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Novo massacre, velho debate nos EUA

2 de outubro de 2015

Pela 15ª vez, Obama se viu forçado a se pronunciar sobre tragédia como a que matou nove em faculdade do Oregon. Apelo foi veemente por um controle maior de armas, mas lobby armamentista só se fortalece entre americanos.

USA Schießerei Umpqua Community College Oregon PK
Foto: picture-alliance/Mike Sullivan/Roseburg News-Review via AP

O massacre desta quinta-feira (01/10) numa faculdade na cidade de Roseburg, no estado americano do Oregon, voltou a trazer à tona o debate sobre a necessidade de controle de armas nos Estados Unidos, com declarações veementes do presidente Barack Obama em defesa de uma mudança nas leis.

O ataque aconteceu numa faculdade comunitária, frequentada por cerca de 13 mil estudantes. O atirador, inicialmente descrito como um homem de 26 anos, invadiu uma sala de aula e abriu fogo, matando nove pessoas e ferindo outras sete, antes de ser morto pela polícia.

A imprensa americana o identificou como Chris Harper M., nascido no Reino Unido e radicado nos EUA desde criança. Segundo testemunhas, da porta da sala de aula, ele pedia que os alunos se levantassem e dissessem sua religião. Os que se diziam cristãos eram executados.

Massacre nos EUA reabre debate sobre armas

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Segundo a rede CNN, o atirador estava vestido com um colete a prova de balas e levava consigo três pistolas e um fuzil AR15. Vizinhos dele na cidade de Winchester contam que todos os dias ele usava a mesma roupa – coturno, calças verdes camufladas e uma camisa branca – e era bastante recluso.

Obama: "Isso se tornou rotina"

Os assassinatos coletivos têm alimentado as demandas por um controle maior sobre armas, que é protegido pela segunda emenda à Constituição e já é tema da corrida presidencial à Casa Branca. Obama conclamou a população a eleger políticos que desafiem a indústria armamentista do país, a qual exerce grande influência na política americana.

Em seu sétimo ano com presidente, esta foi a 15ª vez que Obama se pronunciou após episódios semelhantes ocorridos em cinemas, bases militares, em uma igreja e até durante uma transmissão ao vivo de televisão.

"De algum modo, isso se tornou rotina", afirmou o presidente. "Esse tipo de notícia é rotina, minha resposta aqui nesse pódio acaba sendo rotina. Nos tornamos insensíveis a isso."

Obama fez severas críticas ao lobby da indústria de armas e aos legisladores que a apoiam. "Posso imaginar agora comunicados de imprensa sendo preparados. 'Precisamos de mais armas', vão dizer. 'Menos regulamentações de segurança'. Alguém realmente acredita nisso?", indagou.

Segundo ele, a maioria dos proprietários de armas dos EUA apoia regras de segurança mais rígidas para as armas de fogo.

"Há, aproximadamente, uma arma para cada homem, mulher e criança nos Estados Unidos. Então como pode alguém argumentar, de cara limpa, que mais armas nos deixarão mais seguros?", questionou.

O pré-candidato republicano à presidência Mike Huckabee, um dos ferrenhos defensores do direito ao porte de armas nos EUA, afirmou que Obama tenta explorar a tragédia para fazer avançar sua "agenda antiarmas". Segundo ele, o "pronunciamento político" de Obama é "na melhor das hipóteses, prematuro e na pior, ignorantemente inflamatório".

Obama, pela 15ª, se pronuncia sobre massacre: "Nos tornamos insensíveis a isso"Foto: Reuters

Em um evento de campanha, a pré-candidata democrata Hillary Clinton afirmou que não consegue entender por que "esses massacres estão acontecendo, vez após vez", e disse que os EUA precisam de "vontade política para fazer todo o possível para manter as pessoas seguras".

"Sei que há um meio de estabelecer medidas sensíveis de controle de armas que ajudem a prevenir a violência, evitando que as armas cheguem às mãos erradas e salvando vidas", afirmou Hillary.

294 incidentes em 274 dias

O ataque inflamou as exigências por um maior controle sobre as armas no país. Entretanto, a Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês), o maior lobby armamentista dos EUA, defende a presença de guardas armados para prevenir tiroteios como o que matou 26 pessoas, das quais 20 crianças, em uma escola primária em Newtown (Connecticut) e 32 na universidade Virginia Tech, em 2007.

Após o massacre de Newtown, as doações públicas à NRA, que combate as restrições ao uso de armas em todo o país, aumentaram 11%.

Segundo as estatísticas, nos 274 dias do ano até agora, já houve 294 incidentes em que quatro ou mais pessoas morreram por armas de fogo.

RC/rtr/afp/dpa/ap/ots

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