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Armas

8 de maio de 2009

Após massacre em escola de Winnenden, o governo alemão pretende acirrar mais uma vez a lei de armas de fogo, proibindo inclusive jogos como paintball ou laserdome, que utilizam armas de pressão ou pistolas a laser.

Munição de paintball é bolinha com tintaFoto: picture-alliance/ dpa

A mídia alemã anunciou que os partidos da grande coalizão de governo entraram em consenso, nesta quinta-feira (07/05) em Berlim, sobre um extenso leque de modificações na legislação referente a armas. Um porta-voz do Ministério alemão do Interior afirmou que a nova lei deverá ser votada ainda nesta legislatura, ou seja, antes das eleições parlamentares de setembro próximo.

Os planos do governo alemão de controlar os proprietários de armas, independentemente de suspeita, foram bastante criticados pelos praticantes de tiro esportivo. Da mesma forma foi objeto de críticas a intenção da grande coalizão de proibir jogos de tiro a laser ou com munição colorida, como o paintball.

Proibição do paintball

Armas de grande calibre continuarão permitidasFoto: AP

Também conhecido como gotcha, no jogo de paintball os participantes utilizam como munição bolinhas que deixam manchas coloridas. Para o governo alemão, o paintball simularia o ato de matar de forma muito próxima à realidade, seria imoral e violaria a dignidade humana.

Por esse motivo, um grupo de trabalho formado por especialistas do governo alemão, dos estados federados e das bancadas partidárias entraram em consenso quanto à proibição do jogo, após o massacre numa escola em Winnenden, com 16 mortos.

Arne Petry, porta-voz da Associação Alemã de Paintball (DPL), afirmou que o jogo "não tem nada a ver com uma situação de matança". O jogo seria um esporte de equipe, uma "distração do cotidiano", "uma experiência excitante como praticar o bungee jumping ou pular de paraquedas". Além disso, explicou Petry, no jogo não se dispara com "armas", mas com "marcadores".

Na Alemanha, o paintball só pode ser praticado em quadras ou em terrenos cercados. Uniformes camuflados e marcadores que imitem armas de verdade são proibidos – essa tendência de se afastar o máximo possível da realidade se desenvolveu na Alemanha e está se espalhando também para os EUA, afirmou Petry.

Mas naturalmente, "como em todo esporte", existem também as ovelhas negras que vão jogar ilegalmente nas florestas, em uniforme militar, adimitiu o porta-voz. O paintball foi desenvolvido nos EUA na década de 1980. Na Alemanha, a DPL foi criada em 2003 e conta com quase 2 mil jogadores.

Controle de armas

Segundo a imprensa alemã, a multa para quem desrespeitar a proibição de jogar paintball ou laserdome seria de até 5 mil euros. O vice-líder da bancada dos partidos conservadores CDU/CSU no Parlamento alemão, Wolfgang Bosbach, informou que também será introduzida a obrigação, por parte dos proprietários de armas, de permitir o controle dos armamentos e dos cofres de armas em suas residências. Quem se recusar, pode perder sua licença, ameaçou Bosbach.

Josef Ambacher, presidente da Associação Alemã de Atiradores, afirmou ao jornal Münchner Merkur que "não é possível que, no futuro, qualquer órgão municipal possa entrar nas moradias".

A proposta é controversa. Tais controles são rejeitados por parte dos membros dos partidos da União Democrata Cristã, da União Social Cristã e pelos liberais, já que iriam de encontro à inviolabilidade de domicílio.

Concessão ao lobby?

Segundo o jornal Neue Osnabrücker Zeitung, armas de maior calibre não deverão ser proibidas. Mas, a prática de tiros com essas armas passará a ser permitida somente para maiores de 18 anos, em vez dos atuais 14 anos de idade.

Claudia Roth, da presidência do Partido Verde alemão, denominou os planos do governo de "concessão covarde ao lobby das armas". Segundo ela, em vez de proibir o tiro com armas de maior calibre para todas as pessoas, os especialistas da grande coalizão entraram em consenso sobre "a proibição demagoga de paintball e laserdome".

Os parentes das vítimas do massacre na escola de Winnenden também consideram insuficientes as modificações. "Armas não devem ser guardadas em casa", afirmou o presidente da união dos familiares das vítimas de Winnende, Hardy Schober, ao jornal Mitteldeutsche Zeitung.

CA/dpa/afp

Revisão: Roselaine Wandscheer

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