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Nova espécie de pterossauro é descoberta no Sul do Brasil

Cristian Edel Weiss
20 de agosto de 2019

Fósseis de réptil voador que viveu entre 110 milhões e 80 milhões de anos atrás foram encontrados na cidade de Cruzeiro do Oeste (PR). Segundo pesquisadores, animal tinha 2,5 metros de envergadura e cerca de 15 quilos.

Brasilien Neue Pterosaurierart wurden entdeckt
Foto: Cenpaleo/Divulgação

Pesquisadores brasileiros descobriram uma nova espécie de pterossauro que habitava o Sul do Brasil entre 110 milhões e 80 milhões de anos atrás. O réptil voador, que foi chamado de Keresdrakon vilsoni, foi documentado em artigo publicado na revista Academia Brasileira de Ciências, em edição publicada nesta segunda-feira (19/8). Os fósseis do animal foram encontrados em rochas de arenito da chamada Bacia Sedimentar do Paraná/Bauru, localizadas no município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do Paraná.

O achado contou com o trabalho de pesquisadores do Museu Nacional (ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro), Universidade do Contestado (Santa Catarina), Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), Universidade Regional do Cariri (Ceará) e Universidade Federal de Pernambuco.

Conforme o pesquisador Luiz Carlos Weinschütz, da Universidade do Contestado, o animal tinha 2,5 metros de envergadura e cerca de 15 quilos. A descoberta é resultado de escavações feitas na região de 2012 a 2014. Desde então, as rochas com as amostras haviam sido levadas para o laboratório do Centro Paleontológico (Cenpaleo) da universidade, em Mafra, no norte de Santa Catarina, para serem examinadas.

Segundo Weinschütz, o animal vivia numa região desértica, ao redor de um oásis com água e vegetação. Tempestades ocasionais que inundavam a área podem ter arrastado os ossos para o mesmo local e dispostos em camadas, como as que foram encontradas.

Esta é mais uma espécie descoberta pelos pesquisadores na região, depois do pterossauro Caiuajara dobruskii (em 2014), do lagarto Gueragama sulamericana (em 2015) e do dinossauro Vespersaurus paranaensis (em junho deste ano). O local ganhou o nome de "cemitério dos pterossauros”, devido aos fósseis pré-históricos encontrados pela primeira vez em 1971.

Achado recente reforça a existência de um ecossistema no deserto

Segundo os pesquisadores, o Keresdrakon vilsoni é maior do que o pterossauro Caiuajara dobruskii. O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, que também é paleontólogo, participou da pesquisa e assina o artigo publicado nesta semana. À DW Brasil, ele destaca na descoberta o fato de provar a existência de um ecossistema interligado num ambiente desértico.

Keresdrakon se alimentava da carcaça de outros animaisFoto: Cenpaleo/Divulgação

"A descoberta não só é um pterossauro, um réptil alado, mas muito melhor. Nosso estudo mostrou a relação ecológica, ou paleoecológica. Numa sucessão de três camadas a gente encontra um dinossauro e os dois pterossauros lado a lado, os três organismos preservados. Isso é muito, muito raro. Esses animais, numa mesma região, dividiam o ambiente e cada um tinha um modo alimentar diferente”, afirma.

Conforme Kellner, o pterossauros caiuajara se alimentava de frutas. Já o keresdrakon, o também pterossauro descoberto recentemente, que era maior e não vivia em bandos, se alimentava possivelmente de ovos ou de pequenos filhotes caiuajara, além de carcaças de dinossauros, como o vespersaurus. "Nós provamos esse ecossistema desértico durante o período cretáceo”, atesta.

Fósseis foram encontrados pelos pesquisadores em camadas de rochas no noroeste do Paraná. À direita, o paleontólogo Alexander Kellner, diretor do Museu NacionalFoto: Cenpaleo/Divulgação

Kellner acrescenta ainda que o achado mais recente é importante para mostrar que o Museu Nacional, atingido por um incêndio em setembro do ano passado, segue ativo cientificamente, mesmo impossibilitado de abrir as portas na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro até que as obras de recuperação terminem.

"Isso mostra que o Museu Nacional vive, com suas parcerias, com várias instituições. E a gente continua ativo cientificamente. Apesar da tragédia, o fundamental é que o Museu Nacional não perdeu sua capacidade de gerar conhecimento, o que se dá não apenas aos novos pesquisadores, mas por essas parcerias que a gente faz pelo Brasil e pelo mundo”, finaliza.

Por que os dinossauros eram tão grandes?

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