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Novo presidente

1 de novembro de 2011

Mario Draghi tem como meta garantir a estabilidade do euro em um cenário de alta taxa de desemprego, alta inflação e economia europeia enfraquecida. E precisará ser cauteloso para não abalar ainda mais os mercados.

Para analistas, Draghi precisará ser cauteloso à frente do BCE
Para analistas, Draghi precisará ser cauteloso à frente do BCEFoto: dapd

A partir desta terça-feira (1º/11), o Banco Central Europeu (BCE) passa a ser comandado pelo italiano Mario Draghi. Ex-presidente do Banco Central da Itália, o economista de 64 anos fora confirmado para a presidência do BCE em junho passado e substituirá o francês Jean-Claude Trichet em um momento extremamente delicado da economia europeia, fragilizada com a crise da dívida pública de vários países.

São muitos os desafios a serem enfrentados por Draghi para garantir a estabilidade do euro: o salto nas taxas de desemprego na zona do euro para seus maiores níveis desde a instituição da moeda comum, alta inflação e queda nos índices da economia do bloco. Para analistas, Draghi também precisará de cautela para não surpreender – e abalar – ainda mais os mercados.  "Acreditamos que ele não implantará mudanças muito significativas na atual postura do BCE", avalia Michael Schubert, economista do Commerzbank.

Segundo dados do departamento europeu de estatísticas Eurostat, 16,2 milhões de pessoas estão desempregadas na zona do euro, onde a taxa de desemprego é de 10,2% – o maior índice desde 1990, quando a moeda comum foi instituída.

Dados do Eurostat também revelam que a inflação anual do bloco já alcança 3%, bem acima do limite estabelecido pelo BCE, de 2%. Alguns economistas acreditam que o baixo desempenho da economia nos países de moeda comum deverá obrigar o banco central a baixar juros nos próximos meses a fim de estimular a confiança dos mercados.

Além disso, na próxima quinta-feira (3/11), a primeira reunião do Conselho do BCE sob a presidência de Draghi já acontece diante das dúvidas entre investidores sobre a verdadeira eficácia das medidas definidas durante a cúpula da zona do euro na semana passada. Líderes europeus haviam decidido o corte de metade da dívida da Grécia e a ampliação do fundo de resgate para 1 trilhão de euros.

Crise ofuscou medidas de Trichet à frente do BCEFoto: dapd

BCE independente

Jean-Claude Trichet foi o primeiro presidente do BCE a completar os oito anos de mandato. Ele contou que nos primeiros quatro anos à frente do BCE sofreu pressão de alguns líderes europeus, que queriam afrouxar os pacotes de estabilidade e crescimento no bloco. Em seguida, no entanto, as economias europeias seriam abaladas pela crise financeira global e pela atual crise da dívida.

Apesar de seus esforços pela estabilização da moeda comum serem ofuscados pela séria crise que atinge alguns países da União Europeia, Trichet deixa o cargo reafirmando sua convicção de que estabilização do euro é particularmente importante para Estados-membros mais pobres e enfraquecidos. A decisão tomada durante sua gestão, de o BCE comprar títulos públicos da Grécia e de outros países afetados pela crise, foi vista com ceticismo por outros membros, especialmente pela Alemanha.

Críticos afirmam que a medida pode afetar a independência do banco. Michael Heise, economista-chefe da gigante de seguros Allianz, avalia que a ideia em princípio é boa, mas que ela deveria ter administrada de forma melhor.

"Ultimamente, o BCE tem sido a linha mais efetiva de defesa que temos disponível na luta contra a crise", afirmou Heise à Deutsche Welle. "Deixar a crise simplesmente rolar não seria estratégia politicamente aceitável".

O sucessor de Trichet está ciente da importância de um BCE independente. No entanto, Mario Draghi terá um longo caminho pela frente se quiser manter a denominação "Super Mario", que ganhou nos tempos em que presidiu o BC da Itália. Ele admite que a fama de não ter medo de desafios considerados impossíveis possa ter favorecido sua nomeação à chefia do banco europeu.

MSB/dpa/dw
Revisão: Roselaine Wandscheer

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