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Novo aeroporto de Berlim recebe certificação para operar

30 de abril de 2020

Abertura ocorrerá em outubro, nove anos depois da data prevista inicialmente. Projeto foi marcado por falhas graves, explosão de custos e casos de corrupção e manchou imagem da "eficiência alemã”.

Berlin | Unfertiger Flughafen BER
Testes no novo aeroporto. Obra foi marcada por uma série de falhasFoto: Getty Images/M. Tantussi

A longa novela da inauguração do novo aeroporto de Berlim parece estar se aproximando do fim. Nesta quarta-feira (29/04), os responsáveis finalmente receberam autorização das autoridades locais para iniciar as operações.

A abertura deve ocorrer em 31 de outubro de 2020, nove anos após a data que havia sido originalmente prevista para o início das atividades.

Ironicamente, as boas novas sobre o aeroporto - que há anos fornece material para piadas e queixas sobre o governo - ocorre no momento em que o tráfego aéreo na Alemanha está praticamente paralisado por causa da pandemia de covid-19.

"Foi um caminho logo e difícil até a aprovação final por parte das autoridades que fiscalizam construções”, disse Engelbert Lütke Daldrup, chefe-executivo da operadora Berlin Brandenburg GmbH.

Histórico turbulento

A construção do Aeroporto de Berlim-Brandemburgo – oficialmente Aeroporto Willy-Brandt ou BER, pelo código internacional – começou em 2006, após 15 anos de planejamento. O objetivo foi substituir dois aeródromos menores e mais antigos da capital alemã, Tegel e Schönefeld, que originalmente atendiam a antiga Berlim Ocidental e Berlim Oriental, respectivamente.

Ainda na fase de construção, os responsáveis pelo BER previram que o novo aeroporto começaria a operar em 30 de outubro de 2011, mas a empresa que tocava a obra faliu em 2010, quando a obra estava já perto da fase de conclusão, adiando a abertura para 2012.

Seria o primeiro de dez adiamentos. Os seguidos fiascos acabariam se tornando motivo de chacota em todo o país – que internacionalmente tenta projetar uma imagem de eficiência – e ainda resultariam na queda de um prefeito da capital alemã.

Em 2012, menos de um mês antes da nova data de abertura, foram detectados graves problemas de segurança no sistema de detecção de incêndios da estrutura, e a data acabou sendo novamente adiada para o ano seguinte.

O anúncio pegou de surpresa companhias áreas e lojistas que já haviam se instalado no aeroporto. Passagens aéreas que haviam sido emitidas foram canceladas e uma linha de trem construída para o novo terminal ficou sem uso. Depois disso, foram sendo anunciadas sucessivamente novas datas de abertura para 2012, 2013, 2014, 2015 e assim por diante. Conforme a abertura continuava a ser postergada, começaram a ser revelados graves falhas no projeto.

Os problemas que iam sendo descobertos se acumularam: dependendo da direção do vento, a água da chuva entrava pelas aberturas de ventilação nas fachadas. Partes da tubulação para abastecimento de querosene de aviação, no campo de pouso, não se encaixavam umas nas outras. Faltavam vários degraus em algumas escadas rolantes; não havia conexão informática com o corpo de bombeiros; dezenas de salas no prédio haviam recebido numeração que não batiam com os mapas.

Em 2018, a certificadora TÜV Süd ainda encontrou mais de 800 problemas graves na fiação dos terminais.

Enquanto isso, os custos explodiram. O orçamento inicial previa um gasto de 2,83 bilhões de euros (13 bilhões de reais). Mas a conta atual já passa de 7 bilhões de euros (32 bilhões de reais).

Também foram revelados casos de corrupção em meio ao escândalo. Em 2015, um ex-operador de BER foi condenado por aceitar subornos da Imtech, a empresa que construiu o sistema de proteção contra incêndio, justamente a estrutura que mais causou dor de cabeça no projeto e que foi apelidada pelos operários de "O Monstro”.

Em 2018, um canal de TV revelou ainda que o chefe-executivo do aeroporto acumulava uma aposentadoria estatal junto com seu salário de 500 mil euros anuais, algo que foi classificado como um "escândalo” por políticos da oposição.

Se a abertura do BER realmente for confirmada no final de outubro, será o fim para o Aeroporto de Tegel, na antiga parte ocidental de Berlim. Inicialmente, as autoridades locais planejavam fechar o velho aeroporto uma semana após o início das operações do BER, mas a queda dramática do tráfego aéreo para a cidade pode apressar esse cronograma para junho, deixando Berlim apenas com o ainda mais antiquado Aeroporto de Schönefeld em operação até a abertura do BER.

JPS/ots

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