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Nova liderança chinesa segue caminho conservador

23 de fevereiro de 2013

Nos primeiros 100 dias à frente do Partido Comunista, Xi Jinping fez do combate à corrupção no Estado a sua bandeira, mas grandes reformas políticas ainda continuam distantes.

Foto: Reuters

Quando, em novembro de 2012, foi apresentada a nova liderança do Partido Comunista, a imprensa chinesa falou em "novos ventos". No centro das atenções estava Xi Jinping, novo secretário-geral, chefe da Comissão Central Militar e, por consequência, o responsável pelos 2,3 milhões de soldados do país. Em sua primeira aparição, Xi, de 60 anos, mostrou seu lado mais simpático e humano, marcando logo uma diferença em relação a seu antecessor, Hu Jintao, e ao resto de um regime basicamente tecnocrata.

Hoje, cem dias após a posse, o foco está nas questões políticas. Agora conta o que Xi alcançar politicamente e para onde esses "novos ventos" levaram o grande barco chinês. Como primeira tarefa, Xi decidiu tentar acabar com a corrupção. "A corrupção em grande escala leva à queda do partido e do Estado", disse Xi, dois dias após sua apresentação no novo politburo.

Xi transformou suas palavras em atos. Nos últimos três meses, mais de 30 altos políticos foram destituídos, entre eles o secretário do partido na província de Sichuan, Li Chuncheng, que também é membro suplente do seleto Comitê Central do PC. Entre as principais acusações, corrupção e proteção à máfia.

Em todo caso, a investigação corre apenas no comitê de disciplina interno do partido. Na China, a maioria dos casos de corrupção entre políticos não é levada a tribunal.

Conservador Xi Jinping conta com o apoio das Forças ArmadasFoto: picture alliance / landov

Apoio dos militares

O próprio Xi reconhece que a corrupção na China é sem limites e ameaça a existência do Estado, o que pode ser evidenciado por uma série de casos. Segundo o professor Zhou Xiaozheng, da Universidade Renmin, de Pequim, usar a política para benefícios próprios é normal na China.

"As pessoas que lucraram até aqui com o sistema se posicionam para que seus interesses não corram perigo com a nova liderança", explica Zhou, que diz que, embora haja bases legais para combater a corrupção, não há interesse. "Enquanto as leis não implicarem consequências, tudo continuará na mesma."

Os ditos de Mao Tsé-Tung, fundador da República Popular, ainda hoje têm validade. E Xi, como chefe da Comissão Militar, conta com o apoio das Forças Armadas. Por isso, sua primeira visita foi aos soldados. No Sul, na província de Guangdong, almoçou numa fragata. No Oeste, visitou uma unidade responsável pelo programa chinês mísseis. Antes da Festa da Primavera deste ano, o supremo comandante militar fez uma visita à unidade central das forças de segurança paramilitares, com aproximadamente 1,5 milhão de integrantes, conhecida como Polícia Armada do Povo. Todos juraram lealdade a Xi.

"Xi segue um caminho conservador. Seu partido está no centro do governo. Reformas políticas são um aspecto secundário", opina o especialista em estudos chineses Christian Göbel, da Universidade de Heidelberg. Em março, Xi deve ser oficializado como chefe de Estado no Parlamento chinês. E de acordo com as regras políticas, o destino do "grande timoneiro" da China será decidido nos próximos dez anos.

Autor: Chang Ping/Anny Boc (rpr)
Revisão: Augusto Valente

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