quando um pesquisador arrancou um pedaço de musgo do concreto e levou-o para testar no laboratório. Os também chamados ursos-d'água, são praticamente indestrutíveis, e a nova espécie pode ser descendente de uma linha arcaica.