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Novas chances para profissionais estrangeiros na Alemanha

18 de fevereiro de 2020

Centro de assistência recém-inaugurado vai ajudar imigrantes, desde reconhecimento de diplomas à busca de um posto de trabalho. Escassez de trabalhadores qualificados é apontada como o maior risco para a economia alemã.

Deutschland ymbolbild Junge Ausländer bei Ausbildungsbeginn
Maior risco para economia é falta de mão de obra qualificada, diz Câmara de Comércio e Indústria da AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt

Embora o grande afluxo de refugiados tenha diminuído nos últimos anos, muitos ainda sonham em vir para a Alemanha. Mas nem todos são igualmente bem-vindos no país.

Por um lado, a Alemanha lança campanhas em algumas partes do mundo para impedir que os cidadãos deixem seu país de origem, por outro, está à procura de migrantes de Estados não pertencentes à UE, mais precisamente: de especialistas com diploma universitário ou formação profissional.

"Sem especialistas estrangeiros, não conseguiremos manter nosso nível de vida na Alemanha", aponta o ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil. "Precisamos de gente de fora. Não podemos simplesmente esperar que eles venham, mas também temos que atraí-los".

Atualmente muita coisa está sendo feita nesse sentido: o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, viajou para o Sudeste Asiático, México e Kosovo a fim de recrutar pessoal de cuidados e enfermagem. E o ministro do Trabalho Heil trabalhou junto a seus colegas de gabinete por uma nova lei de imigração para profissionais qualificados, a entrar em vigor em 1º de março.

Lei de imigração para trabalhadores qualificados

Essa lei visa acelerar os procedimentos de visto e melhorar as oportunidades para trabalhadores qualificados aprenderem alemão. Paralelamente a isso, a Central de Assistência ao Reconhecimento e Validação Profissional (ZSBA)

 foi inaugurada em Bonn nesta segunda-feira (17/02). A regra geral é: quem quiser ser bem-sucedido no mercado de trabalho alemão deve possuir qualificação profissional ou diploma universitário.

Na ocasião estiveram presentes ministro Heil, e sua colega da pasta de Educação, Anja Karliczek. Segundo ela, quem está interessado em vir para a Alemanha tem muitas perguntas: "Onde encontrar boas oportunidades de emprego no país? Meu diploma pode ser reconhecido? Onde posso requerer o reconhecimento? Quais documentos são necessários? Como achar um emprego?"

Desde o início de fevereiro, a equipe do novo centro de serviço está disponível para responder a essas perguntas. A central de serviço pode ser contatada por e-mail, telefone ou via chat. Os funcionários da ZSBA também auxiliam na compilação dos documentos necessários para o órgão de certificação responsável, informam sobre as ofertas regionais de consulta e qualificação, além de ajudar na busca de um posto de trabalho.

Quem é responsável por o quê?

Atualmente, saber quem é o responsável por determinada tarefa na validação de diplomas não é fácil para os aproximadamente 20 funcionários do novo centro, já que na Alemanha existem mais de 1.400 locais responsáveis pelo reconhecimento de qualificações profissionais.

Alguns dos regulamentos também diferem de estado para estado. Para um estrangeiro com pouco conhecimento de alemão, trata-se de uma selva burocrática quase impenetrável. Para Karliczek, atualmente a Alemanha não pode mais se dar ao luxo de ter regulamentos tão confusos, pois a escassez de trabalhadores qualificados se tornou realmente entrave ao crescimento para alguns setores industriais.

"Só com habitantes do país, não conseguiremos dar conta da escassez de trabalhadores qualificados", alertou a ministra da Educação. E basta considerar a tendência demográfica: "Precisamos de especialistas do exterior." Além disso, a Alemanha também compete por talentos com outros países, já que não é o único onde a sociedade está envelhecendo e há falta de mão de obra.

Imigração ainda não tão desejada

Na história da Alemanha houve repetidas ondas de imigração que foram bem-vindas. Já nas décadas de 1950 e 1960, foram contratados os assim chamados gastarbeiter (trabalhadores convidados) do sul da Europa. Muitos que vieram temporariamente para trabalhar acabaram ficando.

Na virada do milênio, o então chanceler federal Gerhard Schröder iniciou uma espécie de "Green Card" alemão para profissionais de TI. Naquela época, havia um grande medo de que trabalhadores estrangeiros lotassem a Alemanha. Os sindicatos alertaram que os salários poderiam cair devido ao afluxo de profissionais. No final, não houve tantos candidatos quanto previsto, e as empresas tampouco recorreram à medida conforme o esperado.

Em 2012, o "Green Card" foi substituído pelo "Blue Card", a fim de proporcionar a especialistas fora da área de TI acesso ao mercado de trabalho alemão. O "Blue Card" tampouco provocou uma "corrida à Alemanha".

O ministro do Trabalho Heil alerta agora contra expectativas exageradas: "Temos que fazer todos os esforços para atrair as pessoas certas que queremos trazer para a Alemanha. Elas não vão vir aos montes."

Oferta doméstica também deve ser aproveitada

Comparada a outros países de imigrantes, como EUA, Canadá, Reino Unido ou Austrália, a Alemanha tem a desvantagem de seu idioma ser um obstáculo para potenciais empregados. Para que a burocracia alemã não afaste estrangeiros, o novo centro de serviços deve garantir que os procedimentos se tornem mais rápidos, mais transparentes e uniformes, anunciou Karliczek.

Hubertus Heil, também afirma querer combater a escassez de trabalhadores qualificados na Alemanha, não apenas atraindo mão de obra estrangeira, pois existe muito potencial inexplorado na Alemanha. Todos os anos, 50 mil jovens deixam a escola sem um diploma. Além disso, cerca de 1,6 milhão de jovens entre 20 e 30 anos de idade não possuem formação profissional inicial. Outro tópico é a proporção de mulheres no mercado de trabalho.

A escassez de trabalhadores qualificados continua sendo o maior risco para a economia da Alemanha, segundo pesquisa da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK). Os piores gargalos de mão de obra são nas áreas de engenharia elétrica, metalurgia e mecatrônica; assim como para cozinheiros, enfermeiras e cuidadoras de idosos, cientistas da computação e programadores de software.

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