Premiê Jacinda Ardern saúda aprovação no Parlamento de moção, que é simbólica. Oposição vê muito slogan e pouco conteúdo, e ambientalistas dizem que ações do governo são insuficientes.
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A Nova Zelândia declarou nesta quarta-feira (02/11) "situação de emergência climática", um passo sobretudo simbólico já dado por mais de 30 países.
"Estamos no meio de uma crise climática que vai ter impacto em todos os aspectos das nossas vidas e no tipo de planeta que os nossos filhos vão herdar", disse o ministro das Mudanças Climáticas, James Shaw.
A moção aprovada pelo Parlamento, por 76 votos a favor e 43 contra, é simbólica, mas vem acompanhada de medidas para tornar os órgãos públicos neutros em emissões de carbono até 2025.
A primeira-ministra Jacinda Ardern disse que se trata de um importante passo para alcançar a meta de neutralidade de carbono no país até 2050. Segundo ela, a declaração é um reconhecimento do ônus que as próximas gerações enfrentam. "É sobre qual país elas vão herdar", afirmou.
Com a declaração, a Nova Zelândia se une a um grupo de outros 32 países que declararam "emergência climática", entre eles a França, o Canadá e o Reino Unido, que, em maio de 2019, foi o primeiro, logo seguido pela Irlanda.
Críticas ao governo
A oposição, que votou contra, disse que a moção carece de conteúdo. "A ação do governo foi um triunfo da política sobre as soluções práticas, e dos slogans sobre o conteúdo", disse o parlamentar oposicionista David Seymour.
No ano passado, o governo conseguiu aprovar uma legislação para tornar o país neutro em emissões de carbono até 2050, apesar de excluir as emissões de gás metano dos planos, para proteger o lucrativo setor agrícola.
O metano, produzido sobretudo na pecuária, por ovelhas e bovinos, responde por quase metade das emissões de gases do efeito estufa da Nova Zelândia. Por isso, organizações ambientalistas, como o Greenpeace, dizem que Ardern fez muito pouco pelo meio ambiente desde que chegou ao poder, em 2017, apesar de a campanha dela ter focado em questões ambientais.
"Quando a casa está em chamas, não adianta acionar o alarme sem também combater o fogo", afirmou a ativista Kate Simcock sobre a declaração de emergência climática. "E, na Nova Zelândia, combater o fogo significa abordar as emissões da agricultura", disse.
O Climate Action Tracker, um grupo científico que mede os esforços contra o aquecimento global de governos de todo o mundo, afirma que as ações da Nova Zelândia são insuficientes para alcançar as metas do país no Acordo de Paris.
AS/ap/dpa/afp/lusa
Mudanças climáticas reduzem populações de pinguins
Fevereiro foi mês mais quente já registrado na Antártida. Alterações do clima afetam seriamente a região remota, e a população de pinguins de Chinstrap caiu para menos da metade, como cientistas constataram recentemente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Em missão antártica
Uma equipe de cientistas de duas universidades americanas partiu para uma expedição antártica no início de 2020. Por várias semanas eles estudaram o impacto das mudanças climáticas sobre a região remota. Mais especificamente, queriam avaliar quantos pinguins de Chinstrap restavam na Antártida Ocidental em comparação com a última contagem da população, na década de 1970.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Manso e curioso
Os pinguins de Chinstrap habitam as ilhas e costas do Pacífico Sul e dos oceanos antárticos. Seu nome se deve à estreita listra preta na parte inferior da cabeça. Mesmo antes de os cientistas escutarem os estridentes sons dos pássaros, um cheiro cáustico de excrementos indica a proximidade de uma colônia. Os pinguins não aprenderam a temer os seres humanos, por isso ignoram seus visitantes.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Resultados chocantes
Os cientistas usaram técnicas de contagem manual e por drones para contabilizar os pinguins de Chinstrap. Suas constatações revelaram que algumas colônias sofreram uma queda de mais de 70%. "Os declínios que vimos são definitivamente dramáticos", disse à agência de notícias Reuters Steve Forrest, biólogo da conservação que fez parte da expedição.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Cadeia alimentar em declínio
Os pinguins de Chinstrap se alimentam de pequenos animais marinhos, como krill, camarões e lulas. Eles nadam até 80 quilômetros todos os dias à busca de alimentos. Suas penas bem compactas funcionam como um casaco impermeável e permitem nadar em águas geladas. Mas as mudanças climáticas estão diminuindo a abundância de krill, o que dificulta a sobrevivência das aves.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Desafios de reprodução
Pinguins de Chinstrap preferem aninhar em lugares particularmente inacessíveis e remotos. Quando procriam, constroem ninhos circulares de pedras e põem dois ovos, que o macho e a fêmea se revezam para incubar, em turnos de cerca de seis dias. Como o aquecimento global está derretendo as camadas de gelo e reduzindo a abundância de alimentos, porém, a reprodução é menos bem-sucedida.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Implicações mais abrangentes
Estima-se que haja 8 milhões de pinguins de Chinstrap em todo o mundo, razão pela qual eles não foram motivo de preocupação até agora. Mas nos últimos 50 anos sua população na Península Antártica foi reduzida a menos da metade. Eles não estão em perigo iminente de extinção, mas o declínio de suas populações é um forte alerta sobre as grandes mudanças ambientais em curso.