Novas forças para o turismo alemão
24 de setembro de 2003Turismo está longe de ser sinônimo de puro lazer: o assunto tem implicações políticas amplas. Após um encontro do setor nesta terça-feira (23), em Berlim, o presidente da Federação das Empresas Turísticas Alemãs, Klaus Laepple, declarou que o governo federal precisa ser claro quanto a seus planos de reformas, para que a vontade de viajar volte a crescer no país. Laepple sintetizou assim a relação entre a política e o turismo: "O cidadão gasta pouco, quando não sabe o que terá que pagar em impostos, saúde ou previdência".
Na realidade, a crise é mundial. Tudo começou com os atentados de 11 de setembro. Seguiram-se a ameaça de epidemia de SARS e a guerra no Iraque, que praticamente paralisou o setor no início do ano. Contudo, após dois longos anos de vacas magras, o turismo da Alemanha vê perspectivas de dias melhores.
O grande trunfo do setor é, naturalmente, a realização da Copa do Mundo 2006 em solo germânico. Mas isso não é tudo: no geral, o país vem se tornando cada vez mais interessante para os turistas do mundo. Como informa a atual presidente do Centro de Turismo Alemão (DZT), Ursula Schörcher, entre 1993 e 2003 o número de pernoites de estrangeiros aumentou 20%.
O DZT conta com um aumento dos pernoites em 1%, até o final deste ano. "Ou seja, esperamos um retorno à normalidade em termos de reservas, também nas regiões dos EUA e Ásia, mesmo após a epidemia da SARS", informou Schörcher, que está se despedindo do cargo.
Da China ao turismo interno
Os turistas mais fiéis da Alemanha são os holandeses, norte-americanos e ingleses. O que não impede o DZT de estender o olhar para outros mercados, como os futuros países-membros da União Européia, no Leste do continente, ou mesmo a China.
Esta última já conta 600 agências de viagens creditadas, com ofertas para a Alemanha e a Europa. Um ponto alto é o programa que inclui os doze locais onde se realizarão os jogos da Copa 2006. Para 2004 o DZT preparou a campanha "Alemanha, país da música", visando o público interessado em cultura.
O convite para (re-)descobrir a terra de Bach, Goethe e Kant vale também para os próprios alemães, e já vem fornecendo bons resultados: no primeiro semestre de 2003 o turismo interno ganhou terreno considerável.
Tupiniquins descobrem Germania
Os brasileiros também contribuem para a onda de interesse turístico crescente pela Alemanha. Segundo Adriana Martins, representante do Centro de Turismo Alemão para o Brasil e o Mercosul, dos 400 mil pernoites de sul-americanos na Alemanha, em 2002, a metade coube aos brasileiros.
Até há pouco tempo, o país representava, acima de tudo, a destinação clássica para viagens de negócios. O DZT estimula a nova tendência oferecendo roteiros diferenciados, como "Cidades Encantadoras" e "Cicloturismo". A Alemanha é, aliás, um dos únicos países com inúmeras opções para quem quer conhecê-la de bicicleta.
A região mais procurada pelos brasileiros é a da Baviera, especialmente a capital estadual Munique e a chamada Rota Romântica, que inclui o Castelo de Neuschwanstein. Em seguida vêm Berlim, a rota do Rio Reno e a Floresta Negra.
Os turistas tupiniquins interessam-se muito por aspectos culturais e históricos e por eventos como a Oktoberfest e a Love Parade de Berlim. Um outro forte são as feiras internacionais como a CeBit de Hanôver, a Feira do Livro em Frankfurt, o Salão Internacional do Automóvel ou a BAUMA de Munique, revela Adriana Martins.
De olho na bola –
As perspectivas de que cresça o afluxo de turistas brasileiros são boas: com as barreiras que dificultam o acesso aos EUA, parte dos turistas redirecionará seus roteiros para a Europa, prevê a representante brasileira do DZT. E, como o futebol é um tema fundamental para o brasileiro, a Copa do Mundo já está causando um aumento na demanda de informações turísticas sobre a Alemanha.