Novas tendências em calçados impulsionam Brasil na GDS
16 de março de 2012A GDS, feira internacional de calçados e acessórios, que transcorre de 14 a 16 de março em Düsseldorf, tem grande participação do Brasil. Neste ano 22 fabricantes brasileiros estiveram presentes, representando 29 marcas, e apresentaram as novas tendências para o outono-inverno de 2013. Materiais de alta qualidade, acabamento perfeito e design inovador são elementos essenciais para atrair o mercado externo.
Mercado Internacional
De acordo com Roberta Ramos, coordenadora de comunicação da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICalçados), o Brasil tem chamado cada vez mais a atenção do público europeu. São mais de 140 países compradores em todo o mundo, e em 2011 mais de 113 milhões de pares foram exportados.
O grande mercado comprador ainda é a América do Sul, mas feiras como a GDS ajudam fabricantes brasileiros a atrair novos mercados. A feira funciona como um ponto de encontro estratégico para contatar clientes que geralmente não visitam o Brasil, como os importadores do Oriente Médio, comentou Ramos.
Com preços baixos, a China lidera o ranking de exportações mundiais de calçados. Mas o Brasil não a vê mais como ameaça, e sim como compradora em potencial. Enquanto os chineses investem no mercado de alto luxo e popular, o Brasil está tentando atuar numa faixa intermediária, por meio de feiras e missões comerciais, analisa Roberta Ramos.
Consumidores exigentes
O Brasil ainda não tem muita representatividade no mercado da Alemanha, cujo perfil de consumidor difere de outros: os alemães tendem a ser mais tradicionais, usar formas mais largas e a valorizar o material, a qualidade e, principalmente, o conforto. Devido a esses mesmos fatores, os calçados femininos brasileiros não fazem tanto sucesso, já que estes enfatizam o design, explica Tatiana Müller, do setor de exportações da firma Piccadilly. O material também é um fator determinante: muitos sapatos brasileiros utilizam tecidos sintéticos, enquanto os alemães geralmente preferem o couro.
Porém os brasileiros já estão inseridos no setor de calçados masculinos do mercado alemão. A empresa Anatômico e Gel atua no mercado europeu há sete anos e possui 300 lojas no país. João Conrado, diretor executivo da empresa, comenta que ter um depósito e um centro distribuidor na Europa facilita as vendas, em tempos de crise. "Trabalhar com diversas lojas, em diversos países, não nos deixou dependentes de apenas uma moeda, assim a crise não nos afetou tanto", comenta Conrado.
Apesar de algumas empresas terem driblado a crise europeia, as vendas de pares de sapatos brasileiros nos primeiros meses deste ano caíram 8,2% em relação a 2011. As taxas de exportação dos calçados brasileiros também contribuíram para essa queda.
Sustentabilidade e a força da mulher brasileira
O Brasil trouxe dois representantes de produtos ecologicamente corretos para a GDS. A novidade deste ano são os sapatos com borracha reciclável (eco rubber) e chinelos biodegradáveis, que se decompõem no ambiente, cinco anos depois de descartados. A sustentabilidade é uma característica valorizada por empresas europeias.
Cores, design e brilho são os atributos mais procurados nos sapatos brasileiros. Segundo Roberta Ramos, "ninguém combina cor como o brasileiro". E o salto alto tem sensualidade, cores e curvas, completa o jornalista especializado em calçados Nelson Zimmer. E conclui: os sapatos femininos do Brasil têm grande apelo no exterior porque a mulher brasileira tem uma representação forte, e este é o seu maior diferencial.
Autoras: Anna Strohm / Kamila Rutkosky
Revisão: Augusto Valente