Primeira-ministra, Jacinda Ardern, anunciou que comissão avaliará como seu governo lidou com o coronavírus. Objetivo é se preparar melhor para eventuais crises sanitárias.
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A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou nesta segunda-feira (05/12) uma investigação de alto nível sobre como seu governo lidou com a pandemia de covid-19. O objetivo é se preparar melhor para eventuais crises sanitárias.
O país, que no começo da pandemia foi elogiado internacionalmente pelo sucesso no combate ao coronavírus, adotou uma abordagem de tolerância zero. No começo, a estratégia manteve a taxa de mortalidade da Nova Zelândia muito abaixo da maioria dos outros países. No entanto, mais tarde, a estratégia foi criticada por seu impacto econômico e social, com violentos protestos tomando as ruas do país de cinco milhões de habitantes. Manifestantes chegaram a acampar em frente ao Parlamento pedindo o fim das restrições.
"Todos os países do mundo enfrentaram a covid-19 e não havia manual para administrá-la", disse Ardern,
Uma Comissão Real, o nível mais alto possível de inquérito público na Nova Zelândia, examinará se o governo adotou de Ardern a resposta certa e considerará como a resposta geral poderia ter sido melhor, levando em conta os impactos sociais e econômicos.
"O escopo da investigação é amplo e cobrirá aspectos específicos de nossa resposta à saúde, como fronteiras, cuidados comunitários, isolamento, quarentena, bem como a resposta econômica, e isso inclui uma política monetária ampla", disse Ardern. "Não considerará decisões individuais, como as políticas aplicadas a um caso ou circunstância individual", acrescentou.
A comissão começará a trabalhar em 1º de fevereiro de 2023 e deve entregar seu relatório final em 26 de junho de 2024.
"Faz mais de 100 anos desde que experimentamos uma pandemia dessa escala, por isso é fundamental compilar o que funcionou e o que podemos aprender com isso, caso aconteça novamente", ressaltou Ardern.
Amplos bloqueios
A Nova Zelândia, elogiada mundialmente no início da pandemia por sua estratégia contra o coronavírus, confinou sua população em várias ocasiões, apesar do baixo número de infecções, e fechou suas fronteiras internacionais em março de 2020, reabrindo gradualmente em fevereiro deste ano, à medida que surgiam variantes cada vez mais contagiosas e difíceis de conter do coronavírus e com o crescimento do número de vacinados no país.
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Após dois anos de rígidas restrições, a paciência dos neozelandeses começou a diminuir e os protestos contra os rígidos controles de fronteira e contra a vacinação obrigatória de alguns grupos se espalharam pelo país. Paralelamente, partidos de oposição culparam as decisões financeiras tomadas no início da pandemia por contribuir para a maior inflação em três décadas.
Até março, a Nova Zelândia havia relatado apenas 65 mortes por covid-19. No entanto, desde a disseminação da variante ômicron, esse número aumentou para 2.230 atualmente, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Quase 90% da população está vacinada e o país oceânico acumula cerca de 1,9 milhão de infectados.
Atualmente, a China é um dos únicos países que ainda adotam uma política de tolerância zero, abordagem que muitos especialistas dizem ser insustentável a longo prazo.
le (Reuters, AFP, AP, EFE)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine