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Filme questiona: e se Hitler tivesse sido detido em 1938?

21 de janeiro de 2022

Nova produção da Netflix "Munique: No Limite da Guerra" explora a questão, abordando o polêmico e malsucedido Acordo de Munique. Todos podem influenciar a história, diz o ator principal, Jannis Niewöhner.

Cena do filme. Chamberlain fala a frente de vários microfones. Ao fundo, há um avião.
O vencedor do Oscar Jeremy Irons interpreta o primeiro-ministro britânico Neville ChamberlainFoto: Frederic Batier/NETFLIX

Como a história mais tarde demonstrou, o Acordo de Munique, em 1938, foi um dos piores atos de apaziguamento de todos os tempos. Assinado pelos respectivos chefes de governo de Reino Unido, Alemanha, França e Itália - Neville Chamberlain, Adolf Hitler, Édouard Daladier e Benito Mussolini -, foi a tentativa inicial de impedir a devastadora política expansionista da Alemanha nazista. O acordo é o tema do novo filme da Netflix, Munique: No Limite da Guerra, que estreou nesta sexta-feira (21/01) na plataforma de streaming.

Mesmo que os espectadores do thriller de espionagem já saibam que as tentativas de Chamberlain de evitar um conflito armado com a Alemanha nazista tenham sido malsucedidas, afinal, no ano seguinte estourou a Segunda Guerra Mundial, o filme continua cativante graças a diálogos inteligentes, cenografia detalhada e excelentes atuações.

Acima de tudo, a obra reflete sobre o poder de qualquer indivíduo em meio a um contexto político visivelmente insano. As ações dos protagonistas trazem questões sobre até onde cada um de nós iria em tais circunstâncias.

O acordo permitiu que Hitler tomasse os territórios dos Sudetos, na então Tchecoslováquia, habitados por cerca de 3 milhões de alemães étnicos, que Hitler alegava estarem sendo discriminados.

Paul von Hartmann (interpretado por Jannis Niewöhner, à esquerda) planeja oposição a HitlerFoto: Frederic Batier/NETFLIX

A anexação, acordada pelas quatro potências ocidentais sem sequer consultar os checoslovacos, foi o prelúdio da violenta expansão da Alemanha nazista.

Hitler armava a Wehrmacht  (Forças Armadas da Alemanha nazista) desde 1933, e sua máquina de guerra estava pronta para partir.

Paz ostensiva

O cálculo da França e do Reino Unido era que, se deixassem Hitler invadir a Tchecoslováquia, teriam que intervir e defender o país aliado. Esperando evitar um conflito internacional, as potências ocidentais, portanto, pretendiam tirar o vento das velas de Hitler com sua política de apaziguamento.

Embora o Acordo de Munique tenha concedido à Alemanha os territórios que cobiçava, Hitler assinou o pacto de má vontade.

Na verdade, ele já vislumbrava a guerra, como revelou em 1945 em uma série de declarações - monólogos conhecidos como ditados de Bormann.

"Do ponto de vista militar, estávamos interessados ​​em iniciá-la um ano antes. Mas eu não podia fazer nada, já que os ingleses e franceses em Munique aceitaram todas as minhas exigências".

E se Hitler fosse detido?

O filme do diretor alemão Christian Schwochow (que também dirigiu vários episódios da série da Netflix The Crown) leva à pergunta: o que teria acontecido se as potências ocidentais da época não tivessem deixado Hitler escapar impune de invadir os Sudetos, o início de uma guerra megalomaníaca de extermínio que custou milhões de vidas? É exatamente o ponto onde o filme começa.

Situada no contexto histórico, a adaptação de um romance de Robert Harris conta a história fictícia de dois jovens, Paul von Hartmann (Jannis Niewöhner) e Hugh Legat (Georg MacKay).

Espiões e amigos: George MacKay, como Hugh Legat, e Jannis Niewohner, como Paul von HartmannFoto: Frederic Batier/NETFLIX

Os dois se conhecem como estudantes de Oxford na década de 1930. Anos mais tarde, von Hartmann é um diplomata alemão que traduz a imprensa estrangeira para Hitler, enquanto Legat, secretário particular de Chamberlain, ajuda o chefe do governo britânico a redigir discursos.

Paul von Hartmann obtém um documento vazado que prova que uma guerra de destruição está sendo meticulosamente planejada. Ele quer alertar os britânicos para impedir o Acordo de Munique e deter Hitler.

"Acredito que todos podem influenciar a história", diz Niewöhner.

Ele sente que, para o personagem que representa, "parece impossível agir de forma decisiva e, no entanto, ele não perde a fé. Essa é a mensagem mais importante", disse em entrevista à DW.

Para ele, foi emocionante ver "o quanto Paul von Hartmann muda e como ele tem que lutar consigo mesmo enquanto tenta lutar contra o regime de Hitler".

Na conferência, os dois jovens tentam entregar o documento e convencer Chamberlain.

Elenco internacional

Na coprodução britânica-alemã, o vencedor do Oscar Jeremy Irons interpreta o primeiro-ministro Chamberlain, e o ator alemão Ulrich Matthes assume o papel de Hitler.

Depois de interpretar Joseph Goebbels no drama de guerra A Queda! As Últimas Horas de Hitler, de 2004, Matthes disse que nunca mais pretendia aceitar um papel de um nazista de alto escalão, revelou ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung.

Sua mudança de pensamento se deve a uma coincidência. Depois que o ator inicialmente planejado para o papel desistiu de última hora, Jeremy Irons perguntou a Matthes durante um jantar se aquele não seria o papel certo para ele. Depois de uma noite de reflexão, ele concordou.

Como as filmagens já haviam começado, Ulrich Matthes não conseguiu mais se preparar meticulosamente. Então, ele se concentrou no essencial. Para o ator, era importante lutar por uma espécie de antimonstruosidade.

Interpretar Hitler é muitas vezes um desafio para os atores, mas que Matthes domina de forma espetacular e habilidosa.

Os diálogos que Matthes tem com Niewöhner são particularmente intensos. "Eu posso ler as pessoas", diz ameaçadoramente, com olhares que simplesmente ferem o jovem tradutor.

É essa tensão silenciosa que faz de Munique: No Limite da Guerra um drama histórico emocionante.

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